TOMAR A INICIATIVA NAS NOSSAS MÃOS?

É confrangedor o estado de conhecimentos da nossa classe política sobre a Regionalização.

É aterrador pensar o que isso significa relativamente ao estado de esclarecimento da população portuguesa sobre este assunto.

Na maior parte dos casos, o cidadão medianamente informado associa a “Regionalização” ao referendo que há sete anos lhe sentenciou um “não”, aos excessos deploráveis do estilo de Alberto João Jardim (apesar de reconhecer os aspectos inegavelmente positivos da experiência autonómica, particularmente na Madeira…), à corrupção da nossa classe política, em especial a dos autarcas, mas sobretudo à ineficácia da actual Administração Pública portuguesa, temendo pelo agravar sem controle daquilo a que, na consagrada linguagem do jornalismo e comentarismo político lusos, se cunhou de “despesismo”…

Perante este quadro desolador, há alguns “líricos” que insistem em relevar os benefícios da descentralização administrativa, que apontam esse como o caminho natural que foi percorrido pelos principais Países democráticos do Ocidente, em especial da esmagadora maioria dos nossos parceiros europeus, que no fundo não desistem de acreditar que, um dia, Portugal conseguirá aceder a semelhantes níveis de progresso social e político, inseparáveis do ansiado desenvolvimento material e económico.

Detecta-se assim neste quadro uma claríssima contradição: a Regionalização é incontestavelmente inatacável, “em teoria”, mas acontece que “na prática”, “neste País” e com “esta classe política incompetente”, quaisquer vantagens decorrentes de acompanharmos os novos tempos e os nossos companheiros de percurso na cena internacional reverteriam, objectivamente, em maiores desgraças para a Nação, quiçá com o surgimento de ódios e desavenças que não conhecemos na nossa Pátria desde os tempos da Ditadura ou até, sabe-se lá, da terrível e silenciada Guerra Civil subsequente ao advento do Liberalismo.

Como ultrapassar então esta aparentemente insolúvel dificuldade?

(continua)

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