Trás-os-Montes - recurso às identidades

Academia de Letras de Trás-os-Montes criada para salvar identidade da região

Uma forma de salvaguardar a identidade transmontana. Esse é o objectivo da Academia de Letras de Trás-os-Montes, a primeira do género da região, e que foi criada no último sábado, em Bragança, à margem da XXI edição da feira do livro.

“Tem como função reunir homens e mulheres de letras de Trás-os-Montes, no sentido de se darem a conhecer, de resgatar a memória de tantos escritores e homens de letras de Trás-os-Montes e dá-los a conhecer, incentivar a produção literária sobre a temática transmontana, o nosso património imaterial e identidade, Tornar presentes um conjunto de actividades, sobretudo em Bragança, que de algum modo possam dizer que de algum modo existe uma actividade literária digna, e que tem coisas a dizer às pessoas e ao Mundo, explicou Amadeu Ferreira, defensor da língua mirandesa, que foi eleito presidente da Comissão instaladora, e que se comprometeu a realizar a primeira Assembleia Geral no dia 5 de Outubro.

Para já, vão procurar captar mais membros, sobretudo de Vila Real, distrito praticamente ausente.
“Temos um conjunto de pessoas de vários lados e abertura para todas as pessoas que queiram fazê-lo. Estas coisas têm de começar por uma ponta e começaram com a câmara de Bragança. Para já, a Academia ficará sediada em Bragança, até porque foi a autarquia a desenvolver a ideia e a dar o mote.”

A câmara municipal disponibilizou já vários edifícios que poderão albergar a Academia.
Esta iniciativa juntou escritores como Barroso da Fonte (Montalegre), Ernesto Rodrigues (Torre de D. Chama), Modesto Navarro (Vila Flor) ou Jorge Tuela (Vinhais), e inclui já parceiras com a Academia Galega da Língua Portuguesa, a Casa de Estudos Luso-Amazónicos (Brasil) e a Academia de Letras e Artes de Bragança do Pará (Brasil).

Adriano Moreira, antigo governante e escritor, acredita num papel importante da Academia de Letras na defesa da identidade transmontana, especialmente em tempo de crise mundial.

“Nesta situação em que o mundo se encontra, com globalismo sem governança, com os gastos que o globalismo trouxe, esquecemos da relação entre o globalismo e aquilo que é o consumo que torna muito idênticas as sociedades mas, sobretudo, as identidades. Nos momentos de crise o recurso às identidades aparece como fundamental. Esta academia inscreve-se nesta consciência de que esse é o facto. O que está em crise na Europa e em Portugal é o Estado e não a identidade. E são as identidades que precisam de ser defendidas porque são a pedra de base para a reorganização que precisamos.”

A Academia de Letras de Trás-os-Montes é a primeira na região, uma das poucas em todo o país.
Vai sobreviver das cotas dos sócios e de um apoio prometido pela câmara de Bragança.

|Brigantia, 2010-06-14|
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