Carlos Encarnação perde a paciência com o centralismo e sai da C.M. Coimbra

Na hora da despedida, Carlos Encarnação atira as principais culpas desta renúncia para o Executivo liderado por José Sócrates

Carlos Encarnação sai da política e o Governo de Sócrates é o alvo de todas as críticas. "Estou farto de aturar este Governo", justifica. Na cadeira de presidente seguir-lhe-á o seu número dois, João Paulo Barbosa de Melo, "que é mais novo e tem mais paciência".

O "histórico" social-democrata abandona a presidência da autarquia nove anos depois de ter sido eleito. Instado pelo DN, assume que falou antecipadamente desta decisão a Pedro Passos Coelho, dizendo que o actual líder do PSD "não podia intervir" nela. "Não tenho idade nem saúde nem disposição anímica para continuar nisto. A única solução que tenho, como pessoa livre e independente, é bater com a porta", justifica. Após um ano da reeleição, Encarnação culpa taxativamente o Governo liderado por José Sócrates de abandonar a cidade.

O autarca que agora renuncia a mais de 30 anos de carreira política não quer sequer pensar que seja uma "vingança" do actual primeiro-ministro pelo facto de Encarnação ter sido voz activa contra a co-incineração. Há muito que nos meandros políticos da cidade se comentava esta hipótese, mas Encarnação assegura que só tomou a decisão no dia 8 deste mês. A pedido do DN, explica: "Pedro Passos Coelho respeitou a minha posição de consciência e percebeu que em relação a esta questão não podia intervir." Lembra que a co-ncineração foi anulada por um Governo de Durão Barroso, que a obra do Pediátrico foi lançada por Santana Lopes. Tudo de mau para a cidade, a seu ver, tem assinatura da governação do PS.

Na derradeira conferência de imprensa, ontem, após se ter despedido dos funcionários da autarquia oferecendo um livro intitulado As Palavras Necessárias, Carlos Encarnação diz: "Estou farto de aturar o que este Governo tem feito a Coimbra. O Metro Mondego é apenas uma das questões..." "Desprezo" do Governo do PS é a sua explicação para os projectos pendentes. "Não posso continuar nisto a fingir que não vejo..." E elenca os exemplos de bloqueio: o metro, a auto-estrada Coimbra/Viseu, o Hospital Pediátrico (pronto em termos de construção civil), a estação ferroviária de Coimbra-B. Sai porque é a "desistência da resistência". Ao bater com a porta diz que a cidade merece "tratamento de equidade".

Encarnação tem vasto curriculum político e em funções de Estado. Findos três mandatos, não poderia recandidatar-se, face à actual lei. Não é caso único em mediáticos autarcas do PSD.

Diário de Notícias, 18/12/2010

Comentários

É um facto. A maneira como os sucessivos governos centralistas têm tratado Coimbra é uma vergonha de bradar aos céus.

Este caso em que o Governo promete o Metro Mondego, fecha e desmantela a linha da Lousã para o construir e depois adia sine-die as obras é de uma falta de respeito inqualificável... Agora, nem metro nem comboio!

Mais incrível é, depois de fazerem os serviços mínimos dos mínimos e colocarem autocarros a substituir os comboios, anunciarem a sua supressão em 2011.

Agora nem metro, nem comboio, nem sequer autocarro. E os milhares de pessoas que se deslocam da Lousã e Miranda do Corvo para Coimbra todos os dias, o que vão fazer??

Só num país centralista é que acontecem coisas destas.
Anónimo disse…
Ladrões socialistas. Ainda bem que os conimbricences escorraçaram agora essa múmia chamada Manuel Machado.