A necessidade de uma regionalização bem feita (Parte III)

(continuação)


4-Modelo Policêntrico. Segundo os geógrafos e professores de Geografia, é no reforço deste modelo que reside um futuro mais harmonioso e equilibrado para Portugal. A população distribuir-se-ia mais uniformemente entre o Litoral e o Interior, criando-se eixos urbanos de cooperação entre cidades, que têm como base as 7 Regiões:

*Entre-Douro e Minho:
Área Metropolitana do Porto- Vale do Sousa e Baixo Tamega - Braga -Viana do Castelo;

*Trás-os-Montes e Alto Douro:
Vila Real-Régua-Lamego (Douro);
Chaves-Mirandela-Bragança (Alto Trás-os-Montes);

*Beira Litoral:
Aveiro-Ílhavo-Vagos (Baixo Vouga);
Coimbra-Figueira da Foz-Cantanhede-vilas da Serra da Lousã (Baixo Mondego);
Tondela-Viseu-Mangualde (Dão);

*Beira Interior:
Guarda-Belmonte-Covilhã-Fundão-Castelo Branco

*Estremadura e Ribatejo:
Área Metropolitana de Lisboa-Península de Setúbal
Caldas da Rainha-Peniche (Oeste)
Abrantes-Tomar-Entroncamento (Médio Tejo)
Santarém-Cartaxo-Almeirim (Ribatejo)

*Alentejo (pólos urbanos individualizados)
Portalegre
Elvas
Évora
Beja
Sines-Santiago do Cacém

*Algarve
Portimão-Lagoa
Faro-Loulé-Olhão-São Brás de Alportel

Enquanto que os cenários 1 e 2 serão consequência natural da continuação da situação centralista e bicéfala actual, e levarão ao acentuar dos desequilíbrios entre as diferentes regiões do país, e a uma morte anunciada do Interior, o cenário 3 levará a uma litoralização excessiva da população, particularmente em torno das 3 maiores cidades do país, pelo que os desequilíbrios continuarão a existir e a acentuar-se as desigualdades entre o Litoral desenvolvido e o Interior desertificado, que, esquecido por Portugal, se tenderia a articular com a Espanha autonomizada, enquanto que o cenário 4 levaria ao atenuar dos desequilíbrios existentes no nosso país, contribuindo para uma coesão entre as diferentes regiões, do Norte, Sul, Litoral e Interior.


Está nas mãos dos portugueses e dos políticos em particular, esta opção: ou continuam a teimar com o centralismo; ou cedem aos interesses de alguns, e avançam com esta regionalização de fantoches, ou então apostam a sério em Portugal e têm a coragem necessária para fazer o que é necessário: dividir o país em 7 regiões, com serviços distribuídos pelas suas cidades médias, e dar-lhes um grau de autonomia que lhes possibilite decidir realmente o seu futuro, sem estarem dependentes de pólos centralistas para tal.


Haja coragem.


Afonso Miguel


Comentários

senhor zebedeu disse…
Não sei até que ponto, o mapa indicado, não acentuará ainda mais as diferenças existentes no país. Tal como ele está definido, suponho que "litoralizado" demais, aumenta-se a clivagem entre o Litoral e o Interior. Sempre fui defensor da regionalização em Portugal, mas não com este molde. Portugal continental pode (e acho que deveria) partir-se em 4 regiões autónomas. Uma a norte, englobando as regiões Entre Douro e Minho e Tras-os-Montes, outra só para as Beiras (Litoral e Interior), outra a da Estremadura, Ribatejo e Alentejo e finalmente uma apenas para o Algarve. Económicamente falando, poder-se-ía dizer que esta última seria a mais forte mas acontece que o Algarve vive muito do turismo Litoral, mas perde muito no seu interior, daí se calhar, estar mais equilibrado do que se supõe. Da forma que está desenhado, as regiões do interior mais o alentejo, não serão capazes de ombrear com as restantes mais a litoral. É se se pudesse transformar as grandes áreas metropolitanas do Porto e Lisboa (especialmente esta ultima), também não viria grande mal ao mundo... Pelo menos acabar-se-ía com este clima de feudalismo que o país ainda sofre para com a Capital...
Caro senhor zebedeu:

O objectivo de uma regionalizaçao com 7 regioes nao e colocar as regioes portuguesas litorais e interiores a competir entre si, pelo menos a curto prazo.

O objectivo deste mapa e a coesao territorial. Distinguindo o litoral do interior, as regioes mais desfavorecidas, ao gerir localmente os fundos europeus, e com ajudas de coesao a nivel nacional, terao como prioridade maior delinear estrategias, construir infra-estruturas e tomar medidas para possibilitar o desenvolvimento e a convergencia com as restantes regioes, o mais rapidamente possivel. Tal como aconteceu com os Açores e a Madeira, e em muitas regioes desfavorecidas por essa Europa fora.

Num mapa que misture Litoral e Interior, dificilmente este ultimo saira a ganhar. As zonas interiores terao pouca voz (10 a 15% da populaçao no caso do "norte" e do "centro"), logo pouco poder reivindicativo, e serao irremediavelmente relegadas para segundo plano a nivel regional, depois de ja terem perdido as poucas vozes reivindicativas que lhes restam a nivel nacional- com a regionalizaçao, acabam os distritos, e possivelmente os circulos eleitorais, logo o interior deixa de ter deputados eleitos em seu nome e governadores civis. Ao nao poderem gerir localmente os fundos que lhe sao destinados, corre-se o risco de as zonas litorais se aproveitarem deles em proveito proprio, como hoje acontece com Lisboa.

Sob pena de desaparecer demograficamente nos proximos anos, o Interior precisa imediatamente de projectos, medidas e uma politica de desenvolvimento que o desencrave. E tal nao sera, decerto, a prioridade de regioes onde haja litoral, que se querera tornar mais competitivo a nivel nacional e internacional.

Em jeito de reflexao, de referir que, numa hipotetica regionalizaçao com regioes "norte" e "centro", as maiores cidades de Tras-os-Montes e da Beira Interior teriam dezenas de concelhos do litoral com maior populaçao e poder reivindicativo que estas. Por exemplo, a Guarda, Covilha e Castelo Branco estariam ao nivel de Ovar, Pombal ou Agueda. Em Tras-os-Montes, Vila Real, Bragança e Chaves teriam menos populaçao que dezenas de concelhos, como por exemplo Paços de Ferreira, Lousada, Fafe ou Marco de Canaveses, e metade da populaçao de concelhos como Barcelos ou Santa Maria da Feira...

Que poder teria o Interior? Qual o seu futuro? Nao e com condiçoes destas que se consegue o desenvolvimento...

(Peço desculpa pela falta de acentuaçao, devida a problemas na formataçao do meu computador)

Cumprimentos,
templario disse…
Sr. Afonso Miguel,

É óbvio que os fundamentos em que me baseio contra a regionalização me levam a recusar régua e esquadro para discutir qualquer critério para delinear fronteiras regionais em Portugal, na medida em que Portugal foi a primeira região do espaço ibérico de várias nações a assumir a sua independência, sem anexações, sem opressão de etnias, etc.. Portugal é hoje, no quadro da UE, uma região, independente, uma só língua, um só povo.

Se o vosso desassossego é Lisboa, pois, então, proponham a transferência da capital para Coimbra. Eu votaria sim, com a certeza antecipada de me ver ridicularizado nos resultados finais.

Como pode o Afonso Miguel, que tanto se dedica à causa da regionalização em Portugal, utilizar o lápis com tão incontrolada imaginação?

Está bem de ver que, ao propôr regiões interiores, amputadas do Atlântico, cometeria a mais ridícula das soluções, na medida em que o litoral marítimo é o mais importante factor de desenvolvimento, agravando, assim, as assimetrias tão caras aos regionalistas na luta contra o tal centralismo e deixando essas regiões interiores ao saque dos nossos queridos hermanos, e em condições óptimas para futuros aventureiros separatistas.

Escreve o Afonso Miguel:

"Tal como aconteceu com os Açores e a Madeira, e em muitas regioes desfavorecidas por essa Europa fora".

Mas é mesmo verdade que o Afonso Miguel reflectiu sobre isto?´Tem algum sentido comparar qualquer hipotética região do Continente com os Açores e Madeira, a muitas centenas de Kms. de mar?
Fronteiras disse…
Sr. Templario;

É óbvio que se os seus fundamentos para recusar a regionalização é o facto de Portugal ser um só povo, uma só língua e tudo o mais, então só posso dizer que é o argumento mais bacoco que já ouvi. Esquece o senhor que cá na Europa, sem ir mais longe, também existem países muito homogéneos que estão totalmente regionalizados, a começar, por exemplo pela Alemanha, a Áustria, a Suécia, a Dinamarca e mais.

Por outro lado, esquece o senhor que o tempo dos estados-nações já passou bem como o facto de que em Portugal existem duas línguas oficiais: o português e o mirandês, pelo que o seu ideal de um povo, uma língua lá se vai pelo cano abaixo, porque os mirandeses, como qualquer cidadão português, também têm os seus direitos, inclusive os linguísticos.

Continua sem querer perceber o miolo da questão. Eu acredito que o Sr. Afonso Miguel não tem qualquer problema com Lisboa, mas sim com a forma em que o poder se concentra nesta cidade. A sua proposta de mudar de capital resulta ridícula, já que não mudaria nada a situação se não se muda a política.

A imaginação do Sr. Miguel não é "incontrolada", baseia-se em factos históricos, geográficos e económicos que, pelos vistos, o Sr. não se deu ao trabalho de ler.

Também não se deu ao trabalho de compreender a pura lógica: numa região onde há zonas com muita população e outras com pouca, as verbas sempre vão para os lugares onde há mais população, já que dão mais votos, entre outras coisas. É óbvio que em razão de população, essas regiões interiores iriam receber menos dinheiro que aquelas com mais população como é evidente, mas com a regionalização teriam a certeza de que esses fundos não seriam desviados como acontece com os fundos comunitários para as regiões de convergência (Objectivo 1) que são desviados de modo imoral para Lisboa alegando infraestruturas de "interesse nacional". Isso, onde eu moro, chama-se roubar a um santo para vestir a outro.

Finalmente, o que resulta inadmissível é que fale em "aventureiros separatistas". É um insulto para a inteligência das pessoas que, decerto, saberão distinguir entre quem expõe as suas ideias de um modo argumentativo e quem, como o senhor, tem de recorrer ao insulto para tentar denegrir uma posição que não é a sua.

Não percebo qual é a sua inquina contra a regionalização. Só posso pensar que é contra, bem porque com a regionalização iria perder uns tachos, bem porque considera que tudo o que não é Lisboa não merece o direito a se desenvolver, o que seria realmente egoísta da sua parte sendo educados, bem porque defende um patriotismo mal focalizado e caduco do tipo conversa de «Velhos do Restelo» que apela unicamente ao medo de eventuais desastres.

Já agora, bem podia deixar cá a sua proposta à respeito para os problemas do país porque sempre que escreve cá o único que faz é dizer que está contra mas nunca propõe nada. Se a regionalização é assim tão má, pode iluminar-nos com a sua sabedoria e dizer-nos qual é o melhor modo de ultrapassar as fortes assimetrias que padece o país. Isso sim, com argumentos, por favor, que é o que tentamos fazer aqui neste blogue.
templario disse…
Sr. Gaiato Alentejano,

1º. Paradoxo no campo que defende a regionalização em Portugal:
o partido, entre todos, que está na primeira linha na defesa da regionalização, o PCP, de ideologia e prática vincadamente centralista e centralizadora, quer nas suas relações internas, quer nas relações de poder com o povo (como a História demonstra), emitiu dia 6/11/09 um comunicado sobre o 20º. aniversário da queda do Muro de Berlim, onde declara:

"O mundo está hoje mais injusto, mais desigual, mais perigoso e menos democrático".

Se acrescermos que o mesmo partido apoia o regime tirano da Coreia do Norte e o facínora que preside no Zimbabwé, e o ditador de longa data Fidel de Castro e as suas quadrilhas, podemos aquilatar das intenções com a regionalização de médio prazo deste partido, dirigido pelo seu núcleo reumático do pós Abril.

2º. Paradoxo no mesmo campo regionalista: o inusitado consenso que se vai estabelecendo entre os partidos sobre esta questão, numa clara tentativa de a implementar na Assembleia da República, mandando às urtigas a vontade do povo (que lhes deu tampa em 1998), esquecendo que "O POVO SOMOS NÓS", enquanto que de Abril para cá se foram mancomunando numa política de continuidade e definhamento, desprezando a

"ameaça no contexto ibérico do cenário de continuidade com definhamento em Portugal tem como consequência indirecta a integração de Portugal na dinâmica ibérica por via involuntária e não controlada pelos centros de decisão dos portugueses. No sistema de forças que estabelece a hierarquia dos poderes regionais no espaço hispânico, a hipótese de integração do espaço lusitano não é uma questão marginal para os diversos centros hispânicos. Não tendo Portugal autonomia estratégica ou meios de defesa adequados (e cada vez terá menos à medida que o cenário de continuidade e definhamento se prolongar), estará a aumentar a ameaça à sua independência de decisão, mais por culpa própria do que por intencionalidade dos outros".- Hernâni Lopes, Economista.

É óbvio que a regionalização iria facilitar esta integração e consequente conflitualidade interna e com o vizinho, sabendo nós (saber de experiência feito) que

"futuros aventureiros separatistas"

(como escrevi, e não insultei o Sr. Afonso Miguel como muito maldosa e acintosamente escreveu no seu comentário, tentando prestar uma ajuda que lhe não deve ter sido pedida, muito menos com esses argumentos provocatórios, deturpadores do meu pensar, para me tentar condenar), encontrariam terreno propício. Pensei até nos métodos da Stasi de que nesta data muito se fala e denuncia, que me levariam ao degredo, sabe-se lá se para toda a vida... Mas "O POVO SOMOS NÓS!", e eu sou do povo e não tenho tachos a defender, como escreveu (nunca trabalhei para o Estado, nunca fui funcionário público, nunca fui Professor e se o tivesse sido queria ser avaliado como sempre tenho sido, diariamente, no sector privado, para que a minha empresa (como colaborador) seja moderna, rentável para poder pagar os salários a mim e a todos os que nela trabalham e, ao mesmo tempo, contribua para o progresso do país - uma empresa inteiramente nacional, com mais de 150 anos de existência, onde não se xula, onde não é possível procurar tachos por subserviências manhosas e rélis, para disfarçar incompetência, e desprezo pela valorização pessoal contínua, julgando que os subsídios, as reformas, a saúde, a educação são um direito que um qualquer ente divino garante. Mas é o povo, o que não é empregado do Estado, que os garante. O que nunca quererá a regionalização.

........ Continua comentário a seguir....
templario disse…
........ Continuação do comentário anterior.....
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Mas é esta a mentalidade, a ideologia, se quiser, que comanda grande parte dos que andam por aí a gritar pela regionalização, tendo, obviamente, atrás de si, sôfregos bandos épicos na mira de quinhoarem algo.

É no sistema partidário que está a doença, meu caro. Não é no centralismo de Lisboa. É numa cambada bem numerosa barricada nos partidos, cujas virtualidades putrefizeram, que está o busílis. Se assim não fosse, uma correta e eficiente Descentralização (que se exige com urgência) já estaria a funcionar e os dinheiros públicos seriam, sim, bem distribuídos pelas diversas zonas do país - de facto não o estão a ser.

Já agora: leia mais um pouco sobre a Alemanha, a Áustria, a Suiçã, a Dinamarca; e leia também sobre a Finlândia, a Suécia. No final dará conta que mais não fez que respigar frases ao acaso.

Estimo muito e aprecio o cambate do Sr. Afonso Miguel

Cumprimentos
Fronteiras disse…
Sr. Templário,

Continua sem responder a pergunta que lhe foi colocada:

Quais as suas propostas para diminuir as fortes assimetrias do país, não havendo regionalização por considerá-la implicitamente má?

O resto é conversa fiada...

Nem se falou cá do PCP, nem de regimes comunistas, que não sei o que fazem nesta conversa a não ser a sua evidente intenção de desviar-se da conversa sobre a regionalização com consignas do tipo: Que maus são os comunistas, como diabo com cauda e chifres. Parece-me que ainda estou nos tempos do Salazar porque é um discurso que tresanda a isso...

Cita um economista (sem dizer onde tirou a citação, ou seja as fontes) como se o que diz uma só pessoa fosse já o único argumento a aceitar, com argumentos fracos e bacocos. Deve ser por isso que a Alemanha, sendo um país federal, perdeu a sua «independência de decisão»... (veja-se o tom irónico).

Continua com o seu tom insultante ao comparar-me com a Stasi (continua com a sua teima com os comunistas) e a dizer-me que leia sobre a Alemanha e outros países quando o senhor não me conhece e quando se falo nesses países é porque conheço a sua realidade...

Já agora, faço-lhe a mesma pergunta:

Qual é a sua solução para as assimetrias regionais? Continua sem responder... E não me diga que é o sistema partidário porque o sistema partidário está estruturado para favorecer esse centralismo.

Se o senhor tiver ideias, argumentos que aportar, muito bem, mas não venha aqui com conversas de «Velhos do Restelo» nem a insultar a inteligência das pessoas. Quanto à sua fixação com os comunistas, sendo esta uma opção política tão respeitável como qualquer outra, embora eu pessoalmente não alinhe com os seus postulados, recomendo-lhe uma atitude mais aberta ou caso se trate de um trauma da infância, de algum tipo de terapia que lhe possa ajudar. Eu pessoalmente gosto de falar com argumentos, não com fobias irracionais como no seu caso.

Finalmente, gosto das pessoas que vão directas ao assunto, pelo que rogaria que não me fizesse perder o tempo em comentar não-argumentos que tentam desviar a questão para outros lados, precisamente pela falta de... argumentos.

Cumprimentos para si também.
manuel amaro disse…
Parece um bando de alunos da primária.
Para mim tanto faz - Regionalizar ou não regionalizar.
No caso de Regionalizar, qualquer partilha serve.
Mas, se Portugal fosse meu e eu tivesse que fazer a Regionalização, fazia com as cinco (5) Regiões Plano.
Mais. Se eu vivesse em Trás-os-Montes ou na Beira Interior, não queria ficar numa espécie de "favela", olhando para os NABABOS de Faro, Évora, Lisboa, Coimbra e Porto.
Mas isso sou eu, que sou "burro".
Por isso, com Regionalização ou sem ela, eu vou estar bem pertinho do poder e do desenvolvimento.
No Litoral, Centro ou Sul.
Mas sempre disponível, voluntário, solidário...

Cumprimentos

Eu