Como evitar novos centralismos

É recorrente ouvirmos vozes preocupadas com a possibilidade de, no contexto da criação de regiões "norte" e "centro", se criarem novos casos de centralismo, nomeadamente através da existência de "capitais regionais". Estas posições provêm geralmente de duas zonas em específico: por um lado, as regiões do Interior; por outro, as do litoral que ficariam nas mesmas regiões que as áreas metropolitanas.

Para analisar estes casos, é preciso distinguir entre 2 situações muito diferentes:

*Por um lado, temos as regiões do Interior que não só estão preocupadas com a falta de poder no seio de hipotéticas regiões "norte" e "centro", como também têm o facto de praticamente opostas às do litoral em termos geográficos, económicos, sócio-culturais, morfológico-paisagísticos, etc.

*Por outro, temos o caso de zonas muito parecidas em termos geográficos, económicos e morfológicos com o resto da região onde podem ser integradas, mas que têm receio que nelas se crie um centralismo que as faça não aumentar o seu poder.

No caso das primeiras, temos Trás-os-Montes e Beira Interior. Este problema é fracturante, e, por se tratarem de regiões com poucos ou quase nenhuns pontos de união com as do litoral, é imperioso desde já que se criem regiões específicas para o Interior.

No caso das segundas, onde pontua o Minho, e um pouco também o da Beira Alta (por Beira Alta entendo a região natural, ou seja, a zona de Viseu só, sem a zona da Guarda), não é tanto assim.
O problema não é de fractura, de diferenças. O problema é de lobby e da sua localização (até porque, populacionalmente, a relação Minho/Douro Litoral aproxima-se do equilíbrio). E para isso não é preciso criar novas regiões. Basta dispersar o lobby.

Já tivemos um caso semelhante a esse, nos anos 70, com a criação da Região Autónoma dos Açores e as disputas entre São Miguel e as ilhas do Grupo Central. Tudo se resolveu da melhor maneira, com a distribuição dos poderes pelas até então capitais de distrito- Governo em Ponta Delgada, Assembleia em Angra do Heroísmo, e Governador Civil Regional na Horta. O modelo tem resultado bastante bem, e a região tem funcionado sem problemas de maior.

É isto que acho que se deve fazer neste caso: criar a região Entre-Douro e Minho e distribuir os poderes entre Porto, Braga e Viana do Castelo. Assim como em todas as outras regiões se deve distribuir os poderes pelas actuais capitais de distrito, que são cidades com histórica função administrativa, que sem a presença de órgãos de poder regional teriam muitas dificuldades em prosperar.

Criar novas regiões pode abrir precedentes perigosos- relembro que, tal como o Minho tem receio do "centralismo" do Porto, também o Alto Minho demonstra ter receio do "centralismo" de Braga. Logo, as reivindicações de novas regiões poderiam proliferar como cogumelos, o que acabaria por prejudicar até as próprias comunidades, já que traçar fronteiras artificiais entre territórios semelhantes não é bom para a dinâmica destes. É, por exemplo, o caso de uma hipotética fronteira entre Minho e Douro Litoral, que separaria concelhos muito interligados, ficando Guimarães, Fafe, Famalicão e Vizela para um lado, e Santo Tirso, Trofa, Felgueiras e Lousada noutro, o que seria prejudicial para toda esta zona do Vale do Ave.

João Marques Ribeiro

Comentários

Fernando Silva disse…
Meus amigos.

A regionalização do pais só se fará no mapa das 8 regiões, ou algo do genero.

Nada de nortes, centros e suis porque isso tem como unic objectivo retalhar portugal é é iberismo puro.

Os regionslistas cegos do Porto que querem criar a região norte a todo o custo e passar por cima dos trasmontanos e minhotos, na verdade não passam de uns debéis mentais que cairam que nem patos no engodo que espanha lhes lançou com a criação da organização do noroeste peninsular.

Entrou na cabeça do senhor luis filipe meneses e de mais meia duzia de acefalos que no seio da UE iam ressuscitar a galécia.

Basta ir ao you tube e ver os videos que por lá andam, norte de portugal+ galiza = galécia.

Ou seja, vocês estão a ser envenenandos com o vosso próprio veneno, estes pan-galiscistas que poem estes videos no you tube, do forum galecia e do mara galecia, estes é que estão a matar a regionalização, porque quelquer cidadão com 2 dedos de testa ve que o objectivo da regionalização no mapa das 5 regiões com a criação da região norte não é egionalizar nada, é apenas o de ressuscitar a galécia e destruir Portugal.

Estes tipos são uns débeis mentais.

Acham mesmo que espanha algum dia vai aceitar isso da galécia, se eles não aceitam Portugal iam aceitar a gelecia, deixem-se de loucuras e de projectos pan-galegos.

Para além disso, mesmo que isso da galécia fosse criado o Porto nunca mandaria nada e o poder ficaria diluido no caldo das cidades galegas, vigo-compostela.

No fundo este região norte não passa de um projecto separatistas alinhado com o iberista do senhor jose socrates e que tem como objectivo levar-nos agravitar sobre madrid e meter os Portugueses numa federação com sede em madrid.

A verdade é esta.

Se quiserem discutir a regionalização com seriedade, então façamos isso no mapa das 8 regiões, em tempos fui contra, hoje provavelmente votaria sim, porque no mapa das 8 regiões respeitam-se as identidades historicas nacionais, de minhotos, transmontanos, beirões, ribatejanos, alentejanos e algarvios.

Os senhores do Porto não lhes fica bem, falar de centralismo lisboeta e depois querem eles armar-se em centralistas e colonizadores dos transmontanos em primeira linha e dos minhtos.

Cada macaco no seu galho, e para la´do marão mandam os que lá estão.

E não vale a pena vir com o argumento populacional, Tras os Montes tem tanta população como o algarve, e um pouco menos que o alentejo,mas o que conta para as estatisticas é os habitantes por km2, e ai o alentejo fica em ultimo lugar.

Depois o Minho tem tudo para ser uma região.

Bem como o Porto, que é por si só uma cidade região.

Na minha opinião deviamos avançar para este mapa:

-Tras os Montes.

-Minho.

-Porto e Douro Litoral.
Nota: também aceito o Entre Douro e Minho.

-Beira Interior.

-Beira Litoral.

-Ribatejo e Oeste.

-Região de Lisboa e Setubal.

-Alentejo.

-Algarve.

Neste mapa gera-se um consenso nacioanl, podem ter a certeza e a regionalização ganha adeptos.

Ou se regionaliza de uma vez, ou para criar novas lisboas mais vale estarmos quietos, e não fica bem aos senores do porto armarem-se em centralistas, já que falam tanto de centralismo de lisboa.

Se continuarem ainsistir no mapa iberista das 5 regiões e no vosso projecto separatista pan-galego do meneses, do carlos abreu amorim e do serrão, ai esqueçam, nuna cão ter regionalização no pais.

As coisas tem que ser vistas com realismo, e só assim é que a coisa lá vai, podem ter a certeza.

Cumprimentos e boas festas.
Al Cardoso disse…
Desculpe caro Joao Marques Ribeiro, mas a Beira Alta sempre incluiu a por si chamada "zona da Guarda". Esta "Beira Interior" que ultimamente referem, nao tera mais tempo de vida que uns trinta anos se tanto!
Ainda se lhe chamassem "Beira Serra" agora "Interior" e nome que me causa enjoos!

Um Feliz Natal do regionalista "D'Algodres"
Anónimo disse…
Regionalização, sim.
Quantas Regiões?... CINCO (5).
Logo, a seguir - Quanto custa?
Pouco depois - Quem paga?
Fugir disto é acreditar no Pai Natal, no Muro de Berlim e outras trêtas que são lindas de dizer mas que só dão fome, como em Bissau e Havana.
Anónimo disse…
Nesta fase, em que o estado não tem dinehiro quase para pagar á policia, falar disto é de loucos.
Caro Anónimo (07:44:00 PM),

A Grécia que está numa situação financeira bastante pior que a nossa optou, sob a tutela da UE e do FMI, proceder a uma ampla reforma do seu sistema politico/administrativo, incluindo uma profunda descentralização e a criação de regiões administrativas por forma a emagrecer o Estado Central e desta forma reduzir a despesa pública.

Cumprimentos e um bom Natal,
Caro al cardoso:

A verdade, que pouca gente sabe e muitos tentaram branquear, é que a Beira Alta nunca incluiu o distrito da Guarda até 1930.
O distrito da Guarda faz parte de uma unidade territorial à qual os geógrafos chamam Beira Trasmontana, e que ao longo dos séculos sempre esteve unida à Beira Baixa e nunca à Beira Alta.
A Beira Trasmontana pertenceu, primeiro, à original Beira (cujo território corresponde à actual Beira Interior), no século XIX estava incluída na Beira Baixa, e só por uma vez foi junta com a Beira Alta, que foi nas províncias do Estado Novo.

E isto ocorreu por motivos unicamente políticos, e perante a veemente contestação dos mais prestigiados geógrafos da época, como o prof. Orlando Ribeiro e Amorim Girão que dizem taxativamente em vários textos ter-se tratado de um erro grave em termos geográficos. E, principalmente, foi muito mal recebido pelas pessoas do distrito da Guarda, que entregaram um abaixo-assinado com 50 000 assinaturas a Salazar, contra a inclusão na Beira Alta e a favor de uma região própria, que incluía a Beira Trasmontana e a Cova da Beira.

É óbvio que, estando o País sob o domínio de uma ditadura, toda a contestação foi reprimida e o tempo fez com que se tivesse esquecido, e a uma nova geração foi impingido à força um conceito de Beira Alta que não passa de um disparate geográfico.

Os distritos da Guarda e de Viseu são muito diferentes, em todos os aspectos, e nos últimos anos essa diferença acentuou-se como nunca, principalmente em termos económicos, sociais e demográficos.

Beira Serra é o nome de uma sub-região na zona de Oliveira do Hospital, que nada tem a ver com a Beira Interior. Não percebo o porquê dessa questão do nome Interior, não passa de mero preconceito. Há em Portugal um enorme preconceito para com o Interior. Interior não quer dizer interioridade. Interior é uma condição geográfica, interioridade é uma triste condição em que o Interior se encontra, não por estar no Interior, mas por estar votado ao abandono.

Votos de Bom Natal,
Carlos Santos disse…
“É recorrente ouvirmos vozes preocupadas com a possibilidade de, no contexto da criação de regiões "norte" e "centro", se criarem novos casos de centralismo, nomeadamente através da existência de "capitais regionais". Estas posições provêm geralmente de duas zonas em específico: por um lado, as regiões do Interior; por outro, as do litoral que ficariam nas mesmas regiões que as áreas metropolitanas.”

Vou voltar a repetir, não se trata de uma possibilidade, é a realidade observada nos mais diversos dados e factos, nomeadamente os relatórios de execução dos fundos comunitários, consultáveis no site da CCDR-N. Curioso que foi fornecida uma tabela que expõe essa centralização e não foi sequer lançada à discussão. Preferiram "auto-editar" e voltar a publicar a mesma ideia, que vem sendo repetidamente expressa nas mensagens do blogue.

“Para analisar estes casos, é preciso distinguir entre 2 situações muito diferentes:

*Por um lado, temos as regiões do Interior que não só estão preocupadas com a falta de poder no seio de hipotéticas regiões "norte" e "centro", como também têm o facto de praticamente opostas às do litoral em termos geográficos, económicos, sócio-culturais, morfológico-paisagísticos, etc.

*Por outro, temos o caso de zonas muito parecidas em termos geográficos, económicos e morfológicos com o resto da região onde podem ser integradas, mas que têm receio que nelas se crie um centralismo que as faça não aumentar o seu poder.”


O objectivo não é aumentar o poder de A ou B, mas promover a justa divisão dos recursos e a elaboração de projectos locais e comuns, por entidades locais que terão melhor conhecimento da realidade, o que não acontecerá de forma alguma no Norte.
É uma falácia o pretenso equilíbrio entre o Minho e o Porto. Quando se referirem ao antigo Douro Litoral, devem denominar de Porto (marca monocentrica), porque é essa a única marca que defendem e que é promovida a todos os níveis. E é este facto que invalida qualquer hipotético equilíbrio dentro duma Região Minho e Porto.

“No caso das primeiras, temos Trás-os-Montes e Beira Interior. Este problema é fracturante, e, por se tratarem de regiões com poucos ou quase nenhuns pontos de união com as do litoral, é imperioso desde já que se criem regiões específicas para o Interior.

No caso das segundas, onde pontua o Minho, e um pouco também o da Beira Alta (por Beira Alta entendo a região natural, ou seja, a zona de Viseu só, sem a zona da Guarda), não é tanto assim.
O problema não é de fractura, de diferenças. O problema é de lobby e da sua localização (até porque, populacionalmente, a relação Minho/Douro Litoral aproxima-se do equilíbrio). E para isso não é preciso criar novas regiões. Basta dispersar o lobby.”


O problema esta nos mais diversos níveis, ao contrário do que é dito.
O Minho tem a sua marca a desenvolver e o seu território polinucleado, com um equilíbrio de forças evidente, com projectos comuns e que têm sido chumbados e excluídos dos relatórios da CCDR-N, vendo vários municípios do Minho as suas pretensões negadas, enquanto se continua a promover dentro do actual Norte a região mais rica com os fundos de convergência…

No Porto, existe actualmente uma política monocêntrica que promove por todos os meios a agregação em torno da marca Porto, como forma de se impor a Lisboa. A única grande preocupação é este desenvolvimento claramente centralizador, patente em praticamente todas as acções políticas e investimentos realizados, e patente nos relatórios da CCDR-N, e nas várias instituições do Porto.
Carlos Santos disse…
“Já tivemos um caso semelhante a esse, nos anos 70, com a criação da Região Autónoma dos Açores e as disputas entre São Miguel e as ilhas do Grupo Central. Tudo se resolveu da melhor maneira, com a distribuição dos poderes pelas até então capitais de distrito- Governo em Ponta Delgada, Assembleia em Angra do Heroísmo, e Governador Civil Regional na Horta. O modelo tem resultado bastante bem, e a região tem funcionado sem problemas de maior.

É isto que acho que se deve fazer neste caso: criar a região Entre-Douro e Minho e distribuir os poderes entre Porto, Braga e Viana do Castelo. Assim como em todas as outras regiões se deve distribuir os poderes pelas actuais capitais de distrito, que são cidades com histórica função administrativa, que sem a presença de órgãos de poder regional teriam muitas dificuldades em prosperar.

Criar novas regiões pode abrir precedentes perigosos- relembro que, tal como o Minho tem receio do "centralismo" do Porto, também o Alto Minho demonstra ter receio do "centralismo" de Braga. Logo, as reivindicações de novas regiões poderiam proliferar como cogumelos, o que acabaria por prejudicar até as próprias comunidades, já que traçar fronteiras artificiais entre territórios semelhantes não é bom para a dinâmica destes. É, por exemplo, o caso de uma hipotética fronteira entre Minho e Douro Litoral, que separaria concelhos muito interligados, ficando Guimarães, Fafe, Famalicão e Vizela para um lado, e Santo Tirso, Trofa, Felgueiras e Lousada noutro, o que seria prejudicial para toda esta zona do Vale do Ave.”


Mais uma vez recorre-se à falácia para justificar o injustificável.
Comparar um receio de centralização de uma área com uma organização política como a AMP que representa 1,69M de habitantes, que é sede de uma NUTS III com 1,26 M de habitantes, com as inúmeras entidades que diariamente laçam na comunicação social nacional e nos meios de decisão a defesa dos interesses do Porto e da sua Marca monocentrica, com o receio de centralização de um município com 177.000 habitantes face a outros que quase o igualam, e que não possui qualquer voz nos meios de decisão e comunicação, não tem qualquer fundamento.

No caso do Minho um território claramente polinucleado, a distribuição de sedes já existente com as actuais 3 NUTS III, promove a descentralização dentro da Região.

Quanto à divisão territorial nas zonas de fronteira, Trofa, Santo Tirso e a área de Vila das Aves estão inseridas no urbanismo difuso do Vale do Ave e como tal não há qualquer dúvida em que região deviam ficar. Por sua vez Felgueiras está incluída no sistema do Vale do Tamega, apesar de ser a zona de transição/fronteira com o Vale do Ave, sendo também clara a sua região. Contudo a vontade política das entidades municipais e dos munícipes é que deve determinar as decisões em todas as zonas de fronteira.


Curioso que os argumentos neste blogue quando são em favor da agregação do Norte em torno do Porto, são logo editados e publicados, quando são apresentados factos e números que demonstram a centralização de recursos que já existe, ficam esquecidos nos comentários.

Tal como a nova "Região de Turismo Porto e Norte”, este blogue talvez devesse mudar o nome para "Região Porto e Outras".

Para o debate seria também interessante colocarem os textos de quem defende uma Região Minho.

Como já foi referido se os pólos com grande capacidade centralizadora, Porto e Lisboa fossem remetidos às suas regiões "áreas metropolitanas", todas as outras formas de possíveis centralismos seriam muito mais facilmente combatidas, e a regionalização ganharia apoiantes.

Quanto ao colaborador de Braga, Joel Felizes gostaria de perguntar quais os contributos que já deu ao blogue para poder aferir qual a sua opinião.

Grato pela atenção dispensada, e bom natal.
Este comentário foi removido pelo autor.
Este comentário foi removido pelo autor.
Caro Carlos Santos:

"Vou voltar a repetir, não se trata de uma possibilidade, é a realidade observada nos mais diversos dados e factos, nomeadamente os relatórios de execução dos fundos comunitários, consultáveis no site da CCDR-N. Curioso que foi fornecida uma tabela que expõe essa centralização e não foi sequer lançada à discussão. Preferiram "auto-editar" e voltar a publicar a mesma ideia, que vem sendo repetidamente expressa nas mensagens do blogue."

E sabe porque é que esta realidade acontece? Sabe porque é que o centralismo evidente do "norte" em torno do Porto existe (apesar de se resumir a umas migalhas, porque o "total regionalizável" não é nada quando comparado com os montantes globais)?
E simples: porque a CCDR-N é composta por gente que é nomeada, e a sua gestão está centralizada no Porto.
Ou seja, a CCDR-N, para além da centralização física, ainda por cima não tem que responder perante os eleitores, nas urnas, pelo que a sua gestão está relativamente impune- daí termos os ingredientes todos para a existência de centralismo.
Com a Regionalização, a Junta Regional e a Assembleia Regional de Entre-Douro e Minho serão eleitas pelos cidadãos, e no quadro que apresentou está evidente que existe equilíbrio populacional entre o Minho e o Douro Litoral. Mais: a Assembleia Regional terá representantes das Assembleias Municipais da região. Em Entre-Douro e Minho, temos 46 municípios: 23 do Minho e 23 do Douro Litoral.

"O objectivo não é aumentar o poder de A ou B, mas promover a justa divisão dos recursos e a elaboração de projectos locais e comuns, por entidades locais que terão melhor conhecimento da realidade, o que não acontecerá de forma alguma no Norte.
É uma falácia o pretenso equilíbrio entre o Minho e o Porto. Quando se referirem ao antigo Douro Litoral, devem denominar de Porto (marca monocentrica), porque é essa a única marca que defendem e que é promovida a todos os níveis. E é este facto que invalida qualquer hipotético equilíbrio dentro duma Região Minho e Porto."

No "norte" não há conhecimento de causa, mas não é seguramente por causa do Minho, mas sim de Trás-os-Montes.
Entre-Douro e Minho é uma região que existe há 700 anos, com traços comuns de Valença a Santa Maria da Feira, com profundas interacções ao longo da "fronteira" entre os distritos do Porto e de Braga.
Uma região tem de ser uma unidade homogénea, e Entre-Douro e Minho é-o, sem dúvida. Separar Santo Tirso de Famalicão, ou Felgueiras de Guimarães, é criminoso.
Aliás, esta fronteira é tão instável que, quando foi criado o concelho de Vizela, houve freguesias que mudaram de distrito.

"O problema esta nos mais diversos níveis, ao contrário do que é dito.
O Minho tem a sua marca a desenvolver e o seu território polinucleado, com um equilíbrio de forças evidente, com projectos comuns e que têm sido chumbados e excluídos dos relatórios da CCDR-N, vendo vários municípios do Minho as suas pretensões negadas, enquanto se continua a promover dentro do actual Norte a região mais rica com os fundos de convergência…"

É um problema existente e evidente. Mas que, como já disse, será impossível de existir numa região onde há eleições e onde o Minho representa 50% da população que vota.
"Mais uma vez recorre-se à falácia para justificar o injustificável.
Comparar um receio de centralização de uma área com uma organização política como a AMP que representa 1,69M de habitantes, que é sede de uma NUTS III com 1,26 M de habitantes, com as inúmeras entidades que diariamente laçam na comunicação social nacional e nos meios de decisão a defesa dos interesses do Porto e da sua Marca monocentrica, com o receio de centralização de um município com 177.000 habitantes face a outros que quase o igualam, e que não possui qualquer voz nos meios de decisão e comunicação, não tem qualquer fundamento."

Nos Açores estamos a falar na hipotética centralização de uma região de 245 mil habitantes, por uma ilha com 130 mil. Ou seja, estamos a falar de um rácio de cerca de 50%-50%.
Em Entre-Douro e Minho a situação é a mesma, o rácio é semelhante. Daí ter todo o fundamento comparar-se estas duas situações.

O centralismo não se compara de uma cidade em relação a outra. Compara-se de uma zona em relação a outra. Daí não se pode falar em hipotéticos centralismos Porto-Braga nem Ponta Delgada-Angra do Heroísmo. Tem de se encarar isto a uma escala sub-regional, e falar em Minho-Douro Litoral e em São Miguel-ilhas do Grupo Central.

"Curioso que os argumentos neste blogue quando são em favor da agregação do Norte em torno do Porto, são logo editados e publicados, quando são apresentados factos e números que demonstram a centralização de recursos que já existe, ficam esquecidos nos comentários.

Tal como a nova "Região de Turismo Porto e Norte”, este blogue talvez devesse mudar o nome para "Região Porto e Outras"."

Se isso fosse realmente verdade, eu nunca tinha sido convidado para editor deste blogue.
Para que saiba, quando eu cheguei a este blogue as minhas intervenções desde o início foram críticas para com o mapa das 5 regiões, e não foi por isso que deixei de ser convidado para representar aqui a Beira Interior. E desde que sou editor, publiquei dezenas de textos críticos para com o mapa, sem problema. Estamos em democracia.
Em termos de debate sobre a regionalização, dificilmente encontra um espaço mais plural que este. Aqui têm lugar defensores das 5, das 7, das 10 regiões, e também centralistas.

"Quanto à divisão territorial nas zonas de fronteira, Trofa, Santo Tirso e a área de Vila das Aves estão inseridas no urbanismo difuso do Vale do Ave e como tal não há qualquer dúvida em que região deviam ficar. Por sua vez Felgueiras está incluída no sistema do Vale do Tamega, apesar de ser a zona de transição/fronteira com o Vale do Ave, sendo também clara a sua região. Contudo a vontade política das entidades municipais e dos munícipes é que deve determinar as decisões em todas as zonas de fronteira."

E qual é a situação desses municípios?

*A Santo Tirso e à Trofa interessa manter a ligação ao Porto, centro urbano de referência, mas também a Famalicão e Guimarães, aos quais sempre estiveram profundamente interligados;
*A Famalicão interessa manter a ligação a Braga pelos mesmos motivos, mas também a Santo Tirso e à Trofa.
*Em Vizela temos os dois casos anteriores, agravados por haver partes do concelho que até pertenciam ao concelho de Lousada;
*Em Felgueiras, Guimarães e Fafe, temos também uma profunda interligação. Felgueiras é Vale do Sousa, e interessa-lhe manter as ligações com os vizinhos com os quais tem cooperado (Lousada, Paços de Ferreira, Paredes...); mas também interessa manter a ligação profunda que tem com Fafe e Guimarães.
*As Terras de Basto estão administrativamente ligadas a Braga, mas têm cooperação activa com Amarante e o vale do Tâmega.

Em suma, ao instalar aqui uma fronteira completamente artificial a nível geográfico, económico, histórico e social, está ainda a prejudicar todos estes municípios, porque está a prejudicar ligações muito intensas e vitais para todos estes municípios. E estes municípios e as suas populações dificilmente querem uma coisa destas.

Votos de um Bom Natal,
Caro Carlos Santos,

Pela minha parte, o seu comentário ainda só não foi publicado por se tratar de uma resposta directa a outro, ou seja, não se perceberá muito bem se for publicado em artigo.

Mas se quiser adaptar algum dos seus comentários para artigo, pode enviá-lo para o meu mail (afonso.marques.miguel@gmail.com) que eu procederei à sua publicação.

Votos de Bom Natal,
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Anda mais gente preocupada com as respectivas 'alfaias' que com as reais perspectivas de desenvolvimento autosustentado e equilibrado. E parece que muitos não pretendem sair deste lamaçal e enfrentar a realidade, infelizmente. Para esses, é dever informá-los que estmaos nisto há 500 anos, relegando-os para o papel de autênticas múmias actuais que não conseguem descortinar o modernismo dentro dos ciclos de desenvolvimento de que necessitamos para dar uma boa palmada nos interesses dos 'situacionistas', os quais são sempre os mesmo a beneficiar deste lamaçal económico, social e político.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Carlos Santos disse…
“Nos Açores estamos a falar na hipotética centralização de uma região de 245 mil habitantes, por uma ilha com 130 mil. Ou seja, estamos a falar de um rácio de cerca de 50%-50%.
Em Entre-Douro e Minho a situação é a mesma, o rácio é semelhante. Daí ter todo o fundamento comparar-se estas duas situações.”
O Minho tem 1.150.000, a “Região Porto” 2.150.000 (Distrito do Porto+Entre Douro e Vouga) é uma proporção de 2:1, muito longe do que refere, e onde o território monocêntrico possui o maior peso.
Portanto não tem fundamento porque parte desde logo de pressupostos falsos.


Passo a referir novamente...
Em torno do Porto, existe uma Ag. M. Porto com 1,1M (termo do PROT-N, no fundo a “AMP real”), a “AMP política” com 1,7M (que engloba o Entre Douro e Vouga), e o restante Distrito do Porto já no Vale do Tâmega a próxima área a integrar na “AMP política”, fase que já está em curso através de enormes investimentos como a CREP, vários anos de SCUT, etc…
Esta área global tem 2.150.000 habitantes, possui um centro com 1,1M e 4 sistemas acessórios cada vez mais polarizados neste centro e com interesse em se desenvolverem como arredor deste centro.
No Minho existem 1.150.000 habitantes, com 3 sistemas mais urbanizados definidos, onde o Vale do Ave se apresenta como o mais populoso policêntrico e dispersivo, com 400.000 habitantes.
Neste existe um Quadrilatero que pretende desenvolver a coesão territorial para a reimplementação da GAMM.

Além do mais a estes factos acresce ainda a enorme agravante de em torno do Porto existirem entidades maduras e politicamente influentes que defendem um território monocêntrico em torno da Marca Porto, enquanto no Minho temos a defesa de várias centralidades, Braga, Viana, Guimarães, Famalicão, Barcelos, … por parte de entidades sem influência no plano político.

Estou plenamente convicto do seguinte:
Com o Norte destrói-se o Minho e Trás-os-Montes, e com o Minho e Porto destrói-se o Minho.

“O centralismo não se compara de uma cidade em relação a outra. Compara-se de uma zona em relação a outra. Daí não se pode falar em hipotéticos centralismos Porto-Braga nem Ponta Delgada-Angra do Heroísmo. Tem de se encarar isto a uma escala sub-regional, e falar em Minho-Douro Litoral e em São Miguel-ilhas do Grupo Central.”

Não percebo porque se comparam ilhas com um território continental. Além do mais já expliquei de forma clara porque se deve falar em Região Porto e Minho, e compara-las entre si. A força do território polinucleado do Minho é o desenvolvimento em torno da Marca Minho, com o aumento da coesão urbana em torno do Quadrilátero, e a criação de infra-estruturas de referência nacional, a partir de entidades como a UM etc…
Estão a querer comparar na proporção de 1:2 territórios que não possuem entidades Metropolitanas de referência a agregar municípios em torno de uma marca e de um centro, como o Minho, com o Porto.
A “Região Porto” de 2,15M deve ser comparada à “Região Minho” 1,15M, enquanto a AgM Porto de 1,1M deve ser dentro da “Região Porto”, comparada a cada uma das centralidades do Minho que ainda não estão organizadas em AM ou Áreas Urbanas.
Existe sempre um claro desequilíbrio a todos os níveis para o PortoCentrismo.


“Se isso fosse realmente verdade, eu nunca tinha sido convidado para editor deste blogue.
Para que saiba, quando eu cheguei a este blogue as minhas intervenções desde o início foram críticas para com o mapa das 5 regiões, e não foi por isso que deixei de ser convidado para representar aqui a Beira Interior. E desde que sou editor, publiquei dezenas de textos críticos para com o mapa, sem problema. Estamos em democracia.
Em termos de debate sobre a regionalização, dificilmente encontra um espaço mais plural que este. Aqui têm lugar defensores das 5, das 7, das 10 regiões, e também centralistas.”

Podia indicar-me links da defesa do Minho como região aqui no blogue, terei todo o gosto em ler, obrigado.
Carlos Santos disse…
“E qual é a situação desses municípios?

*A Santo Tirso e à Trofa interessa manter a ligação ao Porto, centro urbano de referência, mas também a Famalicão e Guimarães, aos quais sempre estiveram profundamente interligados;
*A Famalicão interessa manter a ligação a Braga pelos mesmos motivos, mas também a Santo Tirso e à Trofa.
*Em Vizela temos os dois casos anteriores, agravados por haver partes do concelho que até pertenciam ao concelho de Lousada;
*Em Felgueiras, Guimarães e Fafe, temos também uma profunda interligação. Felgueiras é Vale do Sousa, e interessa-lhe manter as ligações com os vizinhos com os quais tem cooperado (Lousada, Paços de Ferreira, Paredes...); mas também interessa manter a ligação profunda que tem com Fafe e Guimarães.
*As Terras de Basto estão administrativamente ligadas a Braga, mas têm cooperação activa com Amarante e o vale do Tâmega.”

O problema desses territórios nunca será a falta de ligações ao Porto, e investimentos nesse sentido, que aliás já existem, mas o grave fenómeno de destruição da coesão territorial que tem sido implementada.
Vila das Aves, Santo Tirso e Trofa, Famalicão, Guimarães, carecem urgentemente de investimentos para a coesão e desenvolvimento territorial do Vale do Ave, contudo com o Portocentrismo em vigor a Norte, os investimentos a irradiar do Grande Porto continuam a proliferar enquanto a CCDR-N vai rejeitando a inclusão de investimentos estruturantes do Vale do Ave, e do Vale do Cávado.

Felgueiras já possui ligação por AE a Guimarães, a coesão territorial deve ser desenvolvida com o restante Vale do Tamega, e no global Felgueiras só teria a ganhar com o desenvolvimento de uma área alternativa à AMP, tão próxima do seu município. É preferível para Felgueiras ter uma Guimarães com investimentos de excelência do que serem ambas arredores afastados dum centro no Porto.
Este mapa, que apesar de apresentar alguns erros, feito por uma instituição do Porto demonstra que o que afirma como grave, na realidade não tem qualquer gravidade.
http://i245.photobucket.com/albums/gg64/karlussantus/NorteLitoral.jpg
http://i245.photobucket.com/albums/gg64/karlussantus/SubSistemas.jpg
O problema para o Norte será continuar a desfigura-lo.

“Em suma, ao instalar aqui uma fronteira completamente artificial a nível geográfico, económico, histórico e social, está ainda a prejudicar todos estes municípios, porque está a prejudicar ligações muito intensas e vitais para todos estes municípios. E estes municípios e as suas populações dificilmente querem uma coisa destas.”

Esse raciocínio parte de 2 graves pressupostos falsos:
-o não centralismo, devido ao equilíbrio populacional e político, que claramente não existe;
-a falta de investimentos entre as duas regiões (Minho e Douro Litoral), que já existem porque temos um PortoCentrismo a Norte, com as melhores ligações a irradiarem do Porto, e os maiores investimentos feitos no “Grande Porto”;

Em suma, a Norte devemos lutar pela defesa das 4 grandes marcas, Porto, Minho, Douro, Trás-os-Montes. A única forma de se conseguir é com as 3 regiões que permitem uma maior unidade territorial e principalmente um claro equilíbrio do peso político das diversas centralidades urbanas incluídas em cada uma delas. Com o Norte e com o “Entre Douro e Minho” (Minho e Porto) isto não fica salvaguardado, porque estamos a juntar uma estratégia monocêntrica dominadora em termos populacionais e políticos, com estratégias policêntricas.