"Regionalização é um imperativo"

"Regionalização é um imperativo"

Mesquita Machado conseguiu a décima eleição para presidente da Câmara de Braga. Entende a leitura dos auditores da Inspecção-Geral de Finanças como prova de centralismo e tentativa de destruição do poder local.
PEDRO VILA-CHÃ

O presidente da Câmara Municipal de Braga quer concluir o "projecto" por si iniciado há 33 anos de afirmar Braga como a referência do Norte do país.

Tem obras projectadas que rondam os 100 milhões de euros, 70 dos quais estão inscritos no III Quadro Comunitário de Apoio.

É dos poucos autarcas que conta no currículo com dez vitórias em actos eleitorais. Como parte para este último mandato?

Merecer a confiança dos eleitores em dez mandatos consecutivos é sinal de que muito de positivo se fez. Estou a encarar este mandato como encarei o primeiro: com todo o entusiasmo para fazer o melhor pelos bracarenses. A minha vontade não será menor.

O município de Braga tem inscritas, no Quadro Comunitário de Apoio (QCA), 70 milhões de euros para obras. Em que áreas vão ser investidos?

Temos disponíveis cerca de 70 milhões de euros no QCA e essa foi uma das muitas razões que me levou a apresentar a candidatura. Braga é conhecida pela boa utilização desses fundos comunitários e a Câmara de Braga tem prática de saber utilizar os fundos comunitários e a não desperdiçar. Tratam-se de obras fundamentalmente direccionadas para a melhoria da qualidade de vida dos bracarenses

Quais serão as grandes obras deste mandato?

Posso avançar algumas, como o Parque Urbano do Monte Picoto, a requalificação do Parque da Ponte, a revitalização do rio e das margens do Este e outros equipamentos, como a Casa da Música, que será uma obra de grande envergadura.

O reitor da Universidade do Minho revelou a intenção de requalificar edifícios que a instituição possui no centro da cidade. A degradação urbana do centro histórico tem sido um aspecto muito debatido. Quais são os projectos da autarquia?

Desde 1989, quando lançámos o plano de intervenção e requalificação urbana que estamos a acautelar esse aspecto. Ao abrigo desse regulamento já foram recuperados muitos prédios, além de serem facultados mecanismos de incentivo aos privados, como a isenção de taxas, concepção de projectos e apoio técnico que pode passar pelo fornecimento do próprio projecto. É claro que há sempre casos difíceis, decorrentes da vontade ou condições dos proprietários. Sou defensor que não devemos avançar para a expropriação a qualquer custo. Só o fizemos, na rua dos Chãos, para acautelar a segurança nos prédios contíguos.

A Câmara tem algum projecto para o antigo quartel da GNR, no Campo da Vinha?

Vamos contrair um empréstimo (só falta a aprovação da Assembleia Municipal) que se destina, também, à aquisição daquele espaço, para lhe darmos o melhor destino, dado tratar-se de um local nobre da cidade e certamente com grande utilidade. Primeiro trataremos de adquirir o edifício e só depois definiremos um projecto para o local.

O relatório da Inspecção-Geral de Finanças sobre a vistoria feita aos serviços municipais da Câmara de Braga, relativo aos anos de 2004, 2005 e 2006 está no centro da mais recente polémica com a oposição. Em que aspectos discorda desse documento?

Esse é um problema de subjectividade na análise dos auditores que efectuaram a vistoria. No país, a Câmara de Braga é das que melhor paga e atempadamente. Os senhores auditores quiseram emitir opiniões subjectivas, como referindo-se ao facto de a execução orçamental levantar dúvidas. Se analisarmos bem, ano após ano, a execução da Câmara de Braga é das mais elevadas de todo o país.

Então como entende esta análise dos auditores?

É mais uma prova do centralismo que tem tomado conta do país e mais uma tentativa para destruir o Poder Local. Por exemplo, focam a questão do endividamento, referindo ser preocupante, mas aludem que está dentro dos limites impostos pela lei e que, se calhar, a lei é que devia ser mudada. Então devem atacar o Parlamento, para que mudem a lei.

Também por causa disso, acha que a Regionalização deve avançar o quanto antes?

Vejo com preocupação que não haja regionalização. É um imperativo para o salutar desenvolvimento de todas as zonas do país, sem excepção. A legislatura que agora se iniciou deixa grandes esperanças, porque o PS está a retomar a ideia e está a preparar o terreno no sentido que os serviços desconcentrados venham a obedecer à nova fórmula da regionalização, em cinco regiões. Se será no início ou no final da legislatura, isso já compete a quem está a trabalhar esse processo. Importa é que se faça.

Na sua tomada de posse pediu um oposição forte e leal...

Costumo dizer que os ataques da oposição são as melhores vitaminas que posso tomar. Digo isto porque quanto melhor for a oposição, melhor será o poder exercido.

Enquanto presidente da Câmara, sócio, dirigente, bracarense, como está a acompanhar a caminhada do Sporting de Braga?

Com grande entusiasmo. Não foi uma semana agradável, mas a equipa está a ter um comportamento brilhante. Espero que faça mais e melhor.

Também tem curiosidade em ver as imagens do túnel, do jogo Braga-Benfica?

Não. Antes de mais é bom que se diga que quem provocou os desacatos foi o jogador do Benfica, Di Maria. A partir daí, desencadeou-se toda a barafunda. Mas o mais importante é que o Braga ganhou o jogo de uma forma muito personalizada.

Fonte: JN

L. Seixas

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Como já se escreveu várias vezes, a implementação da regionalziação autonómica, jamais outra, terá de associar-se a:
(a) Intervenção de novos e ainda melhores protagonistas políticos
(b) Reforma de todos os organismos da Administração Pública e de apoio ao funcionamento dos Órgaõs de Soberania
(c) Aumento da PRODUÇÃO PRÓPRIA

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)