Lisboa e o Centralismo



É conhecido o peso que o Estado tem em Portugal. José Mattoso defende mesmo que, no caso português, o Estado precedeu a Nação, formou a Nação.

Foi esse peso perene do Estado que impediu a formação de uma classe média autónoma, independente e amante da liberdade que assegurasse as reais condições de progresso do país.

Por falta dessa classe média orgulhosa e pensante, o país perdeu todas as revoluções industriais até hoje. A classe média portuguesa é uma classe funcionária, feita pelo Estado, dependente do Estado e, por conseguinte, profundamente respeitadora e obsequiosa do Estado, ou melhor, do poder instituído, de qualquer poder instituído.

É igualmente sabido que, em Portugal, o Estado se confunde com o poder central e este com Lisboa. Sem benefício para o país e com prejuízo para Lisboa.

O país sufoca sob o peso do centralismo lisboeta, desertifica-se, esvai-se, anula-se, morre.

Lisboa, por sua vez, mergulhada no tédio mediocratizante do funcionalismo público que a domina, reprime e nega a sua vocação natural de metrópole africana na Europa, ou metrópole europeia em África, de grande porto de mar, a abrir os braços à Europa que parte e à América que chega.

posted by Funes

Comentários