Portugal enrugado


O Prof. Adriano Moreira defende, há muitos anos, que o nosso país deveria ter um Conceito Estratégico Nacional que fosse para além do tradicional conceito de defesa nacional.
Esse CEN deveria reunir as grandes linhas, para uma geração, da nossa política económica, de assuntos externos e de defesa e segurança. Deveria mesmo, constar de um preceito da Constituição, que obrigasse a um amplo consenso politico-partidário.
Estamos muito de acordo com o Prof. Adriano Moreira. Em boa verdade, os portugueses nunca souberam de um qualquer elemento de política que reunisse as grandes metas a que a circunstância e a conjuntura de cada governação deveriam obedecer.
Vem esta referência a propósito do conhecimento da realidade portuguesa, decorrente do Census 2011. Somos mais, somos mais velhos e vivemos, cada vez mais, enfiados em cidades. Esta realidade, mostrada a cru, não pode deixar de merecer uma atenção por parte dos nossos representantes políticos e obriga a uma ponderação do que fazer.
Se já tivéssemos o Conceito Estratégico Nacional poderia ser aí, nesse âmbito e nessa discussão, que se reflectisse o futuro pós-census.
Há uma realidade preocupante – o país encolheu, deixou de ter gente activa em muita da sua fronteira e essa circunstância contradiz as regras tipificadas de um Estado. Portugal é hoje um Estado mais piqueno do que era há dez, vinte ou trinta e oito anos.
A desertificação e o envelhecimento são duas pragas para as quais importa encontrar o respectivo veneno. A não tomarmos medidas teremos, em 2021, um Portugal ainda mais minúsculo e mais submerso no litoral.
O que fazer? Pôr os políticos de acordo. Ao PSD e ao PS não pode restar qualquer margem de desculpa para continuarem a olhar para a “banda a passar”.
O investimento nacional e estrangeiro deve ser feito de forma descentralizada e nos concelhos do interior; A instalação de novos serviços públicos e a reforma de outros, deve ter em conta a sua colocação nos territórios mais interiores; O custo do trabalho deve ser mais baixo no interior e a política fiscal deve ser, verdadeiramente, discriminatória – mas não a fingir, como habitualmente; A formação profissional e superior deve ser revista e deve potenciar os novos nichos de investimento a deslocalizar; Os municípios devem reduzir, quase eliminar, as taxas e tarifas para novo investimento; O governo deve criar uma unidade de missão para que possa desenvolver uma política integrada e o parlamento deve criar uma comissão eventual que trate especificamente do novo Conceito Estratégico que inclua a nova visão sobre o território.
Portugal, como espaço histórico vivo, não pode desparecer. O rural deve regressar às políticas públicas e as práticas agrárias devem merecer um novo tempo de investimento. Para isso é urgente olhar a nova realidade e agir. Os portugueses não aguentam mais este caminho.

® 2011.07.17 – ALSS  

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

É muito sintomático que as propostas de natureza estratégica, como as apresentadas pelo Professor Adriano Moreira, em nada diferentes de conteúdo das que correspondem à regionalização autonómica, não tenham aqui nenhuns comntários em sua defesa.

A não ser que 'quem cala, consente.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)