Porquê o Porto?

Manif's

Unidos pelos protestos contra a introdução de portagens nas auto-estradas SCUT (sem custos para o utilizador), centenas de automóveis rumaram ao centro do Porto no passado sábado, manifestando-se contra as intenções do Governo. Ao que parece vieram de treze pontos diferentes do Norte e Centro do país, sob a liderança de um autarca comunista da Póvoa de Varzim.

Não vou discutir hoje a justeza das suas reclamações e os princípios que guiam as decisões do Governo nesta matéria, mas incomodou-me que tenham vindo manifestar-se para o Porto. Porquê o Porto? Acaso somos alguma caixa de ressonância do Terreiro do Paço?

As cidades e as populações de fora do Porto passam a vida a insurgir-se contra os defeitos centralistas do Porto, dizendo mesmo que, se houvesse regionalização, o Porto repetiria os mesmos vícios de Lisboa. Dizem que o Porto quer “dominar” o Norte e que para capital já basta Lisboa. Não discuto essas “boutades”. Mas virem invadir o centro da cidade do Porto com manifestações que interessam sobretudo a essas periferias, não deixa de ser irónico.

Querem manifestar-se? Pois muito bem. Então comecem por provocar efeitos nas próprias zonas de residência dos manifestantes, junto dos respectivos poderes locais, e deixem os outros descansados. Querem protestar alto e bom som? Tomem o caminho de Lisboa e entupam o Terreiro do Paço e ruas adjacentes. É lá que está quem manda!

no "Incursões"
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Se a solução para a regionalização for escolhida e encontrada na criação das tais 5 Regiões Administrativas (actualizadas, famigeradas, administartivistas, burocráticas, erróneas), existirão razões mais do que de sobra para se formarem mais núcleos centralistas com defeitos ainda maiores e mais negativos que os já demonstados pelo nefasto centralismo da cidade-capital (já houve alguém que teve a coragem de afirmar que o País terá de se habituar a que os principais investimentos tenham de ser realizados em Lisboa, em detrimento das restantes regiões - os recursos financeiros não são elásticos; não quis acreditar ter lido tais afirmações proferidas por uma personalidade que tem feito da cultura a sua bandeira de batalha e muito bem; mas no melhor pano pode cair uma grande nódoa e este é o caso; parece também que não chega ser culto, conduzindo-nos para a verificação da falta de algumas "aduelas" de outra natureza, para reposição do equilíbrio).
As manifestações no Porto, a propósito das portagens, são o reflexo de problemas actuais de maior gravidade e os próximos tempos serão de agravamento das condições económicas e sociais.
Por isso, deixemos as questões políticas de curto prazo e mesquinhas para os políticos-de-turno que nada resolvem e serão mais dia menos dia afastados, para nos embrenharmos nas causas que poderão mudar qualitativamente as nossas condições de vida para o futuro, ao requisitar, através das eleições, políticos-estadistas capazes de compreender o que verdadeiramente está em causa com a implementação da regionalização autonómica, como programa político para alguns e bons anos: a criação das 7 Regiões Autónomas e as condições reais de desenvolvimento autosustentado e equilibrado.
É necessário que o nosso País se vire para si próprio, para os seus próprios recursos, se dedique às (e mobilize as) suas populações e que, com tudo isso, endogeneize o seu próprio desenvolvimento.
Parece-me impossível como certas (muito poucas) personalidades partidárias e políticas inteligentes ainda não viram o filão político da regionalização autonómica como uma oportunidade única para serem inscritos na nossa HISTÓRIA sem favor algum e garantirem o que, nas décadas mais recentes, nenhum político ousou realizar!

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)