A importância do Metro

O Metro do Porto é seguramente o investimento mais estruturante feito na região nas últimas décadas. Para lá de alterar, em alguns casos de forma radical, a paisagem urbana, foi determinante na mudança de comportamentos das pessoas em termos da utilização do transporte público.

Em pouco tempo, as pessoas apropriaram-se do metro e começaram a encará-lo como uma verdadeira alternativa ao calvário que sempre foi entrar e sair do Porto em horas de ponta. A obra tornou-se assim uma bandeira da região.

É verdade que foram tomadas algumas opções discutíveis em termos de calendarização dos trabalhos. Não se pensaram no imediato nas linhas mais importantes, outras houve que ficaram amputadas, mas a obra fez-se e tirou milhares de automóveis do centro da cidade, com tudo o que isso acarreta de fluidez do trânsito e ganhos ambientais.

Entretanto, foi-se pensando numa segunda fase, projectada para fazer chegar o metro a zonas muito populosas. Só que a crise desabou com toda a força sobre o país e tudo ficou em suspenso. A braços com uma dívida assinalável (fruto de uma opção governamental perfeitamente obtusa e que obrigou ao constante endividamento junto da banca), o Metro do Porto foi apresentada como um dos exemplos de tudo o que está mal na política de transportes em Portugal. Não é verdade.

Apesar de o investimento público estar praticamente congelado em Portugal, era de começar desde já a pensar na possibilidade de com os fundos comunitários disponíveis para o período 2014/2020 avançar com, pelo menos, a segunda linha de Gaia e o prolongamento da de Gondomar até Valbom.  Parar de vez com o projecto do metro é uma asneira que, no futuro, pode ter custos elevados.

Curiosamente, o Metro de Lisboa vai chegando aos sítios mais incríveis e sempre financiado por dinheiros públicos.

Por isso, e voltamos ao assunto, a regionalização talvez pudesse ser a solução para alguns destes problemas. Façam a divisão administrativa do país de uma vez, entreguem às regiões as competências em áreas como os transportes e deixem cada uma delas gerir no terreno aquilo que melhor conhecem.

Enquanto houver um accionista de uma empresa do Porto sentado num qualquer gabinete do Terreiro do Paço a ordenar cortes apenas baseado na máquina de calcular, não vamos lá.

Autor : Miguel Ângelo Pinto 
@GrandePorto
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