"Temos que evitar o despovoamento do Interior"

Autarcas nordestinos apelam ao Governo que ajude a fixar pessoas no Interior

O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) de Trás-os-Montes afirmou hoje que compete ao Governo criar políticas e mecanismos que evitem o despovoamento do Interior e criem novas oportunidades para fixação de pessoas na região.

«Terá de haver políticas de âmbito nacional, de domínio fiscal ou de descentralização da administração pública. Quem tem responsabilidade nos órgãos de soberania nacional tem de olhar para o território e para os seus recursos de uma forma diferente», disse à agência Lusa o também presidente da câmara de Bragança, Jorge Nunes.

Segundo o autarca, o Governo não pode retirar benefícios fiscais ao interior, impedindo assim a instalação de novas empresas e a criação de postos de trabalho que fixem os jovens a terra.

«Não podem pedir mais responsabilidades aos municípios para darem mais incentivos à natalidade ou para a criação de novas empresas, tudo isto junto não representa nada. O modelo de desenvolvimento para o território tem de ser equacionado de forma diferente», acrescentou.

Para Jorge Nunes, não é com subsídios à natalidade que se consegue inverter o despovoamento, mas sim com políticas de incidência regional que resolvam os problemas do «grave desequilíbrio demográfico» existente no país.

«O necessário passa por fomentar políticas de rotura com o passado, de forma a reequilibrar o país do ponto de vista populacional», frisou o autarca.

Por seu lado, o presidente da câmara de Vimioso, José Rodrigues (PSD), aposta na atribuição de subsídios à natalidade há cerca de uma década e ao mesmo tempo disponibiliza terrenos para empresas ou habitações a preços simbólicos, mas também pede mais atenção do Governo para o Interior.

«Estamos a atribuir um incentivo de mil euros por criança que nasça no concelho. O aumento de nascimentos não se deve, porém, ao prémio mas sim a um conjunto de políticas de fixação de pessoas que tem vindo a ser tomado», acrescentou o autarca.

José Rodrigues disse ainda que a criação deste incentivo foi uma forma de alertar o Estado central para o despovoamento do Interior.

Berta Nunes, (PS) a única mulher a dirigir uma câmara no distrito de Bragança, acrescenta que dar uma pequena ajuda à natalidade é «simbólica» porque ninguém se fixa em lado nenhum por receber pontualmente um subsídio.

«Esta é apenas uma medida de boa vontade que visa mostrar que os municípios estão preocupados em fixar pessoas nos seus territórios, mas não é por aí o caminho. As pessoas abandonam o território porque não têm emprego», acrescentou autarca de Alfandega da Fé.

A autarca considera que na região as câmaras tentam dar o seu apoio, mas a questão central é a criação de emprego e trata-se de política nacional.

«O Estado tem que perceber que tipo de país quer» concluiu.

O autarca de Freixo de Espada à Cinta (PS) apela a criação de políticas viradas paras para sector primário no interior do país.

Na opinião do José Santos, as políticas fiscais para o Interior terão de ser revistas e promover mais apoios efectivos aos agricultores da região.

Lusa

Comentários

pimenta disse…
Bom dia,

Ao ler o artigo não resisto a tecer o seguinte comentário:

Se a desertificação é no interior, a iniciativa deveria partir desde logo do interior, mas o que vejo é que muito se fala e pouco se faz.

Se as pessoas do interior vão estar à espera da inciativa do poder central, bem podem esperar que o resultado será sempre o mesmo, "nada".

Visito frequentemente o interior do país, em especial a região de Trás-os-Montes, porque considero a região mais bonita do país e considero-me completamtente isento pois não tenho qualquer raiz familiar que me ligue à região, e o que vejo são aldeias abandonadas.

Há anos que tento arranjar uma casa (comprada ou alugada) numa qualquer ideia, onde me possa fixar com a família, bem numerosa por sinal, pois tenho uma profissão que posso exercer no interior sem qualquer limitação (Técnico Oficil de Contas) e nos contactos que tive, encontro muita gente que pede fortunas por um monte de ruinas ou que simplesmente recusam vender ou alugar preferindo assistir à degradação crescente.

O que têm feito os autarcas da região para travar isto?

Existe algum levantamento das casas degradadas?

Aconselha-se a população a alugar, vender,ceder, concessionar, etc as suas casas que já não utilizam?

Notificam-se os proprietários para fazer as obras?

Reavaliam-se as casas para aumentar a receita do IMI?

Deixo estas questões em forma de sugestão para que talvez um dia destes eu encontre uma casa disponível na região.

Obrigado

Edmundo Pimenta
Caro Edmundo Pimenta,

Este seu depoimento vem contrariar muito daquilo que se tem dito sobre o interior do país.

Cumprimentos