Regionalização sem «truques»

Villaverde Cabral quer regionalização sem «truques» e com eleições indirectas dos presidentes


Manuel Villaverde Cabral defendeu, esta segunda-feira, em entrevista à TSF, a regionalização, depois de ter lutado pelo “não” no referendo de 98. O sociólogo quer uma descentralização sem truques políticos e a eleição indirecta dos presidentes regionais.


Na véspera do dia em que os socialistas vão discutir a regionalização, uma promessa eleitoral do PS para esta legislatura, Manuel Villaverde Cabral considerou que o «falhanço» do Governo para resolver todos os problemas justifica que a regionalização seja repensada.

Lembrando que Portugal é já um país descentralizado no que diz respeito aos Açores e à Madeira, o sociólogo disse que «não há nenhuma razão» que justifique que regiões maiores do que os dois arquipélagos não tenham «um certo grau de autonomia».

A discussão da regionalização «é mais do que nunca urgente», perante o «falhanço» do Governo, que não conhece os potencialidades e as necessidades de todas as regiões apesar de usar recursos das mesmas, disse.

«No último projecto apresentado por António Guterres, fui contra por causa da forma como o PS pretendia, através dos truques habituais, ficar com o controlo das regiões», justificou, a propósito da sua posição assumida no referendo de 98.

«Portugal tem um sistema muito concentrado, elitista, muito virado para os dirigentes», pelo que é necessário um novo modelo, que confira aos «representantes locais uma responsabilização que neste momento não têm», considerou.

Para Manuel Villaverde Cabral, «Guterres sabia o erro que estava a cometer» ao defender um «sistema populista de eleger o presidente da região», o que é «altamente indesejável».

O sociólogo sugere uma descentralização mediada através dos poderes locais, em que, por exemplo, o responsável de uma região nunca fosse eleito directamente, para não ter esse perverso poder» que têm Alberto João Jardim na Madeira e Carlos César nos Açores.

Ainda assim, o especialista considerou que o Governo central português não está disponível para partilhar o poder com outras entidades.

O sociólogo opinou ainda que os cidadãos estão disponíveis para debater a regionalização, «dependendo do tipo de descentralização que se propõe e muito concretamente da forma de eleição dos responsáveis das regiões».

|TSF|

Comentários

templario disse…
O Dr. Villaverde Cabral. Sociólogo, Historiador, etc., muito mediático e relacionado com a área do Estado e do poder (e isto não é nenhuma crítica), não resiste à cambalhota, meia cambalhota para ser mais justo, deixando-se resvalar para a incoerência quando afirma,

"que o «falhanço» do Governo para resolver todos os problemas justifica que a regionalização seja repensada".

Esta afirmação feita por um Sociólogo, quase nos envia para tratamento psicolõgico e nos impele a fugir para outras bandas.... Que horror!!! Que desgraça a dos portugueses que tais elites parturiram! A democracia resolve estes problemas, mesmo a burguesa, representativa.

O que este Governo consegue fazer! Ou não fazer!... Foi preciso José Sócrates ser Primeiro Ministro para que todos os problemas da Pátria sejam imputados aos seus governos. Os outros governos não justificaram que a regionalização fosse repensada.... Bastou a actuação de um Primeiro Ministro para que um Sociólogo "mude" de opinião sobre a regionalização, num país de 850 anos, como se a análise desta questão possa depender deste ou daquele governo.E estamos a falar de uma das mais respeitáveis peesonalidades.

E insiste neste lamentável raciocínio (influência de conversas de café entre os amigos?):

A discussão da regionalização «é mais do que nunca urgente», perante o «falhanço» do Governo"
E depois comete, na minha modesta opinião, um desassombro que só pode ser explicado pelo cansaso..., ou outra coisa...:
"Portugal tem um sistema muito concentrado, elitista, muito virado para os dirigentes"
Alguma alma conseguirá perceber o que isto quer dizer? Linguagem mística (codificada?!), confusa (demasiado intelectual!) como convém quando se começa a perder a coerência e a firmeza intelectual, estilo, não...., mas por outro lado,,,,, se virmos as coisas por outro prisma...., tendo em consideração...., além disso temos este Governo..., temos que ser realistas......, de 1143 a 1998 éramos um país a-regional....
"O sociólogo sugere uma descentralização mediada através dos poderes locais, em que, por exemplo, o responsável de uma região nunca fosse eleito directamente, para não ter esse perverso poder» que têm Alberto João Jardim na Madeira e Carlos César nos Açores.
Ó Prof.. Villaverde Cabral, então não é verdade que uma democracia representativa é "muito virada para os dirigentes", cujo poder está "muito concentrado" nas diversas elites, nomeadamente políticas? Diga lá se é ou não é verdade, diga lá se não foi isso que aprendeu e que ensina sobre a ciência política? Diga!
Diga à gente!

Continua..............
templario disse…
Ó Exmo. Senhor Dr. Villaverde Cabral, por quem tenho simpatia! "Temos um sistema muito concentrado?!?!? estruturado num governo central, 308 municípios e cerca de 4.000 e tal freguesias?! e ainda cinco CCDR`S e ainda a UE e ainda um sem número de organismos internacionais que detêm influência sobre a nossa soberania?! e ainda duas regiões autónomas.... VÃO DAR PALHA AO BURRO!

O Dr. Villaverde Cabral deve ter quebrado a espinha (desejo bem que não!), mas o Senhor António Felizes não foi nessa e usou da máxima honestidade no último parágrafo, que cito:
"O sociólogo sugere uma descentralização mediada através dos poderes locais, em que, por exemplo, o responsável de uma região nunca fosse eleito directamente, para não ter esse perverso poder» que têm Alberto João Jardim na Madeira e Carlos César nos Açores.

Estão a ver! VCabral está a vir à mão, a pôr o dedo na ferida: que "o responsável de uma região nunca fosse eleito directamente, para não ter esse perverso poder"; mas, depois - vamos lá saber porquê.... - , põe JJardim e CCésar no mesmo saco!!!! São diferentes, Professor VCabral! Não misture alhos com bogalhos para evitar melindrar amizades....
Finalmente, saúdo vivamente o facto de um Sociólogo vir a público pronunciar-se sobre o assunto. Até porque VCabral, excluindo contradições tão genéticas nas nossas elites deixa claro que a regionalização é uma ameaça, quando regressa à verdade : "...uma descentralização mediada através dos poderes locais, em que, por exemplo, o responsável de uma região nunca fosse eleito directamente, para não ter esse perverso poder" - opinião de um Sociólogo e Historiador. É neste ponto que os defensores da regionalização devem meditar.
Anónimo disse…
Muito bem.
Carlos César é muito diferente de AJJardim.
Os açoreanos e os madeirenses sabem muito bem disso.
Experimente caro Templário, viver nos Açores e precisar de um exame médico complementar (análises ou imagiologia), e ficará meses em lista, quando os Cesaristas e coladores de cartazes, fazem tudo isso na hora. Idem, idem para as consultas, tratamento e cirurgias que exigem viagem a Lisboa.
Vá lá e pergunte.
Não a eles, que são os algozes, mas às vítimas...
templario disse…
Não duvido do que diz passar-se nos Açores com essas proteções em áreas da saúde, protegendo amigos e lacaios do poder.

Pois posso GARANTIR-LHE que no Continente se passa a mesma coisa no mesmo SNS. Não conheço a realidade, neste aspecto, na Madeira. Depreende-se que o Caro Anónimo conhece, mas não especificou.
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

De vez, mas tenho muita dificuldade em compreender os raciocínios políticos de muitos intelectuais por demais conhecidos, especialmente no que diz respeito à regionalziação.
É também o caso das posições assumidas pelo Senhor Professor Doutor Villaverde Cabral, somente justificadas pelo conhecimento "ad catedra" da regionalização e dos seus efeitos na sociedade portuguesa, nunca propondo medidas concretas que um programa político nela baseado implica.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Para quem começou ao mesmo tempo, no caso a Região Autonoma da Madeira e a Região Autonoma dos Açores, as diferenças são tantas que vale a pena perguntar afinal o que é que terá acontecido.
Como é que a Madeira terá conseguido tamanha diferença dos Açores a todos os níveis?
Não terá sido por causa daquele que a generalidade dos nossos governantes e lobies da comunicação social gostam pouco pelo seu habitual discurso directo chamando os burros pelo nome?

Pensemos um pouco e talvez cheguemos a essa conclusão.

Claro que se votassem todos os Portugueses para o cargo de Presidente do Governo Regional da Madeira o resultado seria outro de certeza, fruto das constantes deturpações de discurso que aparecem nos meios de comunicação social do Continente.

Felizmente para os Madeirenses que só eles votam para elegerem em quem confiam... e nem assim os resultados de mais de 60% convencem os restantes.

Veja-se a diferença de discurso quando as noticias que aparecem na comunicação social após a aprovação do orçamento rectificativo em novembro de 2009, com grande destaque para o facto da Madeira ter necessidade de aumentar a sua divida em mais ...imagine-se 79 milhões de euros, como se fosse a Madeira a culpada pela derrapagem das contas de PORTUGAL.

Esqueceram-se qual foi o valor de aumento de endividamento aprovado para o orçamento rectificativo.

Perguntam vocês neste momento... pois é não me recordo de ter ouvido.. so me recordo mesmo das palavras do ministro das finanças a "ralhar" com o Governo da Madeira por não saber poupar e precisar agora de mais 79 milhões de euros....

ADMIREM-SE AGORA... O VALOR RECTIFICATIVO DO ORÇAMENTO APROVADO FOI DE 4.900 MILHÕES DE EUROS... DOS QUAIS 79 MILHÕES COUBERAM Á MADEIRA.

E no final a culpa é da madeira, CERTO??

Não sou Madeirense... sou do Porto, uma cidade perdida algures no Norte de Portugal, por acaso onde existe maior desemprego e onde os indicadores de pobreza crescem todos os dias... até mete dó o que lhe fazem todos os dias...

Vivo na Madeira á cerca de 2 anos e ao contrário da generalidade das pessoas que falam e opinam sem conhecimento de causa, EU SINTO E OPINO COM TODO O CONHECIMENTO E CONVICÇÃO .... dá gosto viver naquela terra... e sentir o respeito que a generalidade da população sente pelo seu Presidente e por tudo aquilo que conseguiram durante os ultimos 30 anos, passando de uma Região Adjacente (para não chamarem apendice) como era chamada na altura para uma REGIAO AUTONOMA respeitada pela UE e um bom exemplo do que de bom se consegue ainda fazer em Portugal.

COMO EU GOSTAVA QUE O NORTE PUDESSE SER ASSIM.

dimantino ribeiro