Entrevista a Carlos Lage, presidente da CCDR-N

"Norte caminha para ser uma região de vanguarda"


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No capítulo das indústrias criativas, o Norte é também pioneiro…

A ideia andava no ar há anos, mas nunca tinha tido aplicação prática. As indústrias criativas, pelo seu potencial inovador, podem contribuir para o emprego qualificado e progresso da região. A criação do "cluster" no Grande Porto foi uma iniciativa única no país. Estes prémios poderão ter um forte efeito difusor sobre os actores e instituições que procuram oportunidades na área. Mas o Norte tem projectos exemplares em vários ramos. É o caso, por exemplo, dos parques de ciência e tecnologia, infra-estruturas que o ON.2 tem apoiado.

Mas nem tudo tem sido positivo. A região vive uma situação económica e social difícil, com o desemprego a aumentar cada vez mais...

O desemprego acelerou em toda a Europa em consequência da recessão económica, mas a região tem tido, desde 2002, uma taxa de desemprego superior à média nacional. É um fenómeno novo que deriva do emprego nos sectores tradicionais que foi destruído pelas economias de países emergentes. Só a indústria têxtil perdeu 90 mil postos de trabalho. Algumas pessoas foram absorvidas pelo sector dos serviços, mas isso não impediu a subida da taxa de desemprego. Alguns sectores começam agora a modernizar-se, como se verifica no ramo do calçado, ou no turismo, que nos últimos anos descobriu as potencialidades de geração de riqueza e postos de trabalho na região.

Faria sentido que o Governo adoptasse um programa de apoio para atenuar as debilidades da região?

Não me parece que essa seja a melhor solução e estratégia económica. Os problemas da região são estruturais e os mesmos do país. O Norte é de tal maneira vasto e representativo, em termos populacionais e económicos (30% do PIB e 40% das exportações nacionais), que não é susceptível de ser sujeito a uma intervenção para tratar de certos problemas localizados, como houve em Setúbal ou no Vale do Ave. É preciso, isso sim, que o Estado seja capaz de redireccionar investimentos públicos e privados, de grande magnitude, para o Norte. Isso seria mais importante do que qualquer programa que encare a região como pobre e desvalida. Seria muito grave assumir essa imagem, em termos de competitividade externa, e até um pouco humilhante.

Que medidas poderiam então impulsionar o Norte?

Era importante ter um apoio do Estado direccionado para a região, através de uma intensificação dos apoios comunitários e de uma acção decidida em tudo o que representa renovar as fontes de riqueza, de inovação e de competitividade no mercado externo. Essas políticas podem trazer o dinamismo pretendido, mas o Norte também terá que dar o máximo de si própria para gerar empreendedorismo, tecnologia e qualificar recursos humanos, esta última é mesmo uma dificuldade que vem sendo ultrapassada nos últimos tempos. É aqui que reside o futuro da região e não propriamente no seu tratamento terapêutico.

Como se explica a dicotomia de uma região pujante na vertente científica, mas que não vê isso reflectir-se na sua economia?

A região não pode ser rotulada como condenada à decadência e ao subdesenvolvimento. Há sinais objectivos que demonstram o contrário, com mutações em curso, que têm o seu tempo de maturação. É verdade que o Norte tem um nível de desemprego preocupante, mas tem igualmente empresas a imporem-se no mercado mundial pela sua qualidade e inovação. Além disso, a região tem dez dos 18 pólos de competitividade existentes no nosso país. Tem mais "clusters" do que, por exemplo, tem Lisboa, onde estão os pólos de competitividade dos serviços do Estado...

Está confiante em relação ao futuro do Norte?

É um processo que ainda vai a meio e estou convencido que, se o Norte vier a ter independência administrativa, vai ser uma região de vanguarda em muitos aspectos. Temos três universidades e um instituto politécnico que se têm afirmado pela qualidade e investigação mostradas. Há ainda laboratórios de enorme prestígio internacional e o Instituto Ibérico de Nanotecnologias, criado recentemente em Braga, que poderá ter muita importância, com a produção de novos materiais. Há aqui sinais que prefiguram um grande futuro.
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Outro texto que não apresenta nada de inovador nem soluções políticas estruturadas nem estruturais, apesar de mencionar os problemas de longo prazo como as principais fragilidades do desenvolvimento da sociedade portuguesa.

Sem mais nem menos.

Añónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)