Regionalização POLÍTICA


LUSA
17 de Junho de 2007, 16:01



O presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), Rui Moreira, considera que a regionalização administrativa do país é insuficiente para atingir os objectivos, defendendo que se deve começar a pensar numa regionalização política.

"Temos que ir mais longe que a regionalização administrativa do país, é altura de pensar se não precisamos de uma regionalização política", afirmou Rui Moreira numa entrevista à estação de televisão Porto Canal, que será emitida hoje à noite.

Para o presidente da ACP, "a coesão nacional está a ser posta em causa pelo centralismo do governo", recordando que actualmente começa a ser comum nascer, estudar, fazer compras ou atestar o depósito de gasolina em Espanha.

"O governo tem uma ideia diferente do que é interesse público em Lisboa e no resto do país", frisou, considerando que o país "está a viver um momento muito complicado".

Na entrevista que concedeu ao programa 'Primeiro Plano' da Porto Canal, Rui Moreira assumiu que a ACP é um "lobby regional", lamentando que não existam mais instituições na região norte que apresentem publicamente os seus pontos de vista.

"Já houve, mas penso que se cansaram, perceberam que os seus interesses particulares estavam a ser prejudicados ou fartaram-se de ficar a falar sozinhas", afirmou Rui Moreira, para quem o Porto "está a ser subjugado e calcado".

Nesta entrevista, o presidente da ACP voltou a defender as vantagens de uma gestão regional do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, questionando o modelo de privatização da ANA "agarrado" ao futuro Aeroporto de Lisboa, que poderá condenar Pedras Rubras a um papel "irrelevante".

"Isto preocupa-me porque o parceiro privado que o governo vai encontrar ficará com o monopólio dos aeroportos nacionais", frisou.

Nesse sentido, Rui Moreira manifestou o receio de que, "na medida em que a Ota vai ser um aeroporto muito caro, esse parceiro privado, que não tem interesses de cidadania e quer ter lucro, acabe por decidir apostar primeiro na Ota e só depois se preocupará com os outros aeroportos".

Por essa razão, defende que "o governo não entregue tudo" à mesma entidade, propondo que realize concursos específicos para cada um dos três maiores aeroportos portugueses (Lisboa, Porto e Faro).

"O que eu não quero é que o Aeroporto Sá Carneiro seja privatizado juntamente com a ANA porque o que o governo disse foi que quem ganhar a privatização da ANA fica com o Aeroporto de Lisboa e leva o do Porto como rebuçado", afirmou.

Para o presidente da ACP, a situação do Aeroporto do Porto pode ainda ser agravada com a entrada em funcionamento da linha de comboio de alta velocidade.

"Vamos ter um TGV que sai do Porto e passa pela Ota e o que eu temo é que surja a tentação de utilizar o TGV para canalizar os passageiros para a Ota e que a Ota passe a ser o aeroporto de Portugal e não de Lisboa", frisou.

Rui Moreira assume que o futuro aeroporto de Lisboa será na Ota porque considera que a opção de Alcochete apenas serve "para o governo ganhar uma trégua de seis meses", particularmente importante numa altura em que decorrem eleições autárquicas em Lisboa e Portugal vai assumir a presidência da União Europeia.

"O estudo (elaborado por iniciativa da CIP) foi o melhor presente que deram ao governo", defendeu.

Ainda sobre o comboio de alta velocidade, Rui Moreira criticou a linha Porto/Vigo, considerando que "não tem distância, nem passageiros que justifique um TGV".

Outro problema, segundo o presidente da ACP, é o facto de não estar prevista nenhuma paragem no Aeroporto Sá Carneiro.

"Esta linha (Porto/Vigo) não interessa nada se não passar no aeroporto. Estão a pensar que as pessoas vêm da Galiza, chegam a Campanhã, pegam nas malas, metem-se no metro e vão para o aeroporto. Eu não acredito nisso", frisou.

Comentários

templario disse…
O presidente da ACP fala destas
coisas com a mesma facilidade
que eu falo do meu Benfica com
os amigos à mesa do café: só pá
confusão.

O Dr. Rui Moreira tem temores a
mais para tanta produção de
ideias.

Ainda mal para os da Regionali-
zação (ou regionalismo?).
Anónimo disse…
caro templário,

quando passarmos a falar de separatismo talvez vossa senhoria ( e o seu benfica) se assustem.
Anónimo disse…
Mas o separatismo assusta alguém? Vejam o ar de felicidade dos habitantes da ex-Jugoslávia. Tal como os Arménios, Moldovos e Bielorrussos. Que venha o separatismo. Se não houver Benfica, ao menos que reste o Lixa e os Caçadores das Taipas. Gritemos, pois... Separatismo ou morte, tal como os nossos grandes amigos de CUBA...
Anónimo disse…
separemo-nos, definitivamente.