Fernando Ruas: Regionalização “nunca fez tanto sentido”

O líder da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Fernando Ruas, defendeu que a regionalização “nunca fez tanto sentido”, porque “cada vez mais o Estado é centralista”.

Em entrevista à agência Lusa, Fernando Ruas (PSD) disse que “a regionalização nunca foi tão precisa”, considerando que muitas das pessoas que foram contra o processo “estão cada vez mais a mudar de opinião”.

Para o também presidente da câmara de Viseu, “o único obstáculo que se pode pôr é se, na situação que o país atravessa, é uma prioridade”.

O responsável considerou que “os governantes no discurso são todos descentralistas mas depois, na prática, ninguém quer perder poder” e deu o exemplo das autoestradas da região centro, cuja configuração não seria a atual se tivessem sido tidos em conta os interesses regionais.

“Somos o país com mais quilómetros de autoestrada por habitante e, ao mesmo tempo, a região centro é uma região com dificuldades de acessibilidade. Isto porque foi planificado a nível central aquilo que podia ser planificado a nível regional”, frisou.

Neste âmbito, Fernando Ruas considerou que “a regionalização é um caminho, naturalmente depois voltando a discutir com a regionalização o papel dos municípios”.

Lembrou que, na Grécia, “quando reduziram os municípios, porque tinha mil e tal, também impuseram a criação de regiões”, reiterando, no entanto, que a ANMP considera que a redução de municípios e de freguesias “não traz vantagens de maior” às contas portuguesas.

Segundo Fernando Ruas, no contexto europeu, Portugal não tem concelhos a mais, aludindo a um mapa que a ANMP elaborou que o aponta como “o país em que os municípios têm o maior número de habitantes em média”.

Neste âmbito, a ANMP está disponível “para discutir a reorganização do Estado em todas as suas vertentes”, desde que não se coloque a premissa de que isso significa reduzir o número de autarquias e dos concelhos.

O autarca do PSD referiu que a regionalização devia acontecer com base nas cinco regiões plano já existentes, uma ideia considerada cada vez mais consensual.

“Acho que era uma boa divisão. Não deixaria de levantar vozes contra, mas era a mais pacífica, era uma forma que podia ser correta de regionalizar o país”, referiu.

Ruas disse ainda ver “muitas potencialidades” nas comunidades intermunicipais que foram criadas, que “podem e devem ser exploradas”.

|Lafões FM|
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