Saúde e Regiões

Apesar de Portugal, em comparação com a situação a nível mundial, e em confronto com a nossa própria situação há uns anos atrás, ter evoluído muito no que toca a cuidados de saúde materno-infantis, isso parece ter-se verificado, mais uma vez, só no litoral.

O distrito de Bragança foi, desde sempre, aquele cuja cobertura hospitalar foi mais deficitária. Se a isto juntarmos as péssimas acessibilidades entre as principais cidades (Mirandela, Macedo, Miranda e Bragança) e as restantes sedes de concelho, temos a resposta para este insucesso.

A decisão de fechar as maternidades no Interior do país é um gigantesco passo atrás, é um recuo de décadas na evolução que se vinha a registar. Em vez de se atrairem médicos para o Interior do país, nomeadamente com a abertura de mais vagas nos cursos de medicina na Universidade da Beira Interior, e com a criação destes cursos nas Universidades de Trás-os-Montes e de Évora, este governo entretém-se a "escurraçar" os profissionais de saúde para o Litoral, para, mais uma vez, se concentrarem nos hospitais centrais, onde a falta de médicos não é, de todo, evidente (S. João e Sto. António, no Porto, Santa Maria e São José, em Lisboa, e H.U.Coimbra).

Em Espanha, por exemplo, os Hospitais são geridos, não pelo Estado Central, como a maioria dos hospitais portugueses, mas também não são entregues aos interesses privados, o que, tendo acontecido em Portugal, se revelou, como a maioria das concessões a privados (vide o caso das SCUT), um autêntico desastre para as contas públicas.

Não: Em Espanha, os hospitais estão, dentro da sua natural autonomia, sob a dependência dos Governos Regionais.

E, se isto constitui mais uma prova de que a Regionalização funciona bem noutros países, é também um aviso para nós, portugueses, quanto ao modelo de Regionalização a implementar. Imaginemos que o modelo das "5 regiões administrativas" era implementado, com a "capital regional" no Porto: este problema iria repetir-se; com a concentração de médicos e hospitais à volta de Lisboa, Porto e Coimbra (Capitais do "Norte", "Centro" e "Lisboa e Vale do Tejo"), e a afastar-se do Interior do País.

Por isso faz sentido, não só regionalizar, mas regionalizar bem.

Regionalizar sob o modelo das 7 Regiões Autónomas, dando autonomia tanto às regiões litorais como às regiões interiores, de forma a estas últimas se poderem tornar igualmente competitivas, atrair investimentos e população, através da melhoria das suas infra-estruturas e serviços públicos.


Afonso Miguel, Beira Interior
.

Comentários

Anónimo disse…
Regiões Interiores, Autónomas e competitivas? Não entendo! De onde lhes vem o dinheiro para pagar as pensões de quem recebe (pouco) sem ter descontado? E os desempregados de londa duração? E tudo o resto...
Assim, não dá...
Caro Anónimo,

Não há país coeso e homogéneo se não existir solidariedade nacional.

Não tenhamos ilusões que a reforma administrativa que criará o poder regional (intermédio) terá, necessáriamente, que resultar da diminuição do poder central e terá que assentar na solidariedade inter regional.

Cumprimentos,
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Sem tirar nem pôr, sabendo que em locais de certas regiões, no caso da prestação de serviços de saúde, existe excelência derivada da capacidade e dedicação profissional das pessoas e dos especilaistas que lá residem e à sua Região se dedicam.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)