O poder da autonomia

Diferença de rendimento por habitante entre a Região Norte e a Galiza cifrou-se nos 40,3 por cento em 2008

A fronteira político-geográfica quase não existe, mas entre o Norte de Portugal e a Galiza há uma linha de demarcação clara, cada vez mais clara, para mal dos portugueses. A diferença de rendimento por habitante entre as duas regiões, que era já era grande, agravou-se 13,7 pontos percentuais, para 40,3 por cento, entre 2000 e 2007. É um retrato duro da performance da economia nortenha.

As duas regiões, mostram-no os números, estão muito parecidas em muitos aspectos. O Norte, com quase mais um milhão de habitantes (3,7 milhões) tem vindo, como a Galiza, a registar um fraco crescimento populacional. Ambas se terciarizaram em força nas últimas décadas (em 2009, o sector tinha 51,4 por cento nos activos no Norte de Portugal e 65,1 por cento na Galiza. E até no desemprego estão parecidas, embora por motivos bem diferentes. Os galegos estão com uma taxa de desemprego (12,7%) ligeiramente superior à de 2002. Os nortenhos mais do que duplicaram a taxa de 4,9 por cento que registavam nesse ano, para os 11 por cento de 2009.

"Há razões económicas e políticas" para esta divergência, assume Teresa Lehman a vice-presidente da CCDR-N com o pelouro das relações com a Galiza, lembrando "a força do tecido produtivo galego". Em áreas importantes, como a indústria automóvel, a Galiza tem a PSA de Vigo, "investimento estrangeiro de dimensão consideravel, que o Norte deixou de ter", nota, acrescentando que as pescas são uma "aposta da política regional" e, no têxtil, a Inditêx [detentora da Zara] é, em alguns indicadores, a primeira do sector.

No entanto, a vice da CCDRN considera que o quadro político-institucional terá mais peso nesta discrepância de rendimentos entre duas regiões que considera muito parecidas, socialmente.

Para Lehman, é claro que a Galiza, no contexto das autonomias espanholas, tem uma capacidade que o Norte, num país centralizado como Portugal, não tem.

"A Galiza tem um orçamento próprio, uma capacidade de gerir dossiers e recursos em favor de uma estratégia regional que, ao longo do tempo, se mantém com relativa estabilidade, mesmo com mudanças políticas", argumenta.

Um exemplo claro desta capacidade é o projecto de ligação em velocidade elevada entre Porto e Vigo. O Governo galego mudou de cor, mas a vontade de o fazer não, enquanto, em Portugal, o Governo já teve várias posições sobre o projecto, entretanto adiado.

|Publico|
.

Comentários

Anónimo disse…
Isto é uma excelente oportunidade de negócio!
Mudem-se para um sitio perto da fronteira, aprendam espanhol e candidatem-se a empregos em Espanha. Gastem o vosso dinheiro todo cá para aproveitar a diferença de preços.
Se toda a gente fizer isto, a pouco e pouco, pelo princípio dos vasos comunicantes, a economia espanhola vai equalizar com a portuguesa.