Trás-os-Montes em filme

Ciclo de cinema «As Vozes do Silêncio» realiza-se entre 1 e 4 de setembro, no mais emblemático espaço museológico de Bragança.

O Museu Abade de Baçal, em Bragança, vai mostrar Trás-os-Montes visto pela objetiva de alguns dos mais importantes cineastas portugueses num ciclo de cinema que contará com a presença do mestre Manoel de Oliveira.

O «Ato da Primavera», do veterano cineasta português, é um dos oito filmes em exibição no ciclo de cinema «As Vozes do Silêncio», com duas sessões diárias, de 01 a 04 de setembro, no mais emblemático espaço museológico de Bragança.

A entrada é gratuita e os participantes terão a oportunidade de refletir sobre os filmes e a região com os realizadores Manoel de Oliveira, Noémia Delgado, Margarida Cordeiro, Regina Guimarães e Saguenail e Pedro Sena Nunes.

A produção e programação é de António Preto, que pretende mostrar “os múltiplos Trás-os-Montes que se avistam neste cinema” de realizadores que, “mormente a partir dos anos 1970, apontaram as suas objetivas ao interior do país”.

“Poucas serão as regiões portuguesas que, no encalço do «cinema novo», podem, como Trás-osMontes, reclamar-se como centro e suporte de uma cinematografia particular”, refere na apresentação do evento.

António Preto recorda que “não só uma boa parte dos nossos mais importantes cineastas filmaram em Trás-os-Montes, como muitos dos filmes que aí realizaram constituem peças fulcrais dos seus percursos e obras incontornáveis do moderno cinema português”.

Os filmes selecionados são mostras dos traços do imaginário transmontano, da evolução da região e abordagens de problemáticas como o isolamento, o centralismo, as distâncias do litoral ou os desequilíbrios demográficos.

O ciclo de cinema abre a 01 de setembro com as paisagens transmontanas no filme «Sabores», de Regina Guimarães e Saguenail e os caretos das festas dos rapazes nas «Máscaras» de Noémia Delgado.

A 02 de setembro será exibido «Ato da Primavera» sobre a representação popular da Paixão de Cristo, que contará coma presença do realizador Manoel de Oliveira. No mesmo dia passa também «Matar Saudades» de Fernando Lopes.

O terceiro dia será preenchido com uma reflexão sobre o isolamento no filme «Margens» de Pedro Sena Nunes, e o Portugal profundo das «Veredas» de João César Monteiro.

A fechar o ciclo de cinema, a 04 de setembro, são exibidos «Terra Fria», em que António Campos registou as dificuldades de sobrevivência dos transmontanos, e «Ana», uma história a partir do feminino contada por António Reis e Margarida Cordeiro.

|PJ
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Este é um exemplo muito importante da forma de dar a conhecer os museus do nosso País ao privilegiar a inter-actividade com outros domínios culturais, entre os quais se inclui a sétima arte.
É deste dinamismo exemplar e interdisciplinar que poderá dar aos museus uma vitalidade que muitos responsáveis ainda teimam em não reconhecer como essencial para o seu desenvolvimento, desde que resguardado o seu espólio artístico de atitudes menos próprias e inaceitáveis (há sempre alguém que se dispõe a estragar tudo, em certos momentos).

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)