Alentejo vai criar software para alta finança

A empresa 'Closer' instala em Évora um polo para desenvolver programa de gestão do risco bancário para o Lloyds Bank

Incorporar as leis da física quântica na análise do risco bancário é uma ideia inédita da consultora portuguesa Closer, que já captou a atenção do Lloyds Bank. De tal maneira que a partir de setembro os fundamentos teóricos desta abordagem vão começar a ser transformados numa aplicação informática, que será desenvolvida no novo polo de inovação da Closer em Évora.

Se tudo correr como o previsto, a aplicação informática poderá estar a funcionar dentro de um ou dois anos na sede deste banco britânico, na City de Londres.

"Para que um modelo de finanças seja correto é preciso incorporar as leis da mecânica quântica", defende João Pires da Cruz, fundador e membro da equipa de gestão da Closer.

"A crise do subprime só existiu porque se baseava em modelos matematicamente corretos mas que eram impossíveis de sustentar segundo as leis da física quântica. Queremos contribuir para que deixe de haver desfocagem da realidade no sector financeiro", acrescenta este dirigente da Closer, que tem formação em física tecnológica.

Investir €1 milhão

Para desenvolver esta complexa aplicação de gestão de risco bancário, a empresa portuguesa decidiu investir perto de €l milhão num polo de inovação em Évora.

Em vez de instalar esta nova unidade nos seus escritórios das Amoreiras, em Lisboa, onde concentra as suas atividades de consultoria, a Closer preferiu sediar a fábrica de software naquela cidade alentejana por considerar ser mais fácil atrair recursos humanos de qualidade.

"Queríamos instalar um centro de inovação fora de Lisboa, mas que não fosse demasiado longe e tivesse .uma universidade", explica Fernando Matos, outro dos fundadores da consultora, sublinhando que o objetivo será captar talento entre os recém-licenciados. Além de desenvolver esta aplicação de risco bancário, o polo de Évora vai criar outras soluções informáticas na área de sustentabilidade empresarial e as futuras versões do sistema Mira, uma aplicação de informação de gestão que já foi vendida para algumas grandes empresas portuguesas e multinacionais.

"O sistema Mira é uma ferramenta de software que permite criar de forma rápida um cockpit da informação de gestão, facultando aos gestores o acesso à informação da empresa de forma simples, por exemplo, sob a forma de manómetros e semáforos", explica Fernando Matos.

A internacionalização está no horizonte a médio prazo através destes produtos e soluções de software (informação de gestão e avaliação de risco bancário), mas só depois de bem testados no mercado português.

Fora de questão para os responsáveis da Closer está a exportação de serviços de consultoria. "É muito difícil para uma empresa pequena e desconhecida como a nossa ganhar negócios de serviços junto de clientes estrangeiros, por se tratar de uma área onde a confiança é fundamental", defende Álvaro Silveira, outro dos membros da equipa de gestão da Closer.

Fundada em 2006 por um grupo de consultores especialistas no sector financeiro, a Closer procura não ser apenas "mais uma integradora de sistemas de informação". Tem tentado diferenciar-se da concorrência através da especialização em áreas de grande complexidade em que se cruzam diversos saberes, designadamente a matemática, física, estatística e mercados financeiros.

Por isso, entre os 70 colaboradores atuais, conforme sublinha Fernando Matos, "existem diferentes perfis - matemáticos, físicos e engenheiros informáticos - que constituem equipas mistas e tocam os vários instrumentos, desde a análise à implementação do projeto".

|Portugal News|
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Este é um tema muito interessante e, até antes da física quântica aplicada às finanças, deveria aplicar-se a 'física do espaço' ao desempenho dos gestores das empresas, sobretudo das grandes empresas.
E sabem qual é o resultado?
Os dirigentes de muitas das grandes empresas ganham prémios por lucros gerados mais pela inércia subjacente à actividade da própria empresa do que pelas suas iniciativas de gestão com resultados líquidos positivos. Por outro lado, dos lucros totais gerados, uma parte muito significativa deveria ficar nas empresas (através do 'intercept'), outra parte devería ser distribuida pelos accionistas e credores (por estarem relacionadas com a remuneração dos financiamentos aplicados na aquisição dos activos envolvidos) e, finalmente, a parte restante dos lucros gerados (verdadeira criação de valor pela actividade de administração) é que deveria ser a base de distribuição dos prémios pelos gestores, administradores ou lá o que forem.
Por isso, ANTES DA APLICAÇÃO DA FÍSICA QUÂNTICA, teremos de passar pela 'física espacial não quântica' para alinhar soluções de uma EQUILIBRADA distribuição de lucros em função das exigências exclusivas da actividade empresarial enovolvida por 'TODOS OS SEUS STACKHOLDERS' e não apenas pelos seus 'stockholders'. E, por esta via, detectar as causas da crescente descapitalização das empresas, CAUSA ÍNTIMA DA CRISE ACTUAL E DAS QUE SE APROXIMAM, por adoptarem métodos de distribuição de lucros (salários, prémios, dividendos, etc.) desajustados da origem da sua formação (processo interno, inércia empresarial e iniciativas de criação de valor pela administração ou gestão.
Sendo de louvar tais inciativas, a empresa citada 'CLOSER' (sem estar mais perto ainda está muito longe)está a começar pelo fim e não pelo princípio da detecção das causas. E não se pense que se está a escrever tudo isto de ânimo leve, mas com conhecimento científico de causa.
Até gostaria de os confrontar com cálculos e conclusões já formuladas que mesmo em períodos de estabilização económica e financeira mundial já prenunciavam desestabilização futura.
Finalmente, ainda bem que tal empresa está localizada em Évora e que passea constituir um pólo de auxílio ao desenvolvimento regional através de unidades de investigação de ponta, não só ao nível dos mercados de capitais, mas sobretudo ao nível das pequenas e médias empresas, as quais estão muito antes das deambulações, desequilíbrios e especulações assoiadas àqueles mercados e às grandes empresas com elevada capacidade financeira de os manobrar. E se a regionalização autonómica baseada nas 7 Regiões estivesse implementada, então a Região Autónoma do Alentejo teria vantagens redobradas na prossecuação do seu desenvolvimento regional e participativo do nacional, de forma mais sustentada e equilibrada.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sem com ponto final)
ravara disse…
A primeira condição é a de que a construção, seja ela qual for, deve garantir que o centro de gravidade coincida com o centro do quadrado da base de sustentação.

Imhotep, o construtor de Sacara, diz que se o centro de gravidade sair fora daquele limite, cai a Pirâmide, cai o Homem e tudo o que o ele faça e não respeite aquela lei fundamental.
E disse-o há mais de cinco mil anos, tantos quanto duram as suas Pirâmides, as tais que desafiam e metem medo ao tempo.

Medo deveria meter aos homens, que falsos arquitectos, se metem a fazer obra, com o resultado que está à vista.
Anónimo disse…
Caro Ravara,

O problema é que nem tudo gira na vizinhança estricta do centro do quadrado, isto é do centro de gravidade. E, em economia e gestão (=microeconomia), o centro de gravidade da 'construção' chama-se: 'produção de riqueza'. Muita riqueza tem sido e será obtida através do mercado de capitais, isto é, fora do centro de gravidade atrás referido e o resultado foi o enriquecimento sem produção de riqueza prévia, perfeita e escandalosamente especulativo. Assim sendo, as consequências só podiam ter sido e serão sempre o ruir da construção, mesmo que as operações financeiras sejam realizadas naquilo que alguns investigadores universitários (de renome e só teóricos), designam por 'mercados perfeitos' (serão perfeitos apenas em termos modelísticos, mas perfeitamente fora da realidade que os sustentam: o tal centro de gravidade).
Tudo isto revela que mesmo ao nível da investigação existe uma clara ignorância sobre os conhecimentos clássicos, por um lado, e sobre a interligação de conhecimentos vários como fonte de soluções para qualquer problema. Cada vez mais, a economia e a gestão terão de se socorrer da intersecção dos conhecimentos da economia (gestão) e da física, especialmente a física teórica ou espacial (a quântica terá de esperar ainda um pouco) e provavelmente a física da contribuição de outros tipos de conhecimento para optimizarem os seus resultados.
Da minha parte estou a fazer o que posso e sei, entre a economia e a física teórica, sempre com o recurso aos clássicos, a verdadeira e mais perene fonte de conhecimento, e com resultados satisfatórios não para a física mas para a economia e a gestão.
Quem diria?

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)