Defender a Regionalização

Por muito louvável que seja a proposta do presidente da Câmara de S. João da Madeira para a criação de uma região Grande Porto que vá da Póvoa de Varzim até Oliveira de Azeméis, indo a votos já em 2013, a verdade é que este é o tipo de projectos que podem significar o adiar sine die o projecto de Regionalização.

Dirão alguns que perante as reticências do poder político em avançar com esta reforma administrativa, criar grandes áreas metropolitanas com líderes eleitos é melhor do que nada. Não é verdade. Ceder na defesa da Regionalização é intolerável e não pode, de forma alguma, ser compensada com soluções menores, se bem que carregadas de boas intenções.

Percebe-se a bondade da proposta de Castro Almeida. Há que dar músculo à região, fazê-la crescer em termos de influência, permitir-lhe engrossar a voz. Mas há engulhos no caminho Primeiro, esta não é uma ideia pacífica junto dos autarcas. Depois, Lisboa nunca permitirá que um projecto do género ande em frente.

Imagina alguém que o Terreiro do Paço alguma vez permitirá, de ânimo leve, que seja criada a maior e mais poderosa região portuguesa? O poder é afrodisíaco e quem o detém só muito dificilmente dele abre mão.

O que os responsáveis políticos devem perceber rapidamente é que Lisboa não vai abrir mão da sua influência do dia para noite. Vai vender cara a derrota. Se é que alguma vez estará perto de perder a partida.

O que o Norte e o Porto precisam para já é de unir-se em torno da defesa de algumas infra-estruturas fundamentais para a região, e para o país. Falo obviamente do porto de Leixões e do Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

É absolutamente inconcebível que a gestão destes equipamentos seja feita a 300 quilómetros de distância, por tecnocratas sem o menor conhecimento do terreno e sem sensibilidade para as reais necessidades do Norte. A proposta que anda por aí é muito simples, principalmente no que diz respeito a Leixões: fazem-se uns transvazes financeiros e o bem gerido porto nortenho passa a contribuir activamente para tapar os buracos dos restantes. Isto é inconcebível. Se é para centralizar a gestão, por que não fazê-lo no Porto? Ou há gestores que não concebem estar longe das óperas do S. Carlos e dos copos do Bairro Alto?

Rui Rio diz que não disse, mas eu digo-o: esta ideia do Governo é uma “mierda”.

por ,Miguel Ângelo Pinto 
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