Túnel do Marão: Um túnel errado

Lemos na imprensa económica, sobre a grande dificuldade  por que está a passar o consórcio a quem foi concessionada a construção e exploração do Túnel do Marão. Sem recursos próprios suficientes, com incontáveis problemas de justiça provocados pela singularidade da construção, com uma situação grave no acesso a crédito bancário que se encaixe nas taxas de rendibilidade do projecto aprovadas, o grupo de empresas não consegue fazer seguir a empreitada e o governo tem dificuldades em ajudar.
A situação, esta situação, é de há uns meses. Porque a situação económica e financeira se degradou, porque as dificuldades de refinanciamento se estreitaram. Mas há questões que sobram, neste projecto.
A decisão de criar uma alternativa segura ao IP4 não poderia ser adiada. Daí a consideração de que, fazer avançar um novo projecto, se afigurasse urgente. Sempre afirmamos que este novo projecto deveria contemplar o pagamento de portagens, e esta nossa posição está escrita desde 2001. Mas tudo deveria ter sido diferente.
De 2005 a 2009, período em que estivemos em funções governativas, fomos acompanhando o processo. A determinado momento, pensávamos ter convencido, quem de direito, do interesse que havia de fazer coincidir o prolongamento da A4, de Amarante até Vila Real, com o futuro IC 26. Havia a vantagem de resolver dois problemas – o acesso ao Douro e a criação de uma via segura.
Foi com pena que assistimos, em RSE, à proposta de decisão de construção de uma via que se sobrepunha ao ainda IP4 e que, numa parte significativa, era em túnel. Às perguntas feitas aos peritos, que tinham a incumbência de fazer seguir o projecto, foi-nos dito que essa tinha sido a “melhor solução técnica”.
Poderá ter sido a melhor solução técnica. Poderemos ter uma obra extraordinária, sob o ponto de vista de engenharia. Mas ela é muito mais cara e resolve menos problemas do que uma alternativa a nascente e à superfície.
Aquando da assinatura dos contratos destas empreitadas, assumimos a nossa posição discordante. Mais, perguntamos sobre a separação/autonomização das concessões, e questionamos mesmo, sobre as razões económicas e de garantias que o caminho seguido poderia por em causa. Tudo estava assegurado, disseram-nos.
Agora o túnel está parado. As restantes concessões, a norte e a sul, avançam com a obra. E para termos uma decisão, no curto prazo, é exigida uma draconiana lista de compromissos.
Lamentamos. E lamentam os transmontanos e vila-realenses, que anseiam por uma nova estrada. Mesmo com portagens…
 ® ALSS

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