A IMPORTÂNCIA DA AUTOMIA REGIONAL

Por estes dias visitou Badajoz o presidente da Federação Espanhola de Futebol para tratar do MUNDIAL DE FUTEBOL 2018 para o qual há, entre mais de uma dúzia de países pretendentes de todo o mundo, uma candidatura conjunta de Espanha e Portugal para organizar este importante evento desportivo. Badajoz é uma das 25 cidades espanholas a quererem receber a prova máxima do futebol à escala do planeta. No final serão seleccionadas oito. Em Badajoz há grande expectativa de ser uma das sedes da prova, que também será jogada em 4 estádios portugueses. Se a proposta ibérica for vencedora, claro!

O presidente da FEF disse haver grandes possibilidades de A COMPETIÇÃO CHEGAR À EXTREMADURA porque estava satisfeito com a disponibilidade da Junta de governo regional, no uso da sua autonomia, para (simplesmente) assegurar a transformação do «Nuevo Vivero», o estádio de Badajoz, garantindo as características exigidas pela organização. Que não são de somenos! É preciso assegurar um investimento que eleve de 18 000 para 45 000 o número de lugares para receber condignamente os espectadores. Compromisso, através de protocolo, que o presidente Vara (o outro, o estremenho) pode, sem hesitações, porque a AUTONOMIA E PODER para tal. Que dispensa, como bom pedinte, ter que mendigar contratos-programa ou figuras similares de financiamento junto do governo central do país.

O presidente do governo regional da Extremadura NEGOCEIA DIRECTAMENTE com Angel Villar, o presidente da Federação, porque tem a autonomia financeira e a capacidade política que lhe advém do processo de regionalização democrática que há muito avançou em Espanha, com as populações a poderem escolher os seus eleitos também a este nível de organização do estado.

E em Portugal como andam as coisas? Naturalmente com Madail a conversar exclusivamente com Laurentino Dias, o secretário de Estado do Desporto, por só este poder preparar decisões. Com a previsão de os jogos se virem a realizar apenas nas cidades de Lisboa e Porto.

Havia de ser bonito o presidente da câmara de Portalegre ou mesmo de Évora, só com o presidente da CCDR, a tratarem de estádios para receber o Mundial de Futebol. E Badajoz, na hierarquia da dimensão das cidades espanholas, não é mais importante que as nossas!

Os adversários do processo de criação das regiões administrativas, e aqueles que têm hesitado nos momentos decisivos, têm no que aqui descrevemos (e que é real, não um sonho do «alcalde» pacense) bom motivo para reflexão.

|José Manuel Basso| no "O Distrito de Portalegre"

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

A importância da regionalização é categórica, inequívoca. Mas na versão autonómica das 7 Regiões Autónomas, definitivamente.
Sugiro que não contra-argumentem, mas que reflictam serenamente sem o ruído ensurdecedor e inquisitorial actual, mesmo a partir de alguns excelentes textos aqui produzidos.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
templario disse…
Pois aqui vai, senhor José Manuel Basso, a minha reflexão. Ao correr da pena, de enfiada, sem leitura prévia:

Falar em regionalização de Portugal, implica de imediato relacioná-la com o grande espaço de que faz parte: a Península Ibérica. Identifiquemos a sua periferia: mediterânica, atlântica e pirenáica. Portugal constitui, desde logo, neste grande espaço ibérico segmentado, uma região natural - Região Atlântica. E por ser uma Região Atlântica, cuja costa marítima se extende por 850 Kms, com a importância estratégica geo-política e económica que tem, teve e sempre terá, não só no contexto europeu, mas também mundial, ascendeu à independência, o que favoreceu o nascimento de outros estados e o equilíbrio entre eles.Ouve-se muitas vezes afirmar que Portugal é o elo mais fraco da Europa. De facto, numa tragédia, como a que dividisse os portugueses internamente, uma assimilação, fosse sob que forma fosse, por parte da Espanha das nações, provocaria uma alteração desses equilíbrios na Europa, e falamos da Europa continental e não da UE.

É claro que, hoje, duas grandes potências europeias, a França e Alemanha que, não há muito tempo, quiseram dividir o nosso território entre si e a Espanha, sempre para enfraquecer o R.U., e ganhar protagonismo na Europa e no mundo, continuam ainda, no quadro da UE a apoiar todas as iniciativas para enfraquecer esta periferia ibérica atlântica e da P.I. em geral, a que a Espanha reage por outras formas, mas apoiando, buscando concretizar o seu desígnio de construir um "Império Doméstico" que inclui Portugal, para se afirmar como grande potência na Europa e no mundo. Lembremos que, aquando das negociações conjuntas (Portugal e Espanha) para a adesão à ainda CEe, o nosso vizinho reivindicou, à mesa das negociações, nas nossas barbas, direitos históricos sobre as nossas águas marítimas - foi há 24 anos!!! (obviamente, não se fala mais nisto por meras táticas diplomáticas). Não sabiam ou não se lembram?

Porque é que estas questões não surgem no debate em curso sobre a regionalização? Sim. Porque é que os partidos e outras luminárias regionalistas, fingem que elas não existem? Bastava aflorá-las apenas, para que o povo corresse à pedrada muitos dos que andam por aí aos gritos pela regionalização. Preferem referirem-se ao vizinho, nesta questão, por forma eufemística: a Espanha é uma maravilha, está regionalizada..., logo também podemos criar meia dúzia de "terreiros do Paço" sem problemas. Por ali não vem mal aos portugueses e quanto a casamentos já não há esse perigo. Já quanto ao vento que sopra de lá, os regionalistas ... Mas foi sempre assim com todos os que cá dentro zurziram contra o poder central português. E agora até realizam campeonatos do mundo de futebol connosco!!! Extraordinário!!! E até lhe enviamos os presos da ETA que andam a lutar para se verem livres das patas deste nosso vizinho, hipócrita, dominador. Hipócrita e cobarde é a nossa justiça e quem nos governa! "E que viva Espana! / Porque Espanha es la mejor!!

Campeonato do mundo com a Espanha?

Eça de Queiroz respondeu aos iberistas e federalistas portugueses da segunda metade do séc. XIX:

"Amo tudo na Espanha. Somente gostava mais dela, se ela estivesse na Rússia".
Paulo Rocha disse…
O Sr. Templario pensa que só um Estado hiper-centralizado consegue evitar uma fusão com Espanha. O problema é que não consegue perceber que o actual modelo politico-administrativo vigente (centralismo), esse sim, é que está a causar danos muito significativos à unidade nacional.
templario disse…
Cara Paulo Rocha,
Concordo. Por isso se faça uma Descentralização a sério. Exija-se uma descentralização a sério e não a fingir, que só serve para distribuir cargos, erm parte dos casos.

Ainda sobre a Espanha, sugiro a leitura desta carta à adm. da Ibéria:

Carta Aberta à Administração da Ibéria

enviada pelo Movimento Lusófano.
Anónimo disse…
Caro Templário,

Uma descentralização a sério só poderá ser política e nunca administrativa. Para ser política e a sério apenas na versão da regionalização autonónica, também a única capaz de desmontar o actual administrativismo centralista de que parece discordar sentidamente.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Nortenho disse…
Antes ser uma comunidade autónoma espanhola com história e identidade própria que uma colónia lisboeta completamente assimilada.