Um condomínio chamado Portugal

Imaginem um edifício de habitação normal, por ex. esse onde vive, 5 ou 6 andares e 2 ou 3 apartamentos por piso. Como habitualmente, existe um condomínio cuja função é administrar o que é comum aos diversos andares ou fracções que formam o mesmo: as denominadas zonas comuns (hall, escadas, etc.), os elevadores, as áreas de garagens, jardim, coberturas e outros, os consumos de água e energia de áreas comuns, etc.

Esta forma de organização, a centralização daquelas competências numa administração de condomínio, foi com certeza fruto da experiência acumulada ao longo de anos, processo que culminou neste modelo por se concluir que é o mais ajustado e o que apresenta mais vantagens. Mas podemos imaginar que outras competências poderia ser centralizadas, por ex.: a compra de electrodomésticos, então não seria economicamente vantajoso comprar 15 lcds, ou 10 máquinas de lavar para as diferentes fracções em vez de o fazer de forma avulsa? E porque não poderia assumir a administração do condomínio, por ex., a preparação de refeições lá do prédio? Tratar da sua preparação, escolha de ingredientes, a ementa semanal, determinar os horários das refeições, etc., certamente algumas vantagens também resultariam da implementação de uma organização deste tipo.

A questão aqui, como é fácil de perceber, é que este 2º conjunto de competências é muito mais específico e apenas quem habita cada fracção pode avaliar, em função da composição e particularidades de cada agregado familiar, quais as melhores opções relativamente a uma série de matérias, nomeadamente, a sua situação familiar, idade, ocupação, necessidades, gostos e preferências de cada elemento que vive naquelas fracções.

Trata-se de bom senso, de adequar os recursos disponíveis à satisfação das necessidades existentes, decisão essa que exige um NÍVEL ADEQUADO de proximidade à realidade onde se pretende intervir. Por ex., uma decisão do condomínio de substituir todos os fogões do prédio porque, do ponto de vista da “administração central”, poderia ser vantajosa por aproveitar um financiamento especial para o efeito, na prática poderia ser uma má solução, já que o 2º Esq. e o 3º Frente, por ex., estavam mesmo a necessitar era de uma caldeira nova. Resultado: como praticamente nem fazem refeições caseiras, o seu fogão, que estava em óptimas condições, será substituído por um novo, entretanto ficarão sem água quente brevemente …

Chamemos ao nosso edifício de habitação, Portugal, e às suas fracções, Regiões. Actualmente o nosso País é o ÚNICO que mantém uma estrutura completamente centralizada. Em Lisboa decide-se que escola ou que centro de saúde deve abrir ou fechar no Minho. A partir de um qualquer gabinete da capital, toma-se a decisão sobre onde serão aplicadas as verbas dos fundos europeus destinados, por ex., à Agricultura ou às infra-estruturas necessárias em Caminha ou em Chaves. Acham que isto faz sentido? Já alguém contabilizou o custo e o desperdício que anos e anos de decisões por “comando remoto”, sem conhecimento da realidade e das necessidades locais, de sucessivas decisões de investimento sem qualquer retorno, quanto custou ao País esta ineficiência?

A Regionalização é o modelo de bom senso e mais EFICIENTE – ou será que nós, um País que chegou ao estado de bancarrota seremos uns visionários ao mantermo-nos como o único estado não regionalizado entre os nossos parceiros europeus?! Ao Estado Central deveriam caber as competências que afectam o bem comum: a Segurança, a Defesa, Justiça, os Negócios Estrangeiros e um papel de garante da igualdade e correcção de assimetrias entre as Regiões nacionais. Às Regiões a Economia, a Saúde, a Educação, pois é ao nível regional / local que se encontra o NÍVEL de conhecimento ADEQUADO aos problemas que exigem resolução. O leitor quer arriscar uma resposta à seguinte questão: que percentagem dos milhares de funcionários do Ministério da Agricultura em Lisboa estará familiarizada com a lavoura ou já terá cultivado alguma coisa? E em Vila Real?

O Movimento Norte Sim, considera a criação das regiões e da Região Norte em particular, uma oportunidade ÚNICA para reformar e aumentar a eficácia do Estado com menores custos. O mesmo Estado que, para além de centralista e burocrático, desperdiça muito dinheiro, provoca défices sucessivos que nos conduziram à gravíssima crise actual. Para além de uma maior eficiência, a reforma da Regionalização promoveria o envolvimento e participação das populações na “coisa pública”.

Recordem-se os crescentes níveis de abstenção em eleições, este desinteresse e afastamento dos cidadãos não é com certeza alheio a um sentimento de enorme distância relativamente ao nível de decisão. A Regionalização garantiria uma maior democraticidade das decisões e um maior controle das populações sobre a actividade política.

É urgente Regionalizar para romper, reformar este estado de coisas. Esta deverá ser a prioridade a partir do próximo dia 6 de Junho

|Norte Sim|

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Mesmo ao nível da gestão de condomínios, é preciso realçar que cada FRACÇÃO é AUTÓNOMA, não existindo promiscuidade de espécie alguma.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Carlos Santos disse…
Como em Abril e Maio, excluindo as mensagens dos Partidos, este blogue fez referência às seguintes cidades e regiões nas quantidades seguintes:
Porto 41
Vila Real 2
Minho 2
Braga 0

Deixo aqui uma notícia do Portocentrista Carlos Lages.
http://www.correiodominho.com/noticias.php?id=48841
Caro Carlos Santos:

Só tenho a dizer que gostaria de ver aqui expostas as suas propostas de anexação dos concelhos de Vila Verde a Amares a Braga que não se cansa de defender num certo fórum de internet.

Depois venha falar em centrismo do que quer que seja, que eu respondo-lhe com o seu doentio Bragacentrismo.

É caso para dizer "Carneiro amigo... andamos todos ao mesmo".

PS: É natural que o blogue tenha centrado as suas atenções no Porto. Eu, que sou representante da Beira Interior e vivo em Trás-os-Montes, não tenho tido tempo para colocar por cá grande coisa, representantes do Minho não os há (proponha-se o senhor como tal, que tenho a certeza que o administrador do blogue o receberá com todo o gosto), e como tal o único representante activo por cá tem sido o do Porto, que naturalmente fala mais na realidade que melhor conhece.

É um facto da vida.
Carlos Santos disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Santos disse…
Caro João Marques Ribeiro

Ora num país onde se discute a reorganização das freguesias e concelhos, onde existem autarcas que defendem a fusão de Aveiro, Ílhavo, Vagos, entre muitas outras propostas...
Não entendo o porquê de achar doentio que se discuta a fusão dos 3 concelhos em causa, quando o próprio blogue tem defendido e bem na minha opinião a fusão de alguns concelhos.

Quanto ao blogue não fiz qualquer outra referência que não a constatação de um facto.

Agradeço a colocação da notícia, pois penso enquadrar-se no blogue.

Atenciosamente
Carlos Santos
Caro Carlos Santos:

A sua falta de percepção daquilo que se defende ou não aqui no blogue vê-se quando diz que por cá defendemos fusão de freguesias e concelhos, quando já deixámos aqui bem claro, todos os que aqui participamos, que somos profundamente contra mexidas no mapa municipal.

Não deixa de ser elucidativo da sua mentalidade "tudo por Braga, nada contra Braga", nem que para isso tenha de sacrificar os serviços, especificidades e identidade de Vila Verde e Amares, que defende que devem ser anexados... a Braga.

Tal como defende que a «região Minho», inventada algures pelo século XIX, contra uma região Entre-Douro e Minho que já é anterior à fundação da nacionalidade, uma gritante concentração de tudo o que seja serviço em Braga.

Tal como defende a promoção de Braga a um nível superior em relação aos elementos do Quadrilátero, querendo-lhe atribuir domínio absoluto sobre Guimarães, Barcelos e Famalicão (já lhe chama Área Metropolitana de Braga e tudo!!!), nem que para isso tenha de se cortar os laços destes 3 últimos concelhos com Santo Tirso, Felgueiras, Trofa, Vila do Conde e Póvoa de Varzim.

Nem que para isso se tenha de dividir artificialmente ao meio uma das regiões históricas e naturais do nosso País.

É como querer cortar um feixe de veias e artérias ao meio, cortar ligações, e esperar que as coisas funcionem bem...

Braga, Braga e mais Braga. É nisto que se resume a sua visão de Minho.

Cumprimentos,
O ponto onde quero chegar é que isto é elucidativo de como os bairrismos exagerados dão cabo das ideias de Regionalização.

No Terreiro do Paço está tudo concentrado... no Porto berra-se contra isso mas também se quer tudo no Porto, em Braga berra-se contra as ideias do Porto, mas quer-se tudo em Braga...

No fundo, é como diz o Vasco Santana n'"A Canção de Lisboa": "Carneiro amigo, andamos todos ao mesmo..."
Carlos Santos disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Santos disse…
Caro João Marques Ribeiro

Não pretendo abrir mais uma série infindável de mensagens e contra-mensagens, indo buscar assuntos diversos para a discussão.
Nunca defendi uma Área Metropolitana de Braga que engloba-se Guimarães e Famalicão pois tratar-se-ia de uma Conurbação conceito que nem está contemplado na parca legislação Portuguesa sobre este assunto.

Quanto à regionalização já argumentei porque o Litoral e Interior não devem ficar juntos, e porque as grandes AM Lisboa e Porto devem ser regiões administrativas.

E tem razão não defendem as fusões, apenas as mencionaram.

Cumprimentos
manuel amaro disse…
A Regionalização é importante, mas não é urgente.
A reorganização (redução) dos municípios e freguesias é importante e urgente.
Mas juntar Vila Verde a Braga, não é nenhuma reorganização... é o mesmo que combater os monopólios do Salazar e juntar QUATRO Companhias de Seguros na Caixa Geral de Depósitos.
Tal como juntar municípios ao município de Aveiro.
Rabos escondidos, com os gatos de fora...
Mentalidade de "quintinha"... quanto vou ganhar e quanto vou perder.
Caro Manuel Amaro:

Realmente, com o Estado a que chegámos, com empresas públicas a deverem o que devem, com a CP a dever mais que as autarquias do País todas juntas, e com o problema gravíssimo de despovoamento que temos nos concelhos e freguesias mais pequenas, acho que realmente a prioridade deve ser mesmo lançar a confusão no País e mexer num sector que representa 0,1% da despesa-freguesias (um balúrdio!!)- ou então 5%- municípios (outro balúrdio!!!).

(fim de ironia).

Municípios e freguesias, afinal de contas, sempre formam o único sector em Portugal que mantém vivo 1/3 do País e presta serviços de facto à população.

É aqui que acha que estão os problemas do país? É esta a prioridade?

Basta de demagogia!