Sérgio Martins, Técnico Superior de Turismo, in Revista Algarve Mais
Já várias vezes fizemos referência ao Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) nestas páginas da Algarve Mais. É um tema que, recentemente, tem voltado a alguns debates. E com toda a razão porque estamos a falar de um investimento à volta de 7 mil milhões de euros, incluindo todas as acessibilidades. Desse total o Estado Português, ou seja, todos nós contribuintes, iremos pagar à volta de 2 mil milhões de euros e o resto será repartido entre investimento privados e fundos da União Europeia.
Mas, mesmo os investimentos privados serão realizados à custa da privatização da ANA (Aeroportos e Navegação Área) e ficarão com o controlo de todos os aeroportos nacionais (com a excepção da Madeira). Refira-se que a ANA é uma empresa pública lucrativa que tem gerido equitativamente os diferentes aeroportos, tirando e bem os lucros de alguns para suportar os prejuízos de outros e ajudando as regiões/aeroportos mais necessitados. Com a privatização da ANA, aeroportos como os de Faro e Porto ficarão na contingência de se terem de reger pelos lucros que o investimento privado em Lisboa irá querer e não pelas necessidades do Algarve ou do Norte, nem pela necessidades de um desenvolvimento regional equilibrado.
Por outro lado, cada vez mais estão patentes erros ou insuficiências dos cálculos que levaram à decisão de construção de um novo aeroporto. Dizem que o aeroporto da Portela estará esgotado em 2015. Mas, o aumento do custo do petróleo vai provocando o aumento preço dos bilhetes de avião e reduzindo a procura. É neste contexto que a TAP já prevê prejuízos assinaláveis para este ano.
Aliás, é bastante comum enganarem-se nas previsões sobre o aeroporto da Portela. Em 1999 previam que a Portela iria esgotar entre 2005 e 2008, em 2001 mudaram a previsão para 2010 e em 2005 mudaram a previsão para 2015. Previsões sucessivamente falhadas e mesmo a previsão de 2015 tem por base taxas de crescimento de tráfego pouco prováveis face à omissão do aumento do petróleo e até a sua eventual escassez e à assunção de taxas de crescimento económico nacionais e europeias improvavelmente elevadas.
Igualmente tem sido negligenciada outra grande alteração nas viagens áreas. O crescimento das companhias de baixo custo (easyJet, Ryan Air, etc..) que não querem voar para aeroportos caros para manterem preços baixos, que fazem voos de aeroporto a aeroporto e não ligações entre várias destinos utilizando um ponto central (neste caso Lisboa). As companhias de baixo custo até aguentam melhor a escalada dos preços do que empresas como a TAP. E nos voos de ligação, Lisboa só tem alguma saída na ligação entre o Brasil e a Europa. Não me parece, como alguns sonham, que Lisboa sendo um grande “hub”, nó de ligação, consiga competir com Madrid entre a Europa e a América. O nosso país não tem dimensão, a América hispânica prefere Madrid a Lisboa e a América do Norte prefere Londres, Paris, Amesterdão, Frankfurt e outros.
O único problema que o aeroporto da Portela tem actualmente, numa altura em que segundo algumas previsões já deveria estar esgotado, é a saturação de voos das 7 às 9 horas e das 17 às 19 horas. No resto do tempo à capacidade para duplicar ou triplicar os voos. Será que se justifica um novo aeroporto só para descongestionar aquelas 6 horas? Será que as companhias que voam, quem querem voar e que têm mesmo que voar para Lisboa não poderão fazê-lo às 10 horas em lugar de ser às 9 horas?
Mas, veja-se também o que aconteceu com o novo aeroporto de Atenas que, tendo taxas mais altas para as companhias aéreas que o antigo aeroporto, levou a uma grande quebra nos voos de baixo custo e de turismo, que procuraram outros aeroportos mais baratos e que ameaça tornar-se num elefante branco. Só a Olympic (a TAP grega) é que é obrigada a continuar a utilizar o novo aeroporto, que sendo muito mais caro, está a levar a companhia grega à falência.
Se uma grande fatia do crescimento da Portela deve-se às companhias de baixo custo, que preferem aeroportos baratos, se Alcochete tiver taxas mais altas que a Portela essas companhias não voarão para lá. É por isso que encaro como possivelmente melhor solução a reconversão de um aeroporto secundário (Montijo, Alverca, Sintra ou Alcochete) para as companhias de baixo custo.
O Montijo é mais próximo de Lisboa, já foi dado como uma boa alternativa pela ANA, já está praticamente pronto, não teria como alguns dizem uma duplicação de custos da Portela e rapidamente poderia atrair mais voos e muitos mais turistas, ao mesmo tempo que ajudava a descongestionar a Portela. Se for necessário pode-se ainda alargar a Portela para Figo Maduro e teríamos uma oferta aeroportuária na zona de Lisboa para umas boas décadas.
Mas, não sendo assim, no mínimo, perante o crescimento das companhias de baixo custo e a incerteza do petróleo, a opção por Alcochete deverá ser a de um “aeroporto inaugural”, só com uma pista e serviços básicos no momento da sua abertura e que poderá crescer, depois, à medida das necessidades na área reservada para o efeito. Assim estaria funcional daqui a 3 e não 10 anos, seria barato e poderia satisfazer as companhias de baixo custo.
Já várias vezes fizemos referência ao Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) nestas páginas da Algarve Mais. É um tema que, recentemente, tem voltado a alguns debates. E com toda a razão porque estamos a falar de um investimento à volta de 7 mil milhões de euros, incluindo todas as acessibilidades. Desse total o Estado Português, ou seja, todos nós contribuintes, iremos pagar à volta de 2 mil milhões de euros e o resto será repartido entre investimento privados e fundos da União Europeia.
Mas, mesmo os investimentos privados serão realizados à custa da privatização da ANA (Aeroportos e Navegação Área) e ficarão com o controlo de todos os aeroportos nacionais (com a excepção da Madeira). Refira-se que a ANA é uma empresa pública lucrativa que tem gerido equitativamente os diferentes aeroportos, tirando e bem os lucros de alguns para suportar os prejuízos de outros e ajudando as regiões/aeroportos mais necessitados. Com a privatização da ANA, aeroportos como os de Faro e Porto ficarão na contingência de se terem de reger pelos lucros que o investimento privado em Lisboa irá querer e não pelas necessidades do Algarve ou do Norte, nem pela necessidades de um desenvolvimento regional equilibrado.
Por outro lado, cada vez mais estão patentes erros ou insuficiências dos cálculos que levaram à decisão de construção de um novo aeroporto. Dizem que o aeroporto da Portela estará esgotado em 2015. Mas, o aumento do custo do petróleo vai provocando o aumento preço dos bilhetes de avião e reduzindo a procura. É neste contexto que a TAP já prevê prejuízos assinaláveis para este ano.
Aliás, é bastante comum enganarem-se nas previsões sobre o aeroporto da Portela. Em 1999 previam que a Portela iria esgotar entre 2005 e 2008, em 2001 mudaram a previsão para 2010 e em 2005 mudaram a previsão para 2015. Previsões sucessivamente falhadas e mesmo a previsão de 2015 tem por base taxas de crescimento de tráfego pouco prováveis face à omissão do aumento do petróleo e até a sua eventual escassez e à assunção de taxas de crescimento económico nacionais e europeias improvavelmente elevadas.
Igualmente tem sido negligenciada outra grande alteração nas viagens áreas. O crescimento das companhias de baixo custo (easyJet, Ryan Air, etc..) que não querem voar para aeroportos caros para manterem preços baixos, que fazem voos de aeroporto a aeroporto e não ligações entre várias destinos utilizando um ponto central (neste caso Lisboa). As companhias de baixo custo até aguentam melhor a escalada dos preços do que empresas como a TAP. E nos voos de ligação, Lisboa só tem alguma saída na ligação entre o Brasil e a Europa. Não me parece, como alguns sonham, que Lisboa sendo um grande “hub”, nó de ligação, consiga competir com Madrid entre a Europa e a América. O nosso país não tem dimensão, a América hispânica prefere Madrid a Lisboa e a América do Norte prefere Londres, Paris, Amesterdão, Frankfurt e outros.
O único problema que o aeroporto da Portela tem actualmente, numa altura em que segundo algumas previsões já deveria estar esgotado, é a saturação de voos das 7 às 9 horas e das 17 às 19 horas. No resto do tempo à capacidade para duplicar ou triplicar os voos. Será que se justifica um novo aeroporto só para descongestionar aquelas 6 horas? Será que as companhias que voam, quem querem voar e que têm mesmo que voar para Lisboa não poderão fazê-lo às 10 horas em lugar de ser às 9 horas?
Mas, veja-se também o que aconteceu com o novo aeroporto de Atenas que, tendo taxas mais altas para as companhias aéreas que o antigo aeroporto, levou a uma grande quebra nos voos de baixo custo e de turismo, que procuraram outros aeroportos mais baratos e que ameaça tornar-se num elefante branco. Só a Olympic (a TAP grega) é que é obrigada a continuar a utilizar o novo aeroporto, que sendo muito mais caro, está a levar a companhia grega à falência.
Se uma grande fatia do crescimento da Portela deve-se às companhias de baixo custo, que preferem aeroportos baratos, se Alcochete tiver taxas mais altas que a Portela essas companhias não voarão para lá. É por isso que encaro como possivelmente melhor solução a reconversão de um aeroporto secundário (Montijo, Alverca, Sintra ou Alcochete) para as companhias de baixo custo.
O Montijo é mais próximo de Lisboa, já foi dado como uma boa alternativa pela ANA, já está praticamente pronto, não teria como alguns dizem uma duplicação de custos da Portela e rapidamente poderia atrair mais voos e muitos mais turistas, ao mesmo tempo que ajudava a descongestionar a Portela. Se for necessário pode-se ainda alargar a Portela para Figo Maduro e teríamos uma oferta aeroportuária na zona de Lisboa para umas boas décadas.
Mas, não sendo assim, no mínimo, perante o crescimento das companhias de baixo custo e a incerteza do petróleo, a opção por Alcochete deverá ser a de um “aeroporto inaugural”, só com uma pista e serviços básicos no momento da sua abertura e que poderá crescer, depois, à medida das necessidades na área reservada para o efeito. Assim estaria funcional daqui a 3 e não 10 anos, seria barato e poderia satisfazer as companhias de baixo custo.
Comentários
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,
Volto aqui à necessidade de se estabelecer uma verdadeira POLÍTICA ECONÓMICA, para que os objectivos de diversa natureza a atingir com macros investimentos possam ser conhecidos e avaliados numa relação de custo-benefício e de cutsto de oportunidade inter-regiões.
As decisões casuísticas como as dos investimentos recentemente citados e visados nas "análises" da comunicação social nunca poderão resultar em benefício das populações e do seu desenvolvimento.
Sem mais nem menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)