Porto exporta metade da alta tecnologia

Retrato territorial de Portugal

Do Grande Porto sai mais de metade do valor das exportações nacionais de produtos de alta tecnologia, entre computadores, electrónica e telecomunicações. Este "ranking" faz com que no Norte as vendas destes produtos superem três vezes a média nacional.

Os dados, divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística no "Retrato Territorial de Portugal", vão até 2009 e mostram que, entre 2007 e 2009, o Grande Porto, além de ser a sub-região com maior valor nas vendas ao exterior de produtos de alta tecnologia, foi também a que mais contribuiu para as exportações nacionais de computadores, equipamento de escritório, produtos electrónicos e de telecomunicações.

No conjunto do país, as exportações de bens de alta tecnologia pesavam 5,7% no total das nossas vendas ao exterior. Um valor bastante abaixo da média da UE/27 que ronda os 15,4%. Mas, também aqui, o Norte destaca-se, pois, segundo o INE, apenas esta região e a Madeira têm uma proporção de exportações deste tipo de produtos acima do valor médio nacional. No caso concreto do Grande Porto e dos Alentejo Alto e Central, a proporção está ao nível da média comunitária, ou seja, é três vezes superior ao conjunto do país.

Mas o facto de o "Retrato Territorial" incidir sobre o período 2007/2009 e fazer várias comparações com o período 1993/95 faz com que a evolução do perfil exportador esteja naturalmente influenciado pelo efeito da Qimonda, empresa de Vila do Conde entretanto encerrada mas que durante anos ocupou os primeiros lugares do ranking das empresas exportadoras, tendo sido um dos maiores produtores mundiais de semicondutores e chips. Esta circunstância leva o presidente da Comissão de Coordenação da Região Norte, Carlos Lage, a referir a necessidade de "mitigar o entusiasmo" com estes dados" .

Também o economista Alberto Castro considera que estes dados podem estar influenciados pelos resultados da Qimonda e que poderão não se ter observado em 2010. Ressalva ainda o facto de as exportações de alta tecnologia estarem muito concentradas num reduzido número de empresas, geralmente "muito vulneráveis a fenómenos conjunturais e de deslocalização".

Ainda assim, o Prof. da Católica do Porto salienta que, apesar de os sectores tradicionais continuarem a marcar as exportações da região Norte, observa-se que outros sectores começam a surgir e a crescer.

O estudo do INE mostra ainda que a taxa de cobertura das importações pelas exportações desde 1993 que foi sempre inferior a 100% e com tendência para descer. Mas este retrato nacional reflecte situações bem diversas a nível regional. Basta referir que entre 1995 e 2009, as regiões do Norte e do Centro tiveram sempre uma taxa de cobertura superior a 100%, o que significa que exportam mais do que importam. Em Entre Douro e Vouga, Tâmega e Pinhal Interior a taxa de cobertura chega aos 200%.

|JN|
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Comentários

Migas disse…
http://regionalizacaocorrupcao.blogspot.com/
Caro Migas,

Aqui no Blog, já temos trocado opiniões com muitos anti-regionalistas, agora, pelo título basista do seu ´post' não antevejo a possibilidade de haver qualquer tipo de troca de opiniões.

Cumprimentos,
Caro António Almeida Felizes:

Nem vale a pena. O discurso que anti-poder que grassa por alguns locais na internet é simplesmente inacreditável. São contra a regionalização, pela extinção de municípios, freguesias, tudo o que seja poder, querem extinguir.
Não conseguem ver que o "monstro" está no Estado Central, precisamente aquele que querem reforçar.
Não conseguem ver as consequências desastrosas que teria para as comunidades mais pequenas extinguir o poder local, e, apoiando-se em demagogias e generalizações precipitadas (culpa também para alguns autarcas que dão maus exemplos).
Acreditam numa ideia sem pés nem cabeça: que concentrando o poder todo no mesmo sítio, concentrando o poder económico e político todo num local, favorecendo todo o tipo de contactos entre eles, é combater a corrupção. Ou seja, querem apagar um incêndio com bilhas de gás.
Não fazem a menor ideia do que se passa para lá das fronteiras de Portugal. Não fazem ideia que Portugal, ao mesmo tempo que é considerado um dos países mais corruptos do Mundo, é também considerado um dos mais centralizados. Que nos países europeus regionalizados há décadas há muito menos corrupção que por cá ou na até agora centralista Grécia.
Acreditam na ideia peregrina que o caminho para o futuro é extinguir o poder. Em vez de tentar mudar a maneira como as coisas funcionam, querem acabar com tudo. É a autêntica política da terra queimada.
Para ser sincero, não sei se o que querem é o centralismo, ou a pura anarquia.

Cumprimentos,
Caro João M Ribeiro,

É por isso que temos que continuar com o nosso'trabalho' de esclarecimento das pessoas no sentido de as fazer compreender onde estão os verdadeiros problemas politico/administrativos deste país. Temos que continuar a desmistificar a ideia peregrina da fusão/extinção de municípios e freguesias.

Cumprimentos
Migas disse…
Sem dúvida que esta é uma boa notícia. E percebo bem a razão de ligarem estas noticias à necessidade de se fazer a regionalização.
Uma região, regionalizada ( passe, a redundância) e corrompida (inevitavél), não teria noticias destas, por isso, há que falar delas, enquanto não caír-mos em desgraça (regionalizar)!!!
Regionalização é corrupção

Migas
Plüs disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Pois não, caro Migas. Deve ser por isso é que a região mais industrializada da Península Ibérica é o País Basco, que goza não só de uma regionalização administrativa, como também de uma regionalização autonómica em cima. Ou que a região com maior PIB per capita de Portugal fora Lisboa é precisamente uma região autónoma.

Mas apresente lá os dados de tudo aquilo que está a dizer e depois conversamos. Vá lá buscar os relatórios internacionais sobre corrupção e diga-me lá em que lugar é que estão os países regionalizados (Holanda, França, Austrália, etc.) e os países centraliazados (Grécia, Zimbabwe, etc.).

Porque de conversa da boca para fora, de demagogia (ainda por cima neste caso com erros ortográficos) estão os Portugueses mais que fartos.