Que Regionalização? (2)

Afirmei na crónica anterior que a inserção do Concelho do Sabugal na Região Centro poderia ser uma coisa boa e má…

A minha posição sobre esta questão baseia-se num conjunto de pressupostos cuja explicitação inicio hoje.

Em primeiro lugar vejamos o que o Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território diz no que respeita ao nosso Concelho e Região.

A figura condensa um conjunto de elementos estratégicos para a Região, destacando-se:

– A posição geográfica estratégica nas ligações entre o Norte e o Sul e com a Europa, geradora de uma nova geografia de fluxos nos contextos nacional, ibérico e europeu;

– Uma rede urbana multipolar e estruturada em sistemas urbanos sub-regionais com potencial para sustentarem um desenvolvimento regional policêntrico, merecendo destaque, o eixo urbano Guarda–Belmonte–Covilhã–Fundão-Castelo Branco e o sistema de Viseu que inclui Mangualde, Nelas, S. Pedro do Sul e Tondela, podendo ainda considerar-se o sistema formado por Oliveira do Hospital–Seia-Gouveia;

– Os recursos hídricos e os recursos florestais;

– A paisagem e o património, que constituem recursos estratégicos pelas suas valias e singularidades.

– A consideração de dois grandes corredores de conectividade internacional – um a norte, a A25, outro a sul do referido Sistema Urbano, ligando a A23 a Espanha pelo IC31.

Numa análise mais fina, o PNPOT apresenta ainda um conjunto de propostas para a Sub-Região Beira Interior, que inclui a Beira Interior Norte, a Cova da Beira, a Serra da Estrela e a Beira Interior Sul, destacando-se, pela sua importância para o Concelho, as seguintes:

– Explorar o potencial do eixo urbano estruturado pela A23 (Guarda-Belmonte-Fundão-Covilhã-Castelo Branco), traduzindo-o num conceito de desenvolvimento policêntrico valorizador de sinergias e complementaridades num quadro estruturado de cooperação inter-urbana;

– Explorar a posição estratégica da Guarda nos eixos rodoviários e ferroviários para o desenvolvimento de serviços logísticos e para a localização empresarial;

– Apoiar as apostas da Covilhã de articular o pólo universitário com um pólo de localização de actividades mais intensivas em tecnologia e conhecimento;

– Assumir uma estratégia comum de afirmação territorial e de aprofundamento da cooperação transfronteiriça e de exploração das oportunidades decorrentes da ligação a Espanha;

– Suportar o dinamismo emergente nas pequenas vilas melhor posicionadas relativamente aos eixos de comunicação e favorecer a sua articulação com as principais cidades;

– Promover o turismo nomeadamente nas áreas de maior valia patrimonial ou ambiental: aldeias históricas, Serra da Estrela, Vale do Côa/Vale do Douro; (curiosamente o PNPOT ignora a Reserva Natural da Serra da Malcata…);

– Valorizar os projectos de regadio da Cova da Beira e Idanha.

O PNPOT parece assim indicar um claro caminho para o Sabugal – tudo fazer para aprofundar a ligação às estratégias de desenvolvimento da Guarda, da cooperação transfronteiriça e do eixo urbano Guarda-Belmonte-Covilhã-Fundão-Castelo Branco, posição que condicionará a opção sobre o modelo de regionalização que melhor nos servirá.

«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
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