Interior - ainda as Scuts

|Luís Mota Bastos - Diário de Trás-os-Montes|

Este é, claramente, um daqueles assuntos sobre o qual, legitimamente de resto, todos temos a nossa opinião.

Eu mantenho a minha, já aqui expressa, contrária à demagogia dominante que impele os políticos, salvo raras excepções, a optarem pelo que acham ser a salvaguarda dos votos que lhes permitiram estar onde estão.

E o que eu acho, se me permitem, é o seguinte:

  • De facto não é justo que os últimos a usufruir de auto-estradas venham a ser os primeiros a ter que pagar para usá-las;
  • De facto não é justo que a A23, a A24, a A25 e a A4 (Vila Real-Bragança) venham a ter portagens e, por exemplo, o IC19 e a Via do Infante não;
  • De facto não é justo que os portugueses do interior contribuam com os seus impostos para compensar os prejuízos daquilo que não usam, como o Metro do Porto ou de Lisboa, a Carris, a Fertagus ou a Soflusa e dali não venha nada a agradecer;
  • Porém, como contra factos não há argumentos, eis que chega a dolorosa conta das scut’s, com há-de chegar a da TAP, a da RTP, a dos Metropolitanos e, se persistirmos na loucura socialista reinante, a do TGV, do novo aeroporto, da 3ª travessia do Tejo e de mais umas brincadeiras que o eterno lobby da construção civil persiste em convencer (e de que modo…) os políticos a “promoverem”;
  • Quanto à nossa região e às nossas auto-estradas, na altura disse-o mas fiquei a falar sozinho e só não viu quem não quis ver, é evidente que a introdução de portagens nas variantes a Bragança e Vila Real (os tais 14km) se destinavam a preparar a logística do que aí há-de vir (as inevitáveis portagens em toda a A4 que os socialistas locais negam, na esperança de perderem o poder antes de terem que as introduzir e dar o dito por não dito ou então, o que não admira, sem a vergonha, já habitual, de dizerem, com a mesma cara, hoje uma coisa e amanhã fazerem o seu contrário – se não para o quê cá estaremos para ver).

Posto isto, não há alternativa, ou pagamos todos ou todos pagamos, só o como e quando é que difere. E aqui há dois ou três princípios que, julgo, valeria a pena, sensatamente, serem ponderados:

  1. Universalidade, mas universalidade mesmo, ou seja, se todas as scut’s têm que ter portagem então todas as demais vias com idêntico perfil de auto-estrada têm que as ter. Porque, independentemente do seu modelo de financiamento, o custo da sua construção foi suportado por todos os portugueses e não apenas pelos que as usam (IC19, Via do Infante, Eixo Norte-Sul, VCI, etc.) e se, no caso das scut’s, temos que pagar a conta que aí vem, nos restantes casos temos que ser ressarcidos da conta que já pagámos, para os mesmos de sempre… É que, vox populi, ou há moralidade ou comem todos…
  2. Utilizador-pagador: idêntica condição do princípio anterior: apliquemo-lo às scut’s assim como a todos os demais serviços públicos deficitários de transportes;
  3. Desconto/isenção à utilização favorável à região: ao contrário de descontos ou isenções a determinado tipo de utilizadores proponho o desconto ou isenções a determinado tipo de utilizações. Quais? Aquelas que de algum modo traduzam ou acarretem uma vantagem económica ou de segurança rodoviária para a região em causa, como sejam algumas utilizações turísticas, profissionais regulares ou ligadas à saúde ou à protecção civil, entre outras, como por exemplo a redução do preço por km directamente proporcional à distância percorrida.
Aqui fica a ideia. Scut. E, como dizia Guterres, é só fazer as contas…

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Comentários

Anónimo disse…
aqui no brasil não é diferente, voçe já deve ter lido ou visto na tv os escanddálos daqui. fico envergonhada com os nossos politicos,não itereça em qual lugar estejmos.