"Tal como a economia, a primeira divisão do futebol português concentra-se no litoral"

Competitividade dos clubes beneficia da força das economias locais .      

Estar numa área industrial e de bom rendimento per capita, ter boas infraestruturas e desenvolver talentos são os três aspetos fundamentais para um clube de futebol ser competitivo, defende um estudo da Universidade do Minho (UM).

Segundo o estudo do professor Paulo Reis Mourão, da Escola de Economia e Gestão da UM, e publicado na revista ''Journal of Sports Sciences'', tal como a economia, a primeira divisão do futebol português concentra-se no litoral.

O docente lembra que há 12 anos, desde o Campomaiorense (Alentejo), que o principal campeonato do futebol português não tem um representante do interior.

Paulo Reis Mourão realça que, após o salazarismo, a maioria dos clubes da I Liga vem ''do eixo da autoestrada A1'', sobretudo acima do rio Mondego, notando que, nesta temporada, Braga é o distrito com mais emblemas: Sporting de Braga, Vitória de Guimarães, Gil Vicente e Moreirense, curiosamente todos no eixo da A11.

Esta concentração geográfica não é coincidência, defende.

''A nível europeu confirmámos três aspetos para um clube ser competitivo: estar numa área industrial e de bom rendimento per capita, ter boas infraestruturas e desenvolver talentos''.

As 16 equipas da I Liga são de distritos que valem cerca de 70 por cento da população e de localidades que, em geral, têm poder de compra acima da média, o que indicia a força da economia local para gerar excedentes e potenciais patrocínios.

Os estudiosos dizem que muitos clubes de uma região em ligas de topo tornam os vizinhos competitivos, mas também limitam o acesso a patrocínios, como terá sucedido com o peso de Benfica e Sporting na capital.

No pós-25 de abril, as empresas a sul do Tejo estagnaram e emergiram as têxteis do Vale do Ave.

Históricos da Grande Lisboa, como o Oriental, a CUF, o Barreirense ou o Montijo, deram lugar a clubes do Norte, como o Penafiel, Rio Ave ou o Sporting de Espinho, e até das ilhas, como o Nacional e o Marítimo.

O setor têxtil foi decaindo, arrastando Aves, Tirsense, Famalicão, tendo a crise atacado a própria cidade do Porto (Salgueiros, Boavista).

Na II Liga repete-se o domínio litoral e acima do Mondego. Dos 22 clubes em 2012/13, as exceções são Belenenses, Atlético, Benfica B, Sporting B (todos de Lisboa), Santa Clara, União da Madeira, Marítimo B (ilhas), Sporting da Covilhã e Tondela (ambos do interior).

@Lusa

Comentários

pasteldevouzela disse…
Para além dos 3 aspetos referidos, parece-me existir um quarto que tem a sua importância: não existirem clubes que monopolizem os patrocínios, como acontece no sul com Benfica e Sporting. A norte apenas existe o FC Porto com uma afirmação estável, acompanhado por fenómenos de curta duração. Talvez o Braga...
Anónimo disse…
Todas essas ideias as desenvolvi eu há mais de 15 anos: http://pt.scribd.com/doc/39200506/Geografia-Do-Futebol-Portugues

José Alexandre
Anónimo disse…
http://pt.scribd.com/doc/39200506/Geografia-Do-Futebol-Portugues