A deslocalização do Infarmed mostra as raízes do centralismo.



O centralismo não é uma mera opção de um governo. Não resulta de uma mera vontade programática. 


Há fatores muito mais profundos, ligado às elites e aos grupos que beneficiam da proximidade ao centro e dela se alimentam. Recorrerão a todos os argumentos: a tradição, as sinergias ou o bem-estar dos profissionais. Tudo servirá para manter o status, reforçando-o e eternizando-o. 

Será assim com a descentralização. O poder político quer, as elites e a tecnocracia tudo fazem para a impedir. É o instinto de sobrevivência, a convicção numa superioridade territorial, a noção provinciana de que são o centro das decisões.

O centralismo é mais do que uma vontade política, é uma forma de estruturação social enraizada e reprodutora de si própria. Quanto mais tem poder, mais quer; quanto mais manda, mais dificuldades terá para abdicar do poder.

Deixar-nos-á “beneficiar” de uma certa “descentralização” para substituir vidros ou fechaduras de escolas ou centros de saúde, mas não cede nenhum poder concreto e efetivo de decisão sobre os nossos problemas.

Será sempre assim enquanto não nos convencermos todos que a regionalização é o único caminho para tentar inverter tudo isto. Esperemos que não seja tarde.

Eduardo Vítor Rodrigues

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