Investimento Concêntrico


LISBOA E O RESTO DO PAÍS

Todos os dias somos bombardeados com notícias sobre grandes investimentos em Lisboa: são 140 milhões de euros para a construção da A16 que integra o IC30, entre Alcabideche(A5) e Ranholas (IC19),iniciando nova circular exterior, e o IC16, entre Lourel e a CREL; são 332 milhões de € para alargamento do IC19 de 2 para 3 vias, até, 2008, conclusão do último lanço da CRIL entre a Buraca e a Pontinha, até 2009 e conclusão do Eixo Norte-Sul até Abril de 2007(?); são 100 milhões de € para a reabilitação da frente do Tejo; são 300 milhões de € para a Estação do Metro de Santa Apolónia; são 500 milhões de € para obras no apeadeiro do Oriente; são 3000 milhões de € para o novo aeroporto de Lisboa; são 300 milhões de € para a nova travessia do Tejo; são 100 milhões de € para novas creches e rede pré-escolar da região de Lisboa;são 120 milhões de € para intervenções em 10 escolas de Lisboa; são 377 milhões de € para o Hospital de todos os Santos, etc, etc.

Não contestamos a necessidade destes investimentos, pois sabemos que irão contribuir para a competitividade da cidade metropolitana de Lisboa e concomitantemente para a melhoria do rendimento e da qualidade de vida da população residente.Os investimentos são tantos que a nossa capital já é a cidade europeia com melhor rede de auto-estradas.É um feito sem dúvida mas questiono-me sobre,se não haveria no resto do País outros investimentos mais prioritários.

Na verdade,será justo que a capital absorva tanto dinheiro, com prejuízo da coesão nacional? Será razoável e sustentável promover um único pólo de desenvolvimento no País, prejudicando intencionalmente o desenvolvimento de outras zonas de grande dinamismo como é a Região Norte?

Claro que não. Mas, não chega,termos a consciência que o actual modelo de desenvolvimento nacional é uma aberração. É preciso combater esta mentalidade napoleónica que povoa o espírito dos nossos políticos e consciencializar o resto do País que não tem que ser obrigatoriamente assim.Há outras alternativas.Há um outro modelo de desenvolvimento onde todos têm a oportunidade e o direito de participar de perto no construção do seu País. Esse modelo é a Regionalização.Devolve a cada uma das regiões a possibilidade de decidir sobre o melhor caminho e entrega ao Estado as funções de soberania.

Por alguma razão os nossos constituintes o consagraram na Constituição da República. Por razões bem diversas os directórios das actuais direcções partidárias tudo fazem para não cumprir este preceito constitucional.

Até agora o centralismo tem vencido com os resultados que todos conhecemos: somos um dos países mais atrasados da Europa dos 27 e internamente apresentamos desigualdades gritantes entre regiões e no rendimento das pessoas.

A força dos interesses do Terreiro Paço têm conseguido abafar as vozes contestatárias mas a falência do modelo actual e a consciencialização dos cidadãos permite pensar que é chegado o momento de se dar voz e expressão às regiões como forma de Portugal encontrar uma saída para a crise económico-social e moral em que estamos presentemente.


por Carlos Brito "Vimaraperesporto"
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Comentários

templario disse…
DE:CAMARADITA.BLOGS.SAPO.PT
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Sinceramente, concordo que parte dos investimentos que estão a ser feitos em Lisboa deviam ser aplicados em certas zonas do interior. Estive em viagem pelo Nordeste Transmontano de Quinta a Domingo da passada semana, muito pelas estradas interiores (Vinhais, Mirandela, Bragança, etc.) e em alguns casos ficamos desolados (a degradação do Património, acessibilidades, etc.).

Obviamente, não fiquei surpreendido. Mas a regionalização não é a solução. Não se esqueça que a vida política, económica, social e até cultural estão nas mãos de "elites", a mais forte das quais é do Norte.

O pensamento político, em Portugal, está, cada vez mais, incrivelmente, afastado da realidade. É bom não esquecer que as "elites" estão em guerra entre si, não por novas soluções, mais pragmáticas, mas apenas pela redistribuição do poder, com a mesma política e os mesmos interesses.

São as políticas, o modo de fazer política, a qualidade dos políticos, a "ditadura" no interior dos partidos que é preciso revolucionar. De outro modo, estas distorções manifestar-se-iam com maior peso e com uma dinâmica incontrolável nas "regiões", num Portugal que é, histórica e culturalmente A-REGIONAL.
Cumprimentos
António Alves disse…
Um dia só a violência porá cobro a isto. Até lá é o fartar vilanagem.
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Vale para este "post" a minha intervenção nos "post": "O 25 de Abril e as Autarquias".
Gostria de lembrar ao senhor Templário que a centralização dos investimentos na região da cidade-capital corresponde a NÃO INVESTIMENTOS noutras regiões do nosso País e é uma resultante directa da adopção de políticas centralizadas e centralizadoras.
Por outro lado, se a governação deve ser assegurada por elites, então o nosso País não tem elites, dado que até hoje são muito raras as intervenções políticas de titulares de cargos políticos, com preparação técnica, política e cultural para serem consideradas de puro quilate político, a favor do desenvolvimento, especialmente depois de 25 de Abril de 1974 (atente-se, por exemplo, nas intervenções públicas de alguns dos nossos políticos na Assembleia da República).
Por outro lado, os partidos políticos são escolas políticas no pior sentido da palavra que possa ser considerado e onde são geralmente recrutados os políticos-de-turno que nos têm governado (faltam, por isso, políticos estadistas).
Deste modo, em política, quando mensagens optimistas dirigidas às populações não têm a mínima aderência à realidade, é seguro que tais intervenções roçam a irresponsabilidade; no entanto, isto tem menos a ver com os méritos próprios de uma política de regionalização autonómica que da qualidade de desempenho dos políticos-de-turno que nos têm governado.

Não devia ser assim mas tem sido.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)

PS - CONTRARIANDO O SENHOR TEMPLÁRIO, A SOLUÇÃO É:
(1) IMPLEMENTAR A REGIONALIZAÇÃO AUTONÓMICA: 7 REGIÕES AUTÓNOMAS.
(2) MUDAR DE PROTAGONISTAS POLÍTICOS, PASSANDO DE POLÍTICOS-DE-TRUNO PARA POLÍTICOS ESTADISTAS.

ASSIM SEJA, AMEN.

SEM MAIS NEM MENOS.