TOQUE SUBTIL NA REGIONALIZAÇÃO !

Mesmo a começar

1. O Minho, tal como o Grande Porto, está num ponto de viragem. O que é muito importante (e fundamental) para o futuro de todos nós que fazemos deste espaço verde o local onde passamos os nossos dias.
Vale, pois, a pena seguir com muita atenção o que os principais líderes a norte do Douro vão dizendo e começando a fazer.

2. Para já, importa partir do Minho. Onde a marca de liderança vimaranense começa a agitar os novos responsáveis autárquicos. Mesmo que o atual presidente bracarense, Ricardo Rio, vá tentando serenar olhares – “não há aqui uma questão de disputa de protagonistas ou de preponderância entre os vários concelhos” (Igreja Viva, 13.12.03) – a verdade é que a primeira medida politica que tomou foi vir até Guimarães almoçar como o seu homólogo vimaranense.

3. Domingos Bragança há muito que está com os dois pés dentro da Universidade do Minho e quer, agora que é presidente, que a inovação vimaranense passe pela UM. Vinque-se uma afirmação sua em entrevista ao diário bracarense Correio do Minho: ”a base de tudo é o conhecimento”.

Falar de Bragança é falar da nova dinâmica do Quadrilátero Urbano do Minho. Mesmo que o atual titular de Santa Clara não tenha problemas em assumir (Correio do Minho, 13.11.30, em entrevista a José Paulo Silva) que contribuiu para a decisão de Guimarães abandonar aquela associação de municípios, “que estava com 10% de execução e, como tal, não era possível Guimarães continuar”.

4. Da entrevista que Rio concede ao suplemento do Diário do Minho importa reter a resposta do presidente bracarense à pergunta sobre o facto de a sua primeira ação politica ter sido o almoço com Bragança em Guimarães – ”se tem medo que Guimarães ganhe o título de capital do Minho” – Rio destaca que “há algo que é positivo: o espirito de cooperação que deveria ser cultivado. (…) entre concelhos de dimensão relativamente semelhantes, como é o caso de Braga e Guimarães”.

5. Do outro lado, Bragança vai avisando (Correio do Minho, 13.11.30) que “no momento em que perceber que algo não está a ser feito com lealdade” fará com que Guimarães “abandone os espaços institucionais que ocupa”.

6. Ricardo Rio também sabe que só de mãos dadas e não de costas voltadas, o Minho poderá ombrear com o Porto. Por isso, acredita “piamente que este esforço é útil e que dele podem resultar projetos que a todos possam beneficiar” (Igreja Viva, 13.12.03). E Bragança também sabe (bem) o que está em causa: “eu não me iludo: a cooperação é competitiva. Braga e Guimarães têm a ganhar se souberem lidar com a situação de que são muito fortes e que nenhuma cidade lidera a outra”.


7. Gosto desta forma de olhar o futuro no Minho! Acredito que o norte vai sair reforçado, acredito mesmo! E nós, minhotos convencidos que as guerras paroquiais só nos matarão todos os sonhos, não temos razões para virar as costas ao Porto. Porque assim, estaremos ombreados contra o centralismo de Lisboa.


Nota final: Uma ideia fundamental de Bragança: “é necessário criar um quadro regional que tenha em atenção o território do país”. Gosto imenso deste toque subtil na regionalização!

@casimiro silva

Comentários

claudio disse…
finalmente . um minhoto que ve a realidade alem de guerras paroquianas. o porto e o minho estao e serao uma so area urbana com cada vez mais ligacoes entre eles a todos os niveis ! sociais laborais e turisticos. e eu sendo do porto nao me importo nada que a capital dessa tal regiao seja braga ou guimaraes. ate prefiro!
Carlos Santos disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Santos disse…
Durante vários séculos e até ao século XIX, a capital do Entre Douro e Minho era Braga.