É inevitável o desaparecimento do interior?

Montalegre – vencer o destino

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É inevitável o desaparecimento do interior? Há quem diga que sim. E essa inevitabilidade passa pelo facto de não existirem oportunidades para os jovens, nem um futuro minimamente compensador. Muito do território interior sente o efeito conjunto da redução da natalidade, da emigração para as grandes cidades e para o exterior, e da ausência de empregos.

Para além disso, o mundo em que vivemos desenvolveu uma certa repulsa pelo rural, pelas especificidades regionais, dando a ideia de que elas significam pobreza e atraso. Ora, isso não acontece em muitos dos países mais ricos da Europa, onde os regionalismos, a agricultura, a floresta e as atividades correlacionadas continuam a ser espaço de progresso.

Vem isto a propósito de mais uma “Sexta-Feira 13” que levou, a Montalegre, milhares de pessoas.

Montalegre era um concelho sem destino no final da década de 80. Em 20 anos encontrou o seu caminho na relação com o seu território e capacidade de captar públicos e atividades. Assinalar, com grandes feiras, os produtos da terra, os enchidos e carnes de raças autóctones;  promover concursos de pesca, campeonatos de automobilismo pesado e de parapent; assumir as realidades supersticiosas dos povos, com os festivais de chás, mezinhas, e bruxedos; promover a realidade específica das “chegas”, tudo isto faz com que o concelho tenha uma agenda nacional e ibérica que o impõe e impede o seu desaparecimento.

A somar a tudo isto, Montalegre é uma das entradas do único Parque Nacional que o país tem, e um dos concelhos que mais energia hídrica produz.

Tivera Montalegre um acesso rápido a Braga, que não precisava de ser uma autovia, nem um IP, nem um IC, bastava que fosse um pouco melhor do que a atual, e o sucesso seria ainda maior.  

Este concelho, a sua edilidade, souberam saltar a cerca. Não se confessaram impotentes para servirem de “amarrador” de iniciativas. E o seu espaço no Norte e na Galiza poderá continuar a assumir-se, para o futuro.

Talvez possamos tirar o molde e aplica-lo por aí. Afinal o nosso país não é só o sol, o mar e os rios. É montanha, é saúde, e é paz.

® 2012.07.16 – ALSS

Comentários

Anónimo disse…
"É INEVITAVEL O DESAPARECIMENTO DO INTERIOR ?"
Não. O desaparecimento do interior não só não é inevitável como não faz qualquer sentido falar-se do seu desaparecimento. Antes pelo contrário, o que talvez venha a ser inevitável, seja o desaparecimento do litoral ! mas, isso é outra conversa...
O que m levou a comentar este artigo é a sua excelência. Este artigo, constitui uma autentica lição do que é escrever algo sobre o interior, de forma isenta, desapaixonada e honesta. Cá está, este seria um bom tema para debate, entre regionalistas e patriotas de boa vontade.
Os meus parabéns ao Dr.Ascenso Simões, autor deste artigo, e ao bom gosto dos gestores deste Blog.
Cumprts,
Francisco Laranjeira
franciscolaranjeir@sapo.pt
Anónimo disse…
Montalegre não tem ligação em condições a Braga porque não é representada por ninguem. Não pertence a nenhuma região que a defenda. Se houvesse a região de Tras-os-Montes e do Minho certamente que essa estrada seria melhorada ou feita uma em condiçoes. Como não há, as vozes que dizem defender a região preferem fazer metros até a Povoa que não tem viabilidade economica e fazer circulares á volta da cidade completamente às moscas (A41).
Anónimo disse…
Resp.ao Anónimo, 02:59:00PM:
>>> Por mim, a estrada Motlgre/Brga está muito bem assim (independentemente d o Norte estar ou não Regionlzado). O q precisará é d algumas correcções técnicas, a fim d a tornar mais segura.Esta estrada é, eminentemente, uma estrada de alta montanha, logo, lenta por natureza, a condizer c o gigantismo (algo assustador) da sua extraordinária beleza paisagistica. Tornar esta via mais rápida, seria uma agressão inqualificável de lesa natureza, onde tudo é lentidão. Mais cedo ou mais tarde, o nosso País acabará por ser totalmente Regionalizado, tais são as evidências da sua necessidade e os seus benefícios, o q não quer dizer q, a partir dessa realidade, tudo tenha q ser aferido pela velocidade. Tanto quanto sei, uma estrada mais rápida (nesta região), não será tecnicamente possivel, nem desejável, digo eu.
Cumprts
Francisco
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