JN Entrevista - Pires de Lima


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Dez anos depois do referendo à regionalização, é altura de fazer outro?

Será bom reflectir, na fase final legislativa, qual o modelo a adoptar, e referendar no início da próxima. É preciso saber quais as competências a transferir, qual a forma de organização, quanto custa e como se financia. O modelo centralista que temos hoje está a condenar o Norte e o Interior a um distanciamento político que não favorece um desenvolvimento regional bom e sensato e pode afectar a coesão social, a prazo. Estão a criar-se bolsas de pobreza e revolta que terão consequências nefastas. O fosso entre Lisboa e o Norte e do Interior agravou-se ao longo dos últimos 20 anos. É um tema onde vale a pena juntar esforços dos responsáveis de autarquias do Norte. Temos excelentes presidentes de câmara, como é o caso de Matosinhos, Porto e Gaia, que têm estado envoltos em discussões. Seria útil criarem consenso entre eles para trazerem este tema para a actualidade política.

O mapa de 5 regiões é adequado?

O mais importante é o modelo de governação, saber quanto custa, como se financia e quais as competências. A hipótese de três [Norte, Centro e Sul] ou de cinco regiões [Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve] são trabalháveis.

O estado da cidade do Porto afasta pessoas e investidores?

Além da gestão social e rigor orçamental que tem exibido o executivo camarário, falta olhar para o Porto com uma certa ousadia e ambição, no sentido de recuperar um conjunto de centralidades (até culturais) que lhe permitam atrair uma população mais jovem e investimentos e competir com outros pólos, como Lisboa.

Comentários

Anónimo disse…
O diagnóstico está feito, mas nem uma palavra para o modelo de desenvolvimento regional a seguir nem para os objectivos macro políticos correspondentes, a partir de uma instrumento tão importante como a regionalização.
Como se costuma escrever, não uma regionalização qualquer mas a partir da regionalização autonómica, a única com capacidade para inventariar e mobilizar os factores produtivos autóctones para uma produção própria que não descaracterize cada uma das regiões e contribua para fixar as populações às terras da sua naturalidade.
Em primeiro lugar produzir para depois distribuir, sempre com uma gestão parcimoniosa gestão do Orçamento do Estado compatível com o desmoronamento progressivo das actuais profundas e graves assimetrias regionais, muito mais dramáticas nas Regiões do Interior.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)