A ecoimigração: Monchique (Algarve), abandonado pelos portugueses, um paraíso para os estrangeiros (parte II)

(continuação da parte I)

«A autora cita outros autores como APPADURAI que refere “ há uma necessidade urgente de focalizar as dinâmicas culturais naquilo a que hoje se chama desterritorialização “( APPADURAI, 1997, p49).

O modo de vida destes imigrantes ecológicos não é visto da mesma forma que as populações locais, os primeiros vêm-na como um objecto de arte onde muitas vezes dedicam-se à criação de peças artísticas a partir de matérias-primas da natureza, ao paço que as populações locais sentem como sendo o seu meio de sustento ou o seu subterfúgio à sanidade mental, como refere JENKINS.

As actividades dos estrangeiros são bastante dinamizadoras nas acções económicas e culturais do concelho apesar de muitos considerarem o contrário. Em exemplo disso são: O Ómega parque, único zoo com mais de 100 espécies em vias de extinção sendo 30 delas raras no mundo; Hotel de gatos; Galeria da porca preta e o projecto de trenó estival no Fóia. Promovem-se também exposições de pintura, tai chi chuan, massagens relaxantes, aromaterapia, acupunctura reflexologia, astrologia, cristaloterapia, ioga, meditação, defesa pessoal, karaté, passeios a cavalo e bicicleta. A par destas actividades, a junta de freguesia de Monchique promove todos os anos desde 1995 a feira “Artechique” que tem aumentado o número de participantes / expositores estrangeiros residentes. Monchique anualmente é visitado por mais de um milhão de turistas, o que potencia uma hipótese de fruimento de negócios relacionados com o turismo em espaço rural.

Em súmula a autora refere que esta população imigrante tem características únicas que só se começa a verificar nos últimos anos no Algarve. É um tipo de população que procura lugares com climas amenos e uma forte relação entre a qualidade de vida e o Património natural. Algumas diferenças ao nível económico e etário e duas dualidades distintas entrem os dois tipos de ecomigrantes, os que vivem acima da média das famílias portuguesas e os que subsistem da sua autoprodução.

Predominância de novas gerações de imigrantes residentes nascidos no concelho de Monchique e a fixação dos descendentes dos primeiros residentes.

A autora menciona ainda que a imigração averiguada no estudo, possa ser designada de ecoimigração pela existência de razões ecológicas na sua base, razões estritamente ligadas à procura do aumento da qualidade de vida no meio rural.

Conclui ainda que pela forma como os residentes estão integrados no meio, considera-se que estes podem ter um papel significativo no desenvolvimento turístico em espaço rural e na dinamização económica e cultural do concelho.»


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