UNIÃO IBÉRICA?
José Saramago acaba de sobressaltar a consciência nacional com a sua recente confissão de iberismo. Penso contudo que, se outros méritos não tivesse, esta nova “heresia” do nosso «Nobel» (depois dos seus conhecidos e insistentes apelos ao “voto em branco”) seria sempre louvável por, no mínimo, nos fazer meditar um pouco sobre este assunto, tido por um dos grandes “tabus” nacionais.
Já o mesmo não poderá dizer-se da forma superficial, simplista e algo leviana com que fundamentou essa sua (legítima) opinião: afirmar sobranceiramente que a Portugal bastará ter lá a sua Assembleia Legislativa, como as das restantes Comunidades Autónomas ibéricas (para sentir que mantém algum poder nacional), é de uma grosseria e de um pedantismo inadmissíveis, que aliás imediatamente desvalorizam os seus argumentos!
Mas, vendo melhor, talvez a credibilidade não seja de facto a grande vocação dos escritores e dos artistas em geral: para cumprirem o que se espera do seu “papel social” bastar-lhes-á pois agitar as mentes, lançar a discussão, propiciar a reflexão, não necessariamente apresentar argumentos válidos em questões sérias e complexas…
Por mim, que tenho reflectido crescentemente sobre este tema, estou até convencido de que Saramago acerta no essencial: Portugal é de facto, em primeiro lugar, mais ainda do que uma nacionalidade, uma parte integrante dessa vasta entidade geográfica, social, histórica e cultural que é a Ibéria, ou Hispânia.
Que é já, ela própria, um conglomerado heterogéneo e pluri-nacional, que a História acabou por sedimentar, pelo menos até ao presente, em dois Países independentes, mas que inegavelmente possui também, no seu conjunto, uma personalidade e um carácter próprios e que a distinguem, muitíssimo claramente, de todas as outras Nações europeias, bastante mais ainda do que ela é distinta dentro de si!
E, vendo bem, não foi só por “um triz” que Portugal conseguiu, em 1640, tornar-se de novo independente? E não é quase só por uma “unha negra” que a Catalunha (e até o País Basco) não são (já?) igualmente Países?
Mas fixemo-nos por ora no essencial: o que teria Portugal a lucrar com a sua “integração” em Espanha? Sim, porque sabemos bem que a perder teria sempre a sua independência política, o que não é nada pouco…
Como se sabe, uma boa resposta só se pode dar a uma boa pergunta, e a questão assim formulada, quanto a mim, é deficiente e não permite sequer uma abordagem esclarecedora. A pergunta que deverá fazer-se é outra: o que poderia resultar para Portugal, em concreto, de uma união política com Espanha?
Penso serem inquestionáveis e consensuais, ou pelo menos largamente maioritários, os sentimentos de que esta união teria hoje um saldo bastante favorável a Portugal em termos económicos. Afastadas, por totalmente anacrónicas, as hipóteses de uma qualquer espécie de “colonização” castelhana (semelhante por exemplo à que a Coroa de Inglaterra inflingiu, até ao Séc. XX, à sua vizinha Irlanda), ainda para mais no moderno contexto da União Europeia, parece óbvio que uma homogenização política da Península Ibérica traria notórias vantagens para a economia portuguesa e, consequentemente, para os bolsos dos portugueses.
Mais discutíveis parecem ser, todavia, as vantagens políticas e culturais de uma tal união. Integrados num Estado Ibérico, as nossas opções em termos de política externa, de defesa e, sobretudo, de política cultural, intimamente associada à Língua, poderiam à partida ver-se gravemente limitadas.
Não penso, contudo, que a questão seja assim tão linear. Um Estado Ibérico seria um poder de muito maior peso dentro da actual U. E., comparável ao da Itália, ao da Polónia, até ao da própria França. A sua influência conjugada e bem articulada com a América Latina, no seu todo, constituiria, a prazo, um considerável factor de amplificação do papel da Ibéria na Europa e, até, na política mundial.
Igualmente ao nível da O. T. A. N., a capacidade negocial de uma Ibéria seria sempre muito superior à soma das actuais capacidades espanhola e portuguesa.
Em matéria cultural, é claro que a defesa da Língua portuguesa teria forçosamente de encontrar uma forma adequada de garantia, como condição para a consumação de uma união política, coisa que, aliás, não se afigura nada de difícil ou de extraordinário. Basta pensar no que acontece em todos os Países que possuem mais do que uma Língua oficial (a Bélgica, a Suíça, os Estados Unidos da América, o Canadá, a própria Espanha, ao nível das Autonomias...).
Até na representação desportiva seria bastante fácil salvaguardar-se a especificidade portuguesa, sem necessidade de abrir qualquer precedente internacional – vejam-se os casos da Escócia, Irlanda do Norte, Inglaterra e País de Gales, no Reino Unido…
De tudo, o mais difícil seriam talvez os símbolos nacionais: o hino e a bandeira – que transportam em si toda uma carga ideológica e sentimental associada à identidade da Nação. É verdade, mas também existem as bandeiras escocesa, inglesa, norte-irlandesa e galesa, pelo que os actuais símbolos portugueses não teriam que ser abandonados, ou substituídos! O que passaria era a haver, igualmente, uma nova bandeira e um novo hino para a Ibéria…
Claro que tudo isto coloca a questão do tipo de Estado que melhor poderá corporizar esta união. A meu ver, todas as condições já referidas só poderão ser asseguradas por meio de uma Federação, ou seja, teria de continuar a existir o Estado português – num estatuto muito semelhante, por exemplo, ao dos Estados Federais alemães!
E repare-se que uma tal solução poderia ainda ter, como reflexo, a grande virtude de permitir resolver os dois maiores problemas históricos de Espanha: o País Basco e a Catalunha! Ou seja, numa futura Ibéria federal, a existência de mais estes dois Estados, com Línguas próprias, a par do Estado português, provavelmente já não seria entendida como uma “independência” ou “secessão” e, destarte, poderia finalmente ser desdramatizada e encarada com mais naturalidade pelo Povo espanhol!
Contudo, os problemas não acabam ainda por aqui. A constituir-se esta Ibéria federal, composta por quatro Estados – Espanha, Portugal, Catalunha e País Basco –, teria de pensar-se na sua Capital. Que me parece só poder aceitar duas soluções: ou Madrid, ou uma espécie de Brasília, ou Sucre, a construir algures por perto. O que, por outro lado, não deixaria de constituir um bem para Lisboa, que se veria assim aliviada da carga de “capitalidade” que tanto a tem, de certa forma, prejudicado, bem como à saúde da sua relação com o Porto. Lisboa continuaria sempre como Capital de Portugal, mas com alguma transferência de funções superiores para a Capital Federal, como seria inevitável.
Outro problema, mais grave, seria o da forma de Regime. Parece-me de todo impensável um “Reino Unido e Federal da Ibéria”, pelo que se tornaria assim inevitável a abolição da Monarquia em Espanha! Mas mesmo esta transformação, tão radical, poderia ser uma bênção e não um foco de complicações: sabendo-se que a Monarquia espanhola, ou melhor, que o actual Rei de Espanha, foi e é ainda uma peça da complexa operação de desmantelamento político do regime franquista, nada nem ninguém pode garantir que a Monarquia espanhola sobreviva, sem problemas de maior, ao actual monarca, podendo assim voltar à ordem do dia em Espanha, a prazo, uma questão nacional fracturante, que ainda não está completamente esquecida e ultrapassada e que, como bem se sabe, há menos de oitenta anos provocou uma terrível Guerra Civil!
Será então que a “absorção” de Portugal, a resolução definitiva dos sempre latentes anseios independentistas catalães e bascos e a muito provável manutenção do Poder federal em Madrid (ou lá perto) não valeriam, para os espanhóis, uma nova transição pacífica de Regime, desta feita no sentido inverso, de uma Monarquia constitucional para uma República Federal?
Se tudo isto fosse possível, como imagino, poderia talvez restar apenas e ainda um problema, seguramente menor, mas que nos diria respeito muito directamente: onde encaixar neste esquema a Galiza? Numa República Espanhola, onde quase só restariam os castelhanos? Ou resgatar, por fim, o célebre momento de fraqueza de D. Afonso Henriques e voltar a integrá-la na Nação portuguesa? Penso que, no Mundo contemporâneo, tal poderia bem decidir-se, pacifica e civilizadamente, por recurso a um referendo, partindo do princípio de que as conquistas da Democracia espanhola, nomeadamente a instituição das Comunidades Autónomas, seriam sempre irreversíveis e, por força da nossa integração, extensíveis também a Portugal (se até lá ainda não se tivesse conseguido avançar com a nossa própria Regionalização…), pelo que em qualquer das situações a Autonomia galega se manteria sempre, pelo menos, ao nível actual.
Este será sem dúvida um processo árduo, inevitavelmente lento e, seguramente, com avanços e recuos, mas estou convencido de que será talvez, tudo ponderado, o melhor caminho para Portugal (e também para a Espanha), a médio-longo prazo: a integração numa futura República Federal da Ibéria!
Num Mundo cada vez mais caótico, desregulado, injusto e desagregado, no Presente em que vivemos, em que na velha Europa desapareceram num ápice Países poderosos como a Jugoslávia e a Checoslováquia, já para não falar da União Soviética (e quem sabe, um dia, a própria Itália?), em prol de meros interesses materialistas, mesquinhos, imediatistas e egoístas, cabe às Nações mais experientes e consolidadas do Velho Continente, como são sem dúvida as duas maiores obreiras da grande Civilização Ibérica – a espanhola e a portuguesa –, elevar-se acima das tendências e modas actuais, sem horizontes, e ir procurar de novo as correntes profundas da evolução humana, dando orgulhosamente (e, uma vez mais, com todo o pioneirismo histórico) o exemplo contrário, de um Mundo futuro pacífico e sustentável, porque mais unido, mais organizado, mais fraterno e mais civilizado.
Sabendo que o que perderem em orgulho e independência nacional poderá ser largamente compensado por uma identificação com ideais ainda mais elevados e comuns a todos os Cidadãos desse território e espaço cultural mais vasto que é a Península Ibérica, no seu todo diversificado. No fundo, seguindo o exemplo dos alemães e dos italianos do Séc. XIX, que souberam superar rivalidades e interesses regionais, secundarizáveis, sublimando-as numa identidade colectiva e num ideal de Pátria superior àqueles que sempre haviam conhecido até à formação dos respectivos Países.
E Portugal, País ainda hoje demasiado atrasado, rude e sub-desenvolvido (a níveis muito próximos do intolerável, no espaço comunitário!), um dia por certo descobrirá – espero que não tarde demais… – que o seu lugar na Europa só poderá manter-se caso consiga ultrapassar os seus actuais bloqueios que, sabemo-lo muito bem, não são apenas económicos, longe disso, são sobretudo organizacionais e mentais!
E que melhor forma de fazer evoluir as nossas mentalidades do que com uma tal perspectiva de um novo ciclo histórico, de um renovado olhar em frente, com um novo desígnio nacional, que nos volte a entusiasmar e a engrandecer e que substitua, de vez, a nossa atávica incapacidade de viver sem ser contemplando o nosso glorioso (mas cada vez mais longínquo…) Passado?
António das Neves Castanho.
José Saramago acaba de sobressaltar a consciência nacional com a sua recente confissão de iberismo. Penso contudo que, se outros méritos não tivesse, esta nova “heresia” do nosso «Nobel» (depois dos seus conhecidos e insistentes apelos ao “voto em branco”) seria sempre louvável por, no mínimo, nos fazer meditar um pouco sobre este assunto, tido por um dos grandes “tabus” nacionais.
Já o mesmo não poderá dizer-se da forma superficial, simplista e algo leviana com que fundamentou essa sua (legítima) opinião: afirmar sobranceiramente que a Portugal bastará ter lá a sua Assembleia Legislativa, como as das restantes Comunidades Autónomas ibéricas (para sentir que mantém algum poder nacional), é de uma grosseria e de um pedantismo inadmissíveis, que aliás imediatamente desvalorizam os seus argumentos!
Mas, vendo melhor, talvez a credibilidade não seja de facto a grande vocação dos escritores e dos artistas em geral: para cumprirem o que se espera do seu “papel social” bastar-lhes-á pois agitar as mentes, lançar a discussão, propiciar a reflexão, não necessariamente apresentar argumentos válidos em questões sérias e complexas…
Por mim, que tenho reflectido crescentemente sobre este tema, estou até convencido de que Saramago acerta no essencial: Portugal é de facto, em primeiro lugar, mais ainda do que uma nacionalidade, uma parte integrante dessa vasta entidade geográfica, social, histórica e cultural que é a Ibéria, ou Hispânia.
Que é já, ela própria, um conglomerado heterogéneo e pluri-nacional, que a História acabou por sedimentar, pelo menos até ao presente, em dois Países independentes, mas que inegavelmente possui também, no seu conjunto, uma personalidade e um carácter próprios e que a distinguem, muitíssimo claramente, de todas as outras Nações europeias, bastante mais ainda do que ela é distinta dentro de si!
E, vendo bem, não foi só por “um triz” que Portugal conseguiu, em 1640, tornar-se de novo independente? E não é quase só por uma “unha negra” que a Catalunha (e até o País Basco) não são (já?) igualmente Países?
Mas fixemo-nos por ora no essencial: o que teria Portugal a lucrar com a sua “integração” em Espanha? Sim, porque sabemos bem que a perder teria sempre a sua independência política, o que não é nada pouco…
Como se sabe, uma boa resposta só se pode dar a uma boa pergunta, e a questão assim formulada, quanto a mim, é deficiente e não permite sequer uma abordagem esclarecedora. A pergunta que deverá fazer-se é outra: o que poderia resultar para Portugal, em concreto, de uma união política com Espanha?
Penso serem inquestionáveis e consensuais, ou pelo menos largamente maioritários, os sentimentos de que esta união teria hoje um saldo bastante favorável a Portugal em termos económicos. Afastadas, por totalmente anacrónicas, as hipóteses de uma qualquer espécie de “colonização” castelhana (semelhante por exemplo à que a Coroa de Inglaterra inflingiu, até ao Séc. XX, à sua vizinha Irlanda), ainda para mais no moderno contexto da União Europeia, parece óbvio que uma homogenização política da Península Ibérica traria notórias vantagens para a economia portuguesa e, consequentemente, para os bolsos dos portugueses.
Mais discutíveis parecem ser, todavia, as vantagens políticas e culturais de uma tal união. Integrados num Estado Ibérico, as nossas opções em termos de política externa, de defesa e, sobretudo, de política cultural, intimamente associada à Língua, poderiam à partida ver-se gravemente limitadas.
Não penso, contudo, que a questão seja assim tão linear. Um Estado Ibérico seria um poder de muito maior peso dentro da actual U. E., comparável ao da Itália, ao da Polónia, até ao da própria França. A sua influência conjugada e bem articulada com a América Latina, no seu todo, constituiria, a prazo, um considerável factor de amplificação do papel da Ibéria na Europa e, até, na política mundial.
Igualmente ao nível da O. T. A. N., a capacidade negocial de uma Ibéria seria sempre muito superior à soma das actuais capacidades espanhola e portuguesa.
Em matéria cultural, é claro que a defesa da Língua portuguesa teria forçosamente de encontrar uma forma adequada de garantia, como condição para a consumação de uma união política, coisa que, aliás, não se afigura nada de difícil ou de extraordinário. Basta pensar no que acontece em todos os Países que possuem mais do que uma Língua oficial (a Bélgica, a Suíça, os Estados Unidos da América, o Canadá, a própria Espanha, ao nível das Autonomias...).
Até na representação desportiva seria bastante fácil salvaguardar-se a especificidade portuguesa, sem necessidade de abrir qualquer precedente internacional – vejam-se os casos da Escócia, Irlanda do Norte, Inglaterra e País de Gales, no Reino Unido…
De tudo, o mais difícil seriam talvez os símbolos nacionais: o hino e a bandeira – que transportam em si toda uma carga ideológica e sentimental associada à identidade da Nação. É verdade, mas também existem as bandeiras escocesa, inglesa, norte-irlandesa e galesa, pelo que os actuais símbolos portugueses não teriam que ser abandonados, ou substituídos! O que passaria era a haver, igualmente, uma nova bandeira e um novo hino para a Ibéria…
Claro que tudo isto coloca a questão do tipo de Estado que melhor poderá corporizar esta união. A meu ver, todas as condições já referidas só poderão ser asseguradas por meio de uma Federação, ou seja, teria de continuar a existir o Estado português – num estatuto muito semelhante, por exemplo, ao dos Estados Federais alemães!
E repare-se que uma tal solução poderia ainda ter, como reflexo, a grande virtude de permitir resolver os dois maiores problemas históricos de Espanha: o País Basco e a Catalunha! Ou seja, numa futura Ibéria federal, a existência de mais estes dois Estados, com Línguas próprias, a par do Estado português, provavelmente já não seria entendida como uma “independência” ou “secessão” e, destarte, poderia finalmente ser desdramatizada e encarada com mais naturalidade pelo Povo espanhol!
Contudo, os problemas não acabam ainda por aqui. A constituir-se esta Ibéria federal, composta por quatro Estados – Espanha, Portugal, Catalunha e País Basco –, teria de pensar-se na sua Capital. Que me parece só poder aceitar duas soluções: ou Madrid, ou uma espécie de Brasília, ou Sucre, a construir algures por perto. O que, por outro lado, não deixaria de constituir um bem para Lisboa, que se veria assim aliviada da carga de “capitalidade” que tanto a tem, de certa forma, prejudicado, bem como à saúde da sua relação com o Porto. Lisboa continuaria sempre como Capital de Portugal, mas com alguma transferência de funções superiores para a Capital Federal, como seria inevitável.
Outro problema, mais grave, seria o da forma de Regime. Parece-me de todo impensável um “Reino Unido e Federal da Ibéria”, pelo que se tornaria assim inevitável a abolição da Monarquia em Espanha! Mas mesmo esta transformação, tão radical, poderia ser uma bênção e não um foco de complicações: sabendo-se que a Monarquia espanhola, ou melhor, que o actual Rei de Espanha, foi e é ainda uma peça da complexa operação de desmantelamento político do regime franquista, nada nem ninguém pode garantir que a Monarquia espanhola sobreviva, sem problemas de maior, ao actual monarca, podendo assim voltar à ordem do dia em Espanha, a prazo, uma questão nacional fracturante, que ainda não está completamente esquecida e ultrapassada e que, como bem se sabe, há menos de oitenta anos provocou uma terrível Guerra Civil!
Será então que a “absorção” de Portugal, a resolução definitiva dos sempre latentes anseios independentistas catalães e bascos e a muito provável manutenção do Poder federal em Madrid (ou lá perto) não valeriam, para os espanhóis, uma nova transição pacífica de Regime, desta feita no sentido inverso, de uma Monarquia constitucional para uma República Federal?
Se tudo isto fosse possível, como imagino, poderia talvez restar apenas e ainda um problema, seguramente menor, mas que nos diria respeito muito directamente: onde encaixar neste esquema a Galiza? Numa República Espanhola, onde quase só restariam os castelhanos? Ou resgatar, por fim, o célebre momento de fraqueza de D. Afonso Henriques e voltar a integrá-la na Nação portuguesa? Penso que, no Mundo contemporâneo, tal poderia bem decidir-se, pacifica e civilizadamente, por recurso a um referendo, partindo do princípio de que as conquistas da Democracia espanhola, nomeadamente a instituição das Comunidades Autónomas, seriam sempre irreversíveis e, por força da nossa integração, extensíveis também a Portugal (se até lá ainda não se tivesse conseguido avançar com a nossa própria Regionalização…), pelo que em qualquer das situações a Autonomia galega se manteria sempre, pelo menos, ao nível actual.
Este será sem dúvida um processo árduo, inevitavelmente lento e, seguramente, com avanços e recuos, mas estou convencido de que será talvez, tudo ponderado, o melhor caminho para Portugal (e também para a Espanha), a médio-longo prazo: a integração numa futura República Federal da Ibéria!
Num Mundo cada vez mais caótico, desregulado, injusto e desagregado, no Presente em que vivemos, em que na velha Europa desapareceram num ápice Países poderosos como a Jugoslávia e a Checoslováquia, já para não falar da União Soviética (e quem sabe, um dia, a própria Itália?), em prol de meros interesses materialistas, mesquinhos, imediatistas e egoístas, cabe às Nações mais experientes e consolidadas do Velho Continente, como são sem dúvida as duas maiores obreiras da grande Civilização Ibérica – a espanhola e a portuguesa –, elevar-se acima das tendências e modas actuais, sem horizontes, e ir procurar de novo as correntes profundas da evolução humana, dando orgulhosamente (e, uma vez mais, com todo o pioneirismo histórico) o exemplo contrário, de um Mundo futuro pacífico e sustentável, porque mais unido, mais organizado, mais fraterno e mais civilizado.
Sabendo que o que perderem em orgulho e independência nacional poderá ser largamente compensado por uma identificação com ideais ainda mais elevados e comuns a todos os Cidadãos desse território e espaço cultural mais vasto que é a Península Ibérica, no seu todo diversificado. No fundo, seguindo o exemplo dos alemães e dos italianos do Séc. XIX, que souberam superar rivalidades e interesses regionais, secundarizáveis, sublimando-as numa identidade colectiva e num ideal de Pátria superior àqueles que sempre haviam conhecido até à formação dos respectivos Países.
E Portugal, País ainda hoje demasiado atrasado, rude e sub-desenvolvido (a níveis muito próximos do intolerável, no espaço comunitário!), um dia por certo descobrirá – espero que não tarde demais… – que o seu lugar na Europa só poderá manter-se caso consiga ultrapassar os seus actuais bloqueios que, sabemo-lo muito bem, não são apenas económicos, longe disso, são sobretudo organizacionais e mentais!
E que melhor forma de fazer evoluir as nossas mentalidades do que com uma tal perspectiva de um novo ciclo histórico, de um renovado olhar em frente, com um novo desígnio nacional, que nos volte a entusiasmar e a engrandecer e que substitua, de vez, a nossa atávica incapacidade de viver sem ser contemplando o nosso glorioso (mas cada vez mais longínquo…) Passado?
António das Neves Castanho.
Comentários
Em primeiro lugar, a eterna tentação de esperar que a solução venha de fora (India, ouro do Brasil, colónias, fundos comunitários, agora Espanha), quando a responsabilidade é nossa.
Depois, a criação de uma esfera de decisão peninsular colidir frontalmente com o princípio da regionalização e do auto-governo, isto é, as decisões serem tomadas mais próximo dos cidadãos. Se transferimos decisões para a esfera ibérica, que decisões? Se é apenas simbólico há símbolos que me dizem mais que a Ibéria. Se é substantivo o centralismo deixa de ser apenas português e passa a ser duplamente penoso.
Em último lugar, a prevalência dos princípios abstractos sobre as questões concretas: Para mim, a regionalização faz sentido porque na minha perspectiva deve partir-se do particular para o geral, do individual para o colectivo, do próximo para o global. Vejo nas propostas deste género uma fraqueza que nos atormenta desde sempre, a negligência do concreto e do prático, a incapacidade de fazer o simples e o básico e a sedução por quimeras utópicas.
O Sr. é um brincalhão. Junte-se
á causa do Saramago (distinguido
com o Nobel pelos luteranos para
chatearem o Vaticano) e logo ve-
ria a corrida que levavam. Ele
foi dos que quis meter Portugal
sob as patas da ex-urss, não sei
que idade V. tem, mas se é jovem
informe-se.
O seu artigo, mesmo para brinca-
deira de férias´, é de muito mau
gosto.
Acredite piamente que os defen-
sores dessa ideia cairiam como
tordos por todo o sítio em que
dessem sinal de vida.
Costumo vir muito ao vosso Blog.
Julgava que era sério, apesar de
não concordar com a regionaliza-
ção.
Afinal sois uns brincalhões.
Então o meu amigo pensa que esta questão do Iberismo é uma mera brincadeira. Pois desengane-se, este é um assunto muito sério e merecedor de uma grande reflexão.
Pessoalmente não sou um iberista, mas sei reconhecer que, contrariamente ao que muita gente pensa, o nosso modelo político/administrativo excessivamente centralista e tendencialmente mono cêntrico, a nossa fiscalidade, o despovoamento de largas faixas do território, a própria UE etc., podem, muito mais depressa do que se possa imaginar, conduzir este país para novos caminhos.
Só realmente os tolos e os fundamentalistas é que pensam que tudo isto são brincadeiras.
Cumprimentos,
Saudacoes patrioticas e regionalistas.
Sabia que houve um cerco em Guimaraes depois da Independencia do Reino de Portugal? E tambem ja sabia que houve uma tentativa de uniao pelos Castros no tempo de D. Pedro I?
Estava-me a escacer do periodo interregno.No qual D. Joao de Castela pertendia invadir Portugal. Felizmente essas tentativas de robarem o sacro-solo Lusitano falharam. Mas tambem infelizmente houve muitas pessoas que na Historia portuguesa pensaram como o voce. Penso que lhe devo recordar que a terceira dinastia marcou o periodo mais triste da nossa historia. Porque para um povo nao ha tristeza maior do que sentirsse escravo no seu proprio pais. E isso deveu-se a pessoas que pensaram da sua mesma maneira. FelizMente houve homens Portugueses,de sangue portugues, que deram a vida para nos resgatar desses tiranos, que escravizavam o povo portugues. Mas tambem nesse dia glorioso, em que restauramos a nossa liberdade( 1 de Dezembro de 1640 ), tambem houve um que se opos a essa accao chamado Miguel de Vasconcelos? Sera que voce tambem um traidor, como ele? Porque so se voce for espanhol a que se justifica aquilo que voce escreveu, porque se fosse portugues nem se quer punha a questao de se fazer uma nova bandeira e de a por acima da bandeira Portuguesa. Pois a minha e de mais 14 999 998 portugueses nao se pisa e nem de qualquer outro modo se poe outra em cima. Ela e que devia de estar por cima de todas as bandeiras do mundo. Nao vale a pena me dizer que e portugues com muito orgulho, por que nao acredito.
Qual e a pessoa civilizada que entraga seu pais para ser governado por uns poucos de ciganos? Que inteligencia essa pessoa pode ter. Talvez a inteligencia de um premio "Nobel" da literatura? Ou a burrisse de ser levado por um galo que so escreve desparates? Que civilizacao pode ter um povo que tem um animal, como um touro, na bandeira?
Voce agora pode estar a pensar que eu so referi coisas do passado. Vegemos o caso de Olivenca quanto tempo e que os espanhois uzurparam esse territorio que era nosso? Que moralidade pode ter um pais que legaliza a prostituicao? Ah! Ja me ia escacendo, e os maus tratos que os espanhois fazem aos portugueses que vao para a Espanha trabalhar? A essas pessoas que voce se quer unir que ja nos estao a maltratar antes de eles uzurparem a nossa sobrania? Nao seria pior depois dessa uniao? Da que pensar.
Com Espanha, ja diziam os antigos,
nem bons ventos nem bons casamentos. E tinham razao. Eu sou portugues de corpo e alma, e jamais eu trocaria o meu pais por outro e daria a minha ultima gota de sangue para o defender de todos os inimigos que o querem para si. Porque eu sei o diz o meu hino (pela patria lutar). Portugal e pequeno mas ninguem o ira conquistar, enquanto que houver portugues em Portugal. E quem nao esta bem,como parace que voce nao esta, que se mude. Porque no meu Pais ninguem toca!
Estará à espera que lhe ofereçam umas castanholas?
Comédia é a categoria a que pertencem alguns comentários feitos anteriormente.
Não percebo porque há ainda pessoas preocupadas com os espanhóis. A tal união política já hoje existe, a um nível superior claro. Ou já se esqueceram que desde a adesão à CEE, que temos vindo a perder grande parte da soberania nacional para o construção do sonho europeu?
É certo, que ainda elegemos 1 presidente da república, os representantes na assembleia da república, mas, grande partes das decisões estratégicas são hoje tomadas em Bruxelas, Estrasburgo. E não em Madrid ou Lisboa. Claro com a presidência europeia num sistema rotativo, os mesmos actores podem representar em palcos diferentes, mas o núcleo do poder politico e económico já está muito longe de Lisboa.
Se o objectivo é obter maior capacidade de influência juntos das instâncias comunitárias, então que se definam parcerias junto do governo espanhol. Agora, daí a haver a necessidade de formar um país único? Só mesmo à força, porque por vontade própria não será possível. Nós portugueses não queremos, e creio que nem mesmo os espanhóis quererão.
Viva Portugal e vamos mas é colocar na ordem do dia a discussão sobre a regionalização, para diminuir a distância do poder do povo e reduzir o excesso de burocracias e corrupção.
Obrigado.
A propria Espanha e Portugal são países com várias nações.
Poucos sabem, devido à propaganda e manipulaçao e ocultaçao de factos historicos por parte de Lisboa, mas Portugal constitui 3 nações, distintas quer etnicamente, quer culturalmente.
Um norte que é Galaico e constitui uma mesma nação etnica e cultural com a Galiza, um Centro que é Lusitano e um Algarve.
O proprio norte tinha uma versao da lingua Galaico-Portuguesa diferente do Sul, mas que a perdeu facilmente por imposição de Lisboa. Lisboa é muito mais ditatorial que Madrid que respeita muito mais as suas nações.
Assim o Norte perdeu a sua versão original da lingua, os "oms" em vez de "ãos", os "bs" em vez de "vs" que ainda se conserva oralmente em algumas regiões do norte.
Em Portugal só não ha tanta luta independentista porque realmente Lisboa trabalhou bem neste aspecto, ha que reconhecer. Tomara Madrid ter feito o mesmo e teria apagado qualquer movimento actual.
"Contudo, os problemas não acabam ainda por aqui. A constituir-se esta Ibéria federal, composta por quatro Estados – Espanha, Portugal, Catalunha e País Basco "
Se fossemos respeitar os povos e as suas especificidades, nunca existiria um Portugal como hoje nessa Ibéria Federal.
Existiria um Norte independente que estaria unido à sua metade norte, a Galiza. Quanto a Catalunha e País Basco, ai sim acertou.
Mas de referir que Espanha ainda tem mais nações para além destas. Não podemos dividir a Ibéria pelos movimentos independentistas mais famosos, mas pelas suas divisões naturais etnicas e culturais, pelas suas varias nações. Assim não era só Catalunha, Pais Basco e Galiza que seriam independentes, mas também Asturias, Leão e Andaluzia.
Em Portugal como já disse teria de ser obrigatoriamente um Norte Galaico, um Centro Lusitano e um Sul Algarvio.
Vasco
mais duas questões: o autor esquece-se completamente da galiza; o autor não considera a hipótese de no caso da união ibérica o actual território de Portugal se desmantelaria e seria naturalmente integrado em 4 autonomias espanholas, a saber: Galiza, Castela-Leão, Extremadura e Andaluzia. O noroeste português seria, talvez, o 1º a integrar-se na ancestral gallaecia"
Concordo quando disses-te que o autor se esqueceu da Galiza, como eu também ja tinha comentado no meu comentario anterior.
Mas não concordo que o resto de "Portugal" (que não é Portugal, pois Portugal é só o norte), Lusitânia e Algarve penso que seriam autonomias independentes e não anexadas em autonomias espanholas.
Se por um lado é verdade que a Extremadura Espanhola é Lusitana e tem muito mais a ver com a Lusitania Portuguesa do que a Lusitania Portuguesa tem a ver com o Norte Portugues Galaico, a verdade é que actualmente têm uma lingua diferente.
Quanto muito teria de ser uma autonomia Lusitana com 2 linguas diferentes dentro de si.
Depois Algarve é muito diferente de Andaluzia. Nunca deveria estar integrado na já grande Andaluzia, que até tem territórios que nem querem ser Andaluzes como por ex os Sevilhanos, que querem formar um Reino Sevilhano independente da Andaluzia.
Não sou pelo Iberismo de maneira nenhuma. Nem sou por estes 2 estados Ibéricos que só o são por obra do imperialismo, guerras do passado e não por serem verdadeiras nações.
Sou é a favor da independencia das nações naturais da Ibéria, Gallaecia (Galiza + Norte Portugal), Lusitânia (Centro + Extremadura), Reino dos Algarves, Catalunha, Pais Basco, Leão, Cantábria, Andaluzia, Castela.
Francisco
Isto é pelo meu nome ser Francisco Vasco e logo muitas vezes ou assino com um ou com outro.
Mas para não haver duvidas, os 2 comentários atrás são meus.
E desta vez assino com
Francisco Vasco para nao haver duvidas
Lendo este teu artigo de 6.Ago.2007 publicado no blogue www.regioes.blogspot.com, sob o título “Questões de fundo, para pensar em férias”, constato que afinal Saramago é bastante mais perigoso do que aquilo que eu pensava.
Gostava de arranjar tempo e motivação para estruturar uma reflexão contraditória, embora me identifique em parte com o comentário mais acima de Miguel Duarte (6.Ago.2007, 04:28:00 PM).
Para já, e para aligeirar o ambiente, proponho um conjunto de pequenas notas, mais leve, mais em linha com o ar do tempo, a que poderia chamar “Questões ligeiras, para não pensar em férias”:
1) Eu acho que devia haver um Reino da Escandinávia, que agregasse os territórios das actuais Noruega, Suécia, e Finlândia. A Dinamarca poderia ficar com uma cláusula de “opting in” (uma criatividade luso-escandinava, que acabei de inventar, por oposição ao “opting out” tão ao gosto dos ingleses);
2) Também não se percebe por que razão o território da actual Bélgica não se organiza de outra forma: os falantes de flamengo com a Holanda e os falantes de Francês com a França; e sempre se poupava mais um país; era assim como que uma espécie de racionalização geográfica dentro da nossa velha Europa;
3) Outra associação que eu acho que ficava gira era a da Alemanha com a Áustria (e com a grande vantagem de que não iria gerar novas necessidades para gastar dinheiro dos contribuintes com aulas de alemão);
4) Também me lembrei de juntar a República Checa com a Eslováquia, mas disseram-me que ainda há bem pouco tempo estavam assim, amantizadas, mas que de repente resolveram separar-se;
5) As 3 repúblicas bálticas (Estónia, Letónia, e Lituânia) também podiam formar um TRÊS EM UM BÁLTICO (e que tal esta designação, para nome do futuro novo país racionalizado ?);
6) Mas agora lembrei-me: se calhar tinha mais piada juntar o novo TRÊS EM UM BÁLTICO com a Finlândia, dando lugar ao QUATRO EM UM INTER-BÁLTICO (este nome é ainda mais catita !);
7) A unificação da ilha da Irlanda julgo que é um projecto antigo, não concretizado, e que, de forma imperdoável, foi ignorado pelo nosso grande Nobel amante da Ibéria (ou será que este génio da prosa sem pontuação não se perde com minudências históricas que fiquem longe do quintal ?);
8) Pensei, pensei, mas fiquei sem saber o que fazer com o Mónaco, uma vila-país com 15 mil habitantes; será que a sua absorção pela França iria gerar problemas de integração em França ? E as questões culturais ? E a língua ?
9) Finalmente, acho que Saramago deveria adquirir a nacionalidade espanhola (e libertar-se da portuguesa): é casado com uma espanhola, vive em Espanha, ama Espanha. Tinha ainda a enorme vantagem adicional de que quando o voltássemos a ouvir falar de Portugal tínhamos a certeza de que estávamos a ouvir um estrangeiro (estrangeiro e, não vou dizer, mal agradecido).
[ NOTA – Com tempo, depois de férias, irei analisar a viabilidade de um TUDO EM UM MUNDIAL (um só país em todo o planeta terra, a racionalização geográfico-política máxima !) ]
Abraços,
João
Caro Sr. António Felizes,
Se é verdade que este post sobre
o iberismo é um isco para aumentar
a V/audiência, também o é para re-
tirar credibilidade à causa que
vinham defendendo e ao V/próprio
Blog.
V. chamou-me tolo e fundamentalis-
ta pelo meu comentário. Os epíte-
tos são da sua responsabilidade;
a mim resta-me interpretar e re-
gistar, mas não vou comentar.
Ainda sobre os iberistas, vou
transcrever de um delicioso livro
de Rómulo de Carvalho, "O Texto
Poético como Documento Social",
edição Gulbenkian (que excelente
livro para férias!). Passa-se após
Alcacer Quibir:
(passo a citar)
"Para se viver ou sobreviver, sem
sobressaltos convinha estar bem
com Cristóvão de Moura e adulá-lo.
Assim fez o poeta Diogo Bernardes
ao regressar de Alcacer Quibir,
resgatado, sem ter nada de seu":
"Dói-me, ó bom Cristóvão, por que
saia
do pego onde caí por não ter guia,
a mão, e chegarei com vida à praia
descuido, maior falta ainda seria
faltar-me em régia casa pão e pano
como quando servi em barberia.
Sendo vós do governo soberano
dela (com razão) mais eminente
para bem deste reino lusitano,
fartai-me, cantarei suavemente,
banhado no licor da clara fonte
o que me agora a fome não consente.
Ou seja em baixo vale, ou seja em
monte,
em rio, em campo, em casa ou em
floresta,
sempre acharei de vós que cante
e conte"
O "Bom Cristóvão" ouviu a queixa do poeta e concedeu-lhe uma tença
anual de quarenta mil réis"
(Fim de citação)
O Cristóvão era um porco traidor,
o poeta tinha ido à guerra para
dela fazer crónica (que não fez),
mas logo pediu pão ao invasor.
Estou certo que a secreta espanho-
la estará atenta ao V/Blog e dele
pode tirar elementos preciosos,
porque a regionalização´de Portu-
gal lhes interessa.
O nosso país tem por cá muitos
"corcundas" em relação ao vizinho
e nos nossos dias muitos deles
manifestam-se pela regionalização
e pela desunião e desagregação
de Portugal.
Cumprimentos
Primeiramente quero-lhe dizer que fez uma má interpretação das minhas palavras ao considera-las insultuosas à sua pessoa.
Seja como for, volto a repetir-lhe o que já lhe disse noutra ocasião, por força deste país, estar transformado numa estreita facha de território com dupla inclanação, primeiro para o litoral e depois para a capital. Também o facto de sermos um país cada vez mais centralizado política e administrativamente e por via disto com um sistema de desenvolvimento monocêntrico completamente incapaz de puxar sózinho pelo resto do país. E ainda acrescentarmos o facto de, pela via fiscal, este país já ter encurtado em mais de 50 Km da sua linha de fronteira com Espanha.
Isto sim, amigo Marques, isto é que está a minar a coesão e a unidade nacional e a empurrar-nos para o famigerado iberismo.
Cumprimentos,
Portugal tem a norte a vertente Galaico-Portuguesa e tem a centro e sul a vertente Lusitana.
Por ignorancia todos tratam Portugal (a palavra Portugal que por acaso vem do norte, das terras da Galécia Sul, Portucale) como Lusitano.
Se amam tanto o Lusitanismo deveriam defender a independencia da Lusitania.
Se amam "Portugal" do Minho ao Algarve então faziam melhor figura em não falar em lusitanismo ou falar em Galaico-Lusitanismo.
O meu desejo é pelas nações naturais e não pelos países que dividem nações e têm várias nações como o caso de Portugal e Espanha.
Nem País Basco deveria estar dividido em 2 entre Espanha e França, nem Galécia deveria estar dividida entre Espanha (Galiza) e este pseudo-Portugal que é constituido pela metade sul da Galécia (o verdadeiro e unico Portugal ou Norte como muitos lhe chamam) e por Lusitânia.
GP
Uma ignorância de mais de 8 séculos, uma realidade a contrariar teimosamente a ficção dos sábios iluminados.
O "terrorismo" tripeiro contra Lisboa e/ou o seu amor profundo pela Galiza não perde uma única oportunidade para se manifestar.
Não resisto a um 3º. comentário:
Ó Portuguesolas choramingas, enra-
bichados pela má sorte da vida nes-
te país, onde a cunha e o favor é
que a ditam, deitai fora essa
doentia cobardia de quem não tem
coragem de exercer a sua cidada-
nia de corpo inteiro. Esperariam
talvez um "benefício" de um empre-
go na pública secretaria ou lamber
as patas a um SENHOR de empresa
privada a que se dedicariam em es-
merada bufaria.
Medricas. Quem assim aceita, por
vingança do insucesso da cunha, a
Espanha, aceita também a do homem
salvador e diz à mesa do café:
"Que saudades de Salazar...", es-
tou certo que alguns de vós foram
imprestáveis na escola, não são
sindicalizados, pouco sabem fazer,
dizem mal dos políticos e da polí-
tica, não participaram em nada a
não ser naquilo que em boa verdade
também é muito bom.
Mentalidade de quem está sempre
dependente do que lhes dão.
Sabem que mais....
Eu sempre simpatizei muito com a ideia de uma regionalizacao em Portugal. Mas se a regionalizacao portuguesa passa por uma uniao com Espanha a minha resposta a NAO a regionalizacao. Portugal e um pais sobranano e nao e uma fantasia o tratado de Zamora esta ai para o comprovar e se houver traidores em Portugal que se mudem para a Espanha. Que por um soldado morto nao se acaba a guerra.
VIVA A REPUBLICA PORTUGUESA!
Simao Marinho
O mundo nao se constroi em sonhos, constroi-se em realidades. O senhor a por isso no blog devia de estar a brincar com os portugueses. Foi apenas um passatempo que o senhor quis fazer.
Eu ate me fartei de rir ao ler aquilo que voce escreveu. Dei logo conta que nao veio de uma mente sa.
Desculpe lhe dizer essas coisas pois eu nao costumo maltratar as pessoas, mas quando leio coisas que me revoltam o coracao, eu tenho que desabafar pois as coisas que voce esreveu sao muito estupidas. Ou voce quer armar uma guerra em Portugal. Porque guerra ja bastou quando nos estavamos entragues a esse povo. Ja houve muito sangue derramado por causa disso. Pois nao se ponha a mexer em coisas do passado. elas ainda estao muito vivas no coracao das pessoas. Nao se brinca com coisas serias. Se voce queria bricar, fizesse uma banda desenhada e depois brincava . Nao ve que voce esta a por lenha numa fogueira que ja estava apagada? Pois se a fogueira se volta a acender e um problema e problemas para Portugal ja bastam. Deixamos estar assim as coisas que estao muito bem, nao acha?
Se se quiser distrair va para a praia.
A gente quando tem problemas resolve-os no nosso proprio pais. Para que a gente percisa da Uniao Federal da Iberia? Toda a vida nos nos governamosbem assim e iramo-nos governar sempre assim.
Isso que que voce diz e uma ratoeira para la cair o rato, mas o rato ja esta farto de queijo, ja conhece bem os espanhois. Ja estamos fartos de traidores!
Francisca Salome
É uma pura divagação "estival", assumida no próprio título, e a última coisa que pretendia era associar regionalismo com iberismo, ou patriotismo com centralismo.
São, obviamente, discussões distintas. Haver quem as confunda é lamentável, mas cada um sabe as linhas com que se cose.
Quanto ao resto, quem quiser que se vá divertindo, criticando, irritando, inventando esquemas de "aumento de audiência", desconfiando da veracidade do meu próprio nome, enfim, a comezinha realidade não se vai importar nada com isso.
E, muitas vezes, é "a brincar" que se dizem algumas verdades!
Obrigado a todos e até breve, que pelos vistos as pessoas têm opiniões e até querem debatê-las.
Aqui podem sempre fazê-lo...
não concorda comigo, nem é obrigado a concordar. Era o que mais faltava!
Resposta a antónio:
esqueci-me da Galiza, ou você não teve pachorra de ler mais do que metade do artigo?
Resposta a João:
deixando o humor onde deveria ter ficado, apenas pergunto: Saramago perigoso? Por fazer as pessoas pensar? Ou por ter casado com uma espanhola e residir em Espanha?! Que argumentos tão "apresentáveis" nos nossos dias...
Resposta aos "patriotas":
leiam-se a vós próprios e pensem duas vezes antes de usar certas palavras (e não se esqueçam que coragem não rima com anonimato)...
Resposta a Fernando Marques:
em que Universidade é que V. Ex.ª dá aulas de patriotismo?
Resposta aos indignados:
já lá vai o tempo em que "NÃO DISCUTÍAMOS A PÁTRIA, NEM A SUA HISTÓRIA!" Se gostais de praia, há muitas e boas em Portugal. Eu faço o que me apetecer...
Resposta aos bons portugueses em geral:
lamento ter passado a ideia de que o iberismo é forma moderna de levantar velhas querelas, mortas e sepultadas pela História. Nada disso, Portugal hoje já não vive ameaçado por Espanha, pensar neste assunto não faz ressuscitar fantasmas, apenas perspectiva hipóteses de futuro. Que terão sempre de ser pensados em acordo e numa base de total igualdade entre Estados independentes, acho que não deixei quaisquer margem para dúvidas quanto a isso.
Mas cuidado com as ideias feitas, muitas vezes simplórias: a governação dos Filipes foi tão boa e tão má para Portugal como a dominação de muitos outros reis, basta de facciosismos. Houve coisas boas e coisas más, como quem percebe de História muito bem sabe. E quanto ao Miguel de Vasconcelos, era um traidor... na visão salazarista que nos enfiaram pela cabeça abaixo na escola primária, mas seria eventualmente tão bom português como muitos outros (confesso que não sou especialista sobre essa temática em concreto). Só que, no seu tempo, ainda não havia Partidos, nem Democracia, nem Liberdade, e os interesses da Casa de Bragança (que NÃO NECESSARIAMENTE DE PORTUGAL, POVO E TERRITÓRIO!!) acabaram por sair vencedores nessa disputa política e assim M. de V., com ou sem razão, acabou por pagar com a vida as suas ideias. Como cento e cinquenta anos depois também pagou outro grande PATRIOTA, que nas sebentas salazaristas era (envergonhadamente, aliás) classificado como mais um traidor - o grande General Gomes Freire de Andrade!
Sucede muito, em todos os Países: "traidor" é sempre chamado a quem não está sintonizado com o Poder do seu tempo, não seguramente aquele a quem a Nação, a seu tempo, acaba por fazer justiça. Vejam dentro em pouco o filme sobre o Conde von Stauffenberg, outro "traidor" morto por Hitler, que afinal deu a vida pela sua Alemanha...
E, já agora, não confundamos simples ideias e opiniões com actos e palavras em tempo de crise ou ameaça para a Nação e que possam, objectivamente, causar dano ao País, o que não me parece ser o caso deste educado e cordato espaço de discussão...
Simao Marinho
Salazar e Franco, insuspeitos de "traidores" às suas Pátrias - antes orgulhosos nacionalistas -, tiveram algum pejo em aproximar os seus dois Países, à altura ainda relativamente de costas bastante voltadas um para o outro, e procurar, tanto no plano interno como no palco internacional, conjugar as suas acções e procurar realizar aquilo a que, hoje em dia (e a outro propósito), é costume desugnar por "cooperação estratégica"?...
Estava a dizer que tinha ideias salazaristas. Ser portugues e ser salzarista. Entao voce e franquista. Porque voce esta me a dizer que sou do tempo do Salzar, pois natural que sou e nao o nego. Nem so o Salazar dizia que o Miguel de Vasconcelos era traidor, esta nos livros de Historia de agora. Voce perca um pouco de tempo e desfolhe os livros de Historia e veja como la esta. Voce nem devia de falar no nome de Hitler porque o Hitler foi a pessoa mais horrenda que aperceu neste mundo. Tantos inocentes que ele matou nos campos de concentramento:Criancinhas e Velhinhos... Eu acho que o general Stauffenberg foi um heroi nao foi um traidor porque ja bastava de tanta morte. As ideias do Hitler nao se acomparam com outras ideias. Porque foi a pessoa mais horrenda que aperceu neste mundo. Meu senhor porque e que algumas pessoas tenem umas ideias, como voce teve, mas essas ideias para mim nao sao boas. Porque no meu pensar essas ideias deve as guardar para si. Porque a gente esta tao bem assim com o nosso cantinho. Mais vale viver sozinho do que mal acompanhado. Boas ferias!
Francisca Salome
Boas férias também para si.
É uma ideia interessante. O Fernando Pessoa, que tinha uma consciência Sagrada de Portugal, coisa que até agora não vi frisada - talvez porque a dimensão esotérica da vida e das Pátrias seja fé apenas de alguns(entre os quais me incluo) falava em tal hipótese- mas o grande Poeta só o admitia em 2 ou 3 Nações praticamente Independentes. Ele nem seqer admitia "Federação" - admitia apenas "Confederação" (associação de Estados Independentes em interesses estratégicos Comuns). Aqui até eu o admito como hipótese plausível.
Na essência, defendo o essencial(passo a redundância) da Soberania mantida. Independência ou Confederação - que a União Europeia aliás já o faz, mas de forma geral(e muito imperfeitamente) para 27 Estados.
Nada de Federações(sentido rigoroso de termo)nada de bilinguismos(traição à liberdade do valor sagrado de Pátria e de Língua e do Direito ao Inglês ou outra língua como segunda língua de Ensino); manutenção de Nome, Pátria, língua , Fronteiras. Quando muito confederação mas sempre Independência e intransigência à minima cedência.
O Miguel Vasconcelos foi criado em Madrid, era um bom governante. Foi coerente consigo próprio. O grande Geógrafo Pedro Teixeira também se manteve do outro lado. O seu Irmão João retornou à Pátria como a maioria em 1640.
Respeitemos a memória das Pessoas. Mas compreendo a emoção de FRANCISCA SALOMÉ.
Caro ZAGAS-SUEVO FRANCISCO VASCO:
Eh pá vocês lá no FORUM GALLAÉCIA permitem a participação de LISBOETAS?
É que há aqui muitos que querem participar no Fórum!
Pode ser? Pode ser? Pode ser?
Oh Francisco Vasco, você não vê que os seus argumentos são vergonha da "regionalização"(da qual esta se quer afastar - e bem) Oh Jovem, nã vêo que aqui ninguém os leva a sério?!
Tenham todos um Bom Dia!
"TODAS AS NAÇÕES SÃO MISTÉRIOS, CADA UMA É TODO O MUNDO A SÓS"
Saibamos defendê-las!
Como diz o nosso Povo, "A falar é que a gente se entende"...
Como espanhola, a Sra. Pilar. não tinha o direito de fazer tão grotesto comentário, porque os portugueses são quem julgam os nossos poetas - e por isso, ficou mais em mim consistente a velha ideia de que de Espanha nunca vem "bom vento nem bom casamento" !
Demais já somos ibéricos há muito tempo e europeus com direitos comunitários de circulação de pessoas e bens . Como é pois possível alguém poder por em causa a velha soberania portuguesa e apagar do Globo toda a nossa história ??? Como ?
Modesto Martins
Quantos Países não "desapareceram" já, formalmente, do Mapa europeu sem que, por causa disso, tenha sido beliscada a sua Cultura, o seu Parimónio, a sua História, ou a Identidade dos seus Povos?
Nada de confusões: Portugal não se "dissolverá" nunca em Espanha! Se algum dia se perspectivar uma União Ibérica (que não será, certamente, no nosso tempo...), ambos os Países conservarão as suas identidades próprias, as suas Línguas, o seu glorioso Passado, numa nova forma política que só terá a ver, felizmente, com o FUTURO!