Lei da Finanças Regionais e a Regionalização do Continente

Tem sido grande a polémica partidária e a dramatização politica em torno da famigerada Lei das Finanças Regionais.

Ora, para que todo este processo não venha a ser utilizado, negativamente, pelos inimigos e detractores da Regionalização do continente, importa traçar as grandes diferenças que existem entre as regiões administrativas continentais e as regiões autónomas insulares:
  • as regiões continentais são autarquias locais, enquanto as regiões insulares são verdadeiras regiões político-administrativas;
  • as regiões continentais regulam-se pelo Direito Administrativo estadual e têm apenas poderes administrativos, as insulares por estatutos político-administrativos elaborados por elas próprias, aprovados na AR, tendo para além de poderes administrativos, poderes legislativos e participam (parcialmente) no exercício da função política do Estado.
  • Os órgãos das regiões continentais são órgãos administrativos e o seu executivo é uma junta, as regiões autónomas insulares têm órgãos de governo próprio e o seu executivo é um governo – o Governo Regional.
  • A dissolução dos órgãos regionais no Continente compete aos tribunais, diferentemente, nas regiões insulares compete ao Presidente da República.
Em síntese, as regiões administrativas continentais são entidades administrativas, que exercem funções de auto-administração, enquanto as regiões autónomas insulares são entidades políticas, que exercem funções de auto-governo.
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Comentários

Rui Farinas disse…
Olho para o mapa das regiões e fico desgostoso. Todas elas têm uma denominação específica com conotação antiga e tradicional. Todas...excepto nós aqui no extremo setentrional. Nós somos meramente um ponto cardeal! Porque não somos GALÉCIA,DOURO-MINHO,ou qualque coisa do género? Penso que esta embirração com o NORTE é mais importante do que pode parecer à primeira vista, pois estará em jogo algo que remonta às nossas raizes étnicas e culturais. O facto de sermos portugueses não invalida o facto de termos pertencido a outra unidade geográfica durante quase mil anos.
Paulo Rocha disse…
Caro Rui Farinas,

Claro que esta designação 'Norte' não é inocente. A grande afinidade entre o norte de Portugal e a Galiza preocupa muita gente, pois, vêem aqui a possibilidade da abertura de uma brecha na unidade nacional.

Pessoalmente, por muito que goste da Galiza, considero-me, ainda assim, mais português, até porque foi aqui, no Norte, que Portugal teve a sua origem há quase 900 anos.
Rui Farinas disse…
Caro Paulo Rocha, Galécia parece-me uma boa designação para substituir o insípido NORTE. Repare que nós e a Galiza somos irmãos gémeos: um único "ovo" partiu-se em dois,e se uma dessas partes se chama Galiza, porque não há a outra de se chamar Galécia? É certo que esta designação pode levantar temores de emancipação,mas então arranje-se outro nome. Tudo menos Norte,mas receio bem que a nossa actual acomodação nos faça encolher os ombros e nos deixemos reduzir a um ponto cardeal! Cumprimentos.
Rui Farinas disse…
Paulo Rocha, mais um comentário a propósito da sua lembrança de que Portugal nasceu aqui na nossa região.Nascer, nasceu, mas o nosso primeiro rei foi também o primeiro transfuga para Lisboa.Provavelmente é o primeiro "assimilado" da História de Portugal! Pena que não tivessem mantido a capital em Coimbra,se não em Guimarães. Portugal seria possivelmente um país mais equilibrado.
Caro Rui Farinas:

A justificação para estas denominações é simples. O que falta a zonas como "norte" ou "centro" é o "cimento" que una os territórios que nelas estão englobados, que faz com que haja um sentido de pertença e união em torno de uma região.

Isto é por demais visível analisando não só alguns mapas estatísticos, e as divisões regionais históricas portuguesas, como também indo ao terreno, e observando os enormes contrastes culturais, sociais, económicos e geográficos entre o litoral e o interior do norte e do centro de Portugal.

Estes factos, combinados, resultam numa ausência de identidade em torno da "região norte" e da "região centro", cujos territórios não têm mais nada em comum que os una a não ser estarem na parte mais a norte ou ao centro do país. Um facto interessante que exemplifica isto é a inexistência de gentílico para a "região centro": se as pessoas do norte são nortenhos, as pessoas do centro são o quê? "centrenhos"? "centristas"? "centrenses"?

Só espero que este mapa não provoque o falhanço da regionalização, porque a insuficiência deste mapa é um facto consumado. Espero que os Portugueses saibam distinguir entre o que é a regionalização e o que é o mapa. E que votem sim à regionalização, mas recusem o mapa, em situação de referendo.

Cumprimentos,
Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Pelo que se tem passado com a apreciação e votação da Lei das Finanças Regionais, fácil será possível antever o que se espera da proposta de regionalização, tanto na modalidade da regionalização administrativa (insuficiente e atrasada) como na modalidade de regionalização autónoma (necessária e moderna).
Poroutro lado, deixemo-nos de invenções quanto à designação/delimitação das futuras Regiões Autónomas, já a fazer tem que se evitar fazer mal desde o início, a todo o custo porque o que começa mal tarde ou nunca se indireita.
Basta meditar na situação política actual, onde não temos protagonistas políticos à altura dos desafios que continuadamente se tem pela frente, sem perspectivas de solução duradoura e equilibrada, infelizmente. Continua o "turnismo político".

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
templario disse…
Não só do que "se espera da proposta da regionalização", Caro pró-7RA., como do que será legítimo esperar se ela fosse implementada. A confusão expressa nos comentários dão-nos essa antevisão.

De facto a nossa "classe" política é uma tragédia para o país, só não vê quem não quer ver e os senhores que defendem a regionalização, com o devido respeito, seguem-lhes as pisadas. Não aprofundam as coisas e dão tiros para o ar, baralham-se a si mesmos e parecem estar de piques em riste para derrubar o país com estrondo, quais bandos épicos da Elíada a incendiar Tróia ou do exército de Alexandre, que ansiavam apenas pelo esbulho dos vencidos.

Em Portugal, logo nos primeiros séculos, deu-se uma efectiva deslocação de parte da população do Norte, com segundos filhos dos nobres e fidalgos, para os territ´rios conquistados, provocando uma aculturação junto dos povos do centro e outros imigrados.

Esta aculturação foi-se cimentando com as populações do interior a refugiarem-se no litoral e nos últimos séculos nem é bom falar.

A nossa unidade cultural é inquestonável, como o é na língua, e etnias não existem, tal como as fronteiras foram definidas desde muito cedo. Foram estes factores (e outros) que decidiram que esta região Atlântica da P. Ibérica garantisse a independência.

É esta singularidade que nos distingue na Europa e da Espanha das Nações. É por este caminho que devemos seguir, se se quer saber se Portugal reúne condiões históricas, culturais e sociais para arriscar ou não criar regiões com poderes eleitos pelas populações, com toda a força política que isso representa.

O que se está a passar nas últimas semanas na ASS. República confirma à saciedade que o nosso país nunca deve ser regionalizado, nem com estatuto autárquico nem autonómico.

Ignorar esta realidade é o caminho para a tragédia irremediável.

Os problemas do nosso país são graves porque não temos a coragem e o descernimento para verificar que a contradição principal não é a que opõe o centralismo ao regionalismo, não é entre a burguesia portuguesa e o povo em geral: É A QUE OPÕE SEIS MILHÕES DE PORTUGUESES QUE VIVEM DO OE E A RESTANTE POPULAÇÃO. A luta que se trava presentemente na nossa vida político/partidária, e que bloqueia o desenvolvimento do país, é essa. Os partidos foram absorvidos pelo Estado e vice-versa. A saída pa isto é difícil. Mas um dia destes vai resolver-se e será o povo a resolvê-la.

A luta dos professores, por exemplo, vai custar, só este ano, mais 420 milhões de Euros aos cofres públicos em ordenados e todos os partidos da oposição apoiaram essa luta. E porquê? Porque quase todos os militantes partidários são empregados do Estado, muitos jornalistas dão aulas e têm o cônjuge no Ensino. E a base social económica dos partidos assentam nesses estratos sociais. Tão simples como isto. Não tapemos o sol com uma peneira. Já não há classe operária nem campesinato em massa e também os partidos de esquerda disputam ai o seu apoio.

E quem paga os rendimentos desta gente?

É por isso que temos presentemente enorme dificuldade de pensar, porque os partidos, a imprensa toda e no Ensino público usam a tática de não permitir espaço para os portugueses pensar. Eles querem todos pensar por nós, enfiar-nos as suas verdade pelos miolos.

E vejamos o que fizeram com a democracia de 24 anos.

Regionalização é um ringue para colocar os "chevau-légèr" da classe política e profissionais burgueses a discutir o que não devem.

Desculpem o comentário ser longo. Foi escrito ao correr da pena, num suave desabafo sobre o que se está a passar. Nem vou relê-lo.
templario disse…
Só duas correções:
Deve ler-se "chevaux-légers"

A democracia é de 34 anos.
Caro templario:

Com todo o respeito, mas não consigo perceber como é possível, sendo o senhor um conhecedor da História e da Cultura portuguesas, como aqui já o demonstrou, afirmar tão categoricamente que Portugal é um país a-regional, como se a cultura, o povo, as tradições e a maneira de ser, fossem iguais do Minho ao Algarve.
É um facto, mais que comprovado por dezenas e dezenas de estudos e publicações ao longo de séculos, de geógrafos, sociólogos, professores e investigadores das mais variadíssimas áreas científicas, e facilmente constatável na prática se percorrermos o nosso país, que Portugal é um país de contrastes. Um país onde as diferenças entre as várias regiões são em número surpreendente, principalmente para quem nos visita de fora e percorre o nosso país, e comenta frequentemente que Portugal é quase um caleidoscópio, onde convivem regiões de influências tão variadas como a galaica, leonesa ou muçulmana. Que semelhanças há entre o Minho e o Algarve? Entre o Douro Litoral e o Alentejo? Entre o Ribatejo e a Beira Serra? A não ser a língua e a identidade nacional que nos une, a chamada portugalidade, que nos torna um país uno.
Mas esta portugalidade não impede que haja regiões, bem notórias. A língua é a mesma mas os dialectos são tão variados como o portuense e o alentejano, o lisboeta e o da Beira Serra, e até o mirandês, como língua própria, distinta do português. A existência de regionalismos bem vincados na nossa linguagem, bem como as diferenças em termos fisiológicos e sociais das pessoas, as tradições, os rituais, toda uma panóplia de coisas que diferem no nosso pequeno Portugal.

Deixamos de ser portugueses? Não! Somos, isso sim, portugueses de diferentes regiões. E, muito por culpa do centralismo, muitas culturas tradicionais de várias regiões estão hoje em dia a desaparecer, infelizmente menosprezadas pelo estigma do "provinciano" e do "parolo". Noutros países, essas culturas têm vindo a ser preservadas e revitalizadas. Aqui, o poder vigente que, como disse e bem, "quer(em) todo(s) pensar por nós", impõe-nos estigmas destes, destruindo a nossa identidade.

De uma vez por todas, é preciso acabar com as inverdades que se dizem muitas vezes sobre regionalização, que só são lançadas por alguns interessados, no sentido de manter tudo como está, inquinando o processo de formação de opinião dos portugueses, que devem ser soberanos e têm maturidade mais que suficiente para pensar pela sua cabeça, desde que tenham os factos em cima da mesa, bem esclarecidos.

(continua)
(continuação)

E, do que não seis milhões, mas sim sete milhões de portugueses, os que residem fora da Área Metropolitana de Lisboa, estão mais que fartos, é de verem o dinheiro dos seus impostos ser empregue em obras e medidas que, ao abrigo do "interesse nacional", favorecem única e exclusivamente uma região, em detrimento das restantes. Se vivemos uma crise orçamental, com aperto do cinto, ela deveria ser para todos. Mas o que vemos é o lançamento de megalomanias em Lisboa, que custam milhares de milhões de euros, e põe em causa o equilíbrio orçamental do país, enquanto que às restantes regiões que são chamadas quase insultuosamente de "província" pelo poder, são negados os projectos e os fundos mais básicos com a justificação de que "estamos em contenção orçamental". Falo, por exemplo, nos milhares de cidadãos do Interior que, com a medida que está em ponderação da introdução de portagens na A25, vão passar a ter de pagar portagens para aceder em tempo condigno a serviços básicos como hospitais, centros de saúde, escolas e repartições públicas, como se fosse um serviço de luxo, enquanto se vai construir um novo aeroporto "rapidamente e em força" em Lisboa (quando se podia perfeitamente fazê-lo faseadamente). Falo, por exemplo, nos vários milhares de afectados, nas regiões inteiras que viram a sua ferrovia ser encerrada nas últimas décadas, em processos de pilhagem inacreditáveis, enquanto em Lisboa até se constroem pontes com vários quilómetros só para ligar Lisboa a Madrid por TGV, relegando todo o país a norte de Leiria para uma posição periférica. Falo, por exemplo, nas pessoas das cidades que há décadas esperam por meropolitanos de superfície, enquanto a expansão da rede subterrânea de metropolitano de Lisboa continua em expansão. E, principalmente, falo nos milhões de portugueses que se viram obrigados a abandonar a sua terra e, muitas vezes, o seu país, por falta de oportunidades na sua região.

Esses sim, sabem o que é centralismo. Sabem o que são os custos da interioridade. E há anos que são enganados por promessas que nunca chegam, lá longe de Lisboa. Que têm de ouvir palavras sobre a sua terra de gente que não conhece minimamente a realidade de que fala. Que estão fartos de ver a sua região ser relegada para último plano, e que estão fartos de ser enganados por alguns vendedores de promessas que só visitam o "país real" em altura de eleições.

Poderia escrever exemplos aos milhares, pois esta é uma realidade tão evidente para a maior parte da população portuguesa, que só não a vê quem não a quer.

Por isso é que Portugal precisa de cumprir o que está na Constituição, deixando de ser o último país não-regionalizado da Europa Ocidental. Por isso é que o nosso país precisa de ser gerido de forma eficiente, caso a caso, por pessoas que, ao analisar um dossier, sabem o que está em jogo, conhecem as pessoas, a realidade, o local, os impactos. Por isso é que precisamos de responsáveis políticos que saibam do que falam, e saibam o que fazem no terreno, o que só acontecerá quando cada região eleger os seus governantes.
E a isso chama-se Regionalização.

Cumprimentos,
"a expansão da rede subterrânea de metropolitano de Lisboa continua em expansão"

Corrijo a última palavra:
onde se lê "em expansão" deve ler-se "em força".
Anónimo disse…
Caro Templário,

Uma das condições que tenho por necessária para implementar a regionalziação autonómica consiste na mudança de protagonistas políticos (e aparentados), a par da reestruturação de todos os organismos da Admnistração Pública edos que suportam o funcionamento dos Órgãos de Soberania (Presidência da República, Assembleia da República, Governo e Tribunais).
Disto não pode esquecer quando invetiva as iniciativas ou propostas de regionalização para um País que foi historica e exemplarmente regional e que terá de implementar uma estratégia política que assente nas dimensões territoriais existentes à data da I Dinastia. Tal como então, com uma "ligeira" diferença, é necessário (re)povoar o território, desta vez de Oeste para Leste e, no interior, de Norte para Sul.
Por último, convém-lhe fazê-lo, mas não meta os regionalistas todos no mesmo saco, pois também ninguém por aqui o tem incluído como membro do club associado ao mais retrógrado montanismo nacional.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Rui Farinas disse…
Caro Afonso Miguel, felicito-o pelo seu texto. Só quero acrescentar que acho que o problema dos Templários deste país é não conhecerem in loco a realidade portuguesa. Fica-se com a impressão que nunca sairam do seu cantinho. Cumprimentos
Caro Rui Farinas:

Agradeço as felicitações que me endereçou. De facto, penso que conhecer a realidade das diferentes regiões de Portugal, mesmo que seja apenas visitando-as, é essencial para se perceber a urgência da regionalização.

Cumprimentos,
Caro Anónimo Pró-7RA:

Interessante essa sua analogia com a situação do Portugal Medieval. Penso que, cada vez mais, o nosso país necessita de estadistas do calibre de D. Sancho I, «O Povoador», ou D. Dinis, «O Lavrador», que apostem no país como um todo, dando melhores condições ao desenvolvimento harmonioso do Interior. Muitas medidas dos reinados destes monarcas são exemplos daquilo que se pode fazer, com as devidas adaptações, em pleno Século XXI.

Cumprimentos,
zangado disse…
Caro Afonso Miguel
O que eu poderia escrever, fê-lo o senhor com conhecimento de causa e verdade. Concordo plenamente com o que escreveu.
É pena que muita gente, incluindo muitos políticos, só conheça a "província" de ouvir falar ou de viagens de recreio superficiais.Depois, claro, os prejudicados somos sempre nós.
Cumprimentos
templario disse…
Li atentamente os comentários/resposta ao meu comentário e, obviamente, respeito as críticas. Que estão longe de constituirem argumentos que me convençam.

Mas isso é natural. Este debate sobre a regionalização no país deslizou para um tipo de Benfica/Porto - o Sporting já pouco conta, viraram adeptos do Porto... contra o Benfica, como muitos antiregionalistas deram a cambalhota, passaram a defender a regionalização.

Não sou centralista - nem pouco mais ou menos. Sou defensor de uma correta e profunda descentralização, defendo o municipalismo.

O Caro Afonso Miguel continua em busca de rios, montes, montanhas, vales e... dialetos. Pois bem! No seu caso, como regionalista, faria melhor, então, em propor três regiões: Norte, Centro, Sul, com o Douro e o Tejo a demarcá-las. Se eu fosse defensor da regionalização era o que defenderia. Mas não sou de maneiríssima nenhuma.

Caro Rui Farinas, conheço mais ou menos bem o nosso país. Aconteceu que nunca tive salário do OE, de nenhum Instituto público. Nem um tusto. Sempre no sector privado, a ser avaliado todos os dias, a valorizar as minhas faculdades e a competir permanentemente. Posso garantir-lhe que não é fácil. Muita gente é pela regionalização por razões de poleiro e de manjedoura. Disso não tenho dúvidas.

Caro pró-7RA., tenho a mania que sei discernir o regionalista sincero do que faz falcatrua intelectual. A si e outros tenho respeitado as opções. Às vezes posso tomar a parte pelo todo, mas por negligência na escrita, que reprovo a mim mesmo. Se alguma vez o incluí nessa negligência, peço desculpa.
Rui Farinas disse…
Caro Nightwish, sempre no sector privado a ser avaliado todos os dias e a competir permanentemente? Já somos dois! Cumprimentos.
Anónimo disse…
Caro Templário,

Em termos de regionalização, só este tema estará em cima da mesa, mas para beneficiar TODO o País e não nenhuma região ou cidade em particular. Fazê-lo será trair gravemente os objectivos associados à regionalização, autonómica e nunca administrativa. Por outro lado, também nunca me verá escrever seja o que for sobre os pontos seguintes, por revelarem indícios de imaturidade política:
a) Rivalidade Porto-Lisboa (aqui até tenho invectivado tudo o que tem sido reclamado para o Porto e, mais genericamente para o famigerado Norte; também tenho criticado o comportamento de muitos de cá que se deslocam definitivamente para a capital).
b) A rivalidade estúpida (às vezes, até é muito malcriada) entre o FCP e o SLB.
c) Casos muito particulares de qualquer natureza, mesmo afectação de verbas para isto ou para aquilo desenquadradas de políticas mais gerais, que nunca ou raramente servem a causa pública (por exemplo: a privatização do Aeroporto de Pedras Rubras).
Declaração de interesses: nascido, criado e vivente em Vila Nova de Gaia.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Caro Rui Farinas,

Então já somos três.
Mas as avaliações de desempenho, mesmo no sector privado, ainda estão inquinadas por dois métodos enviesados, muito ao gosto de uma sociedade que dá preferência aos serviços mínimos em vez dos necessários:
a) Método de Selecção: EIS (Escolhido à Imagem e Semelhança)
b) Método de Avaliação de Desempenho: ESO (Espírito Santo de Orelha).

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
templario disse…
Caro pró-7RA.,

Vila Nova de Gaia? Formei na RAP 2, belo mosteiro, na Serra do Pilar, Batalhão para a guerra colonial. Estive aí 4 meses. Tinha um quarto perto do café Lucanda (?), cuja família me tratou como um dos seus.

Gente boa e sã, as pessoas de Gaia/Porto.
Caro templario:

Com todo o respeito, mas essa analogia que faz entre o debate em torno da Regionalização e uma discussão futebolística é, na minha opinião, muito leviana.

Aqui não se trata, como muitos infelizmente querem fazer parecer, de uma batalha campal norte-sul, onde os portistas são regionalistas e os benfiquistas centralistas. Muito longe disso. As rivalidades clubísticas pouco ou nada têm a ver com a realidade do país. Tanto são regionalistas adeptos do Benfica, do Porto, do Sporting, do Guimarães, do Braga, da Académica, do Paços de Ferreira, de qualquer outra equipa, e mesmo os que não gostam de futebol. Exactamente o mesmo se aplica àqueles que são contra a regionalização.

Não sei que tipo de país seríamos se o nosso desenvolvimento se discutisse em torno de barricadas, a ver quem berra mais. Há que perceber uma coisa neste país: futebol é futebol; política é política.

Quanto ao quarto parágrafo do seu comentário, cabe dizer-me que não estou em busca de nada: apenas constato factos. Factos que especialistas de áreas tão diversas como a Geografia (Humana, Física, Rural e Urbana), a História, a Economia, a Sociologia e a linguística constataram e documentaram ao longo dos quase nove séculos da história da nossa nação. Factos que em praticamente todos os outros países desenvolvidos são levados a sério, e em Portugal são ignorados.
É facilmente constatável a todos que conheçam minimamente o nosso território que Portugal é um país de contrastes. Contrastes enormes, bem maiores do que aqueles que existem em muitos países regionalizados há décadas. Em Portugal, convivem culturas de inspiração galaica, leonesa e árabe; convivem as searas alentejanas com o verde minhoto; o largo oceano de 800 kms de costa com regiões interiores coroadas por serras, povoamento concentrado, disperso e misto; algumas das zonas mais jovens da Europa com regiões em processo de desertificação; regiões rurais, piscatórias, industriais, turísticas e de serviços; e, principalmente, regiões economicamente acima da média europeia, com as regiões mais pobres da Europa.
Como dizer que Portugal é um país igual, do Minho ao Algarve? É óbvio que não é, e desde a fundação da nossa nacionalidade que isso é certo, sabido e aceite.

O que não esperava de si, caro templario, é que caísse no facilitismo de associar Regionalização a interesses pessoais. Os que aqui temos defendido esta reforma, neste blogue, e os que pensam, como eu, que esta é indispensável para a mudança no panorama político, económico e social do nosso país, somos bem prova disso, creio eu.

A maioria dos que defendem a Regionalização fazem-no pela simples constatação de factos do dia-a-dia. Fazem-no, entre muitas outras razões, porque não conseguem compreender como é possível que o seu país desrespeite constantemente os seus cidadãos, negando oportunidades iguais a uma grande parte deles, apenas por não estarem onde está o poder. Esta realidade é visível em pequenas coisas, como o facto de muitos profissionais de qualidade, oriundos de diversas regiões do país, e quando confrontados com oportunidade de atingirem o reconhecimento e ver o seu esforço laboral recompensado, oiçam em entrevistas, seja nas empresas privadas, seja no sector público, a velha história do problema do "ah, mas tu vives em tal sítio", sendo que o tal sítio é sempre fora de Lisboa, e sendo que, quem quer realmente ser reconhecido, tem a maioria das vezes que ceder à chantagem e mudar-se para a capital. Isto é péssimo para o país na sua globalidade. É péssimo pela larguíssima escala em que acontece, e é-o igualmente tanto para as áreas de partida como para a Área Metropolitana de Lisboa, onde uma pressão demográfica sem precedentes está a minar a qualidade de vida dos lisboetas.
Felizmente, muitos lisboetas já se apercebem disto, de que uma das grandes beneficiadas com a Regionalização é a Área Metropolitana de Lisboa, e ainda bem que já conseguiram chegar a essa conclusão.

(continua)
(continuação)

Ainda no seguimento desta associação que fez entre Regionalização e interesses pessoais, e antes que eu seja também alvo desse tipo de argumentação, faço aqui, tal como o Anónimo Pró-7RA, uma declaração de interesses, para que fique bem ciente que defendo a Regionalização apenas por convicção, cada vez mais forte e justificada por sinal.
Nascido e criado em Paços de Ferreira, onde vivo. Mas tenho sangue da Beira Interior, de onde é toda a minha família materna, sendo que esta região é, também ela, a minha região, tal como o Entre-Douro e Minho. Nestas questões, prefiro defender a Beira Interior, não por desrespeito para com o Entre-Douro e Minho, mas porque acho que a Beira Interior precisa, cada vez mais, que se conheça a sua realidade, que as pessoas saibam as dificuldades por que passam as pessoas que vivem no Interior, as potencialidades e a urgência de se investir e olhar para as regiões do Interior de Portugal com outros olhos; para que quem escolhe viver no Interior não seja tratado como português de segunda. A minha ligação à Beira Interior é umbilical, apesar de não ter oportunidade de lá viver. Hoje, aliás, como meu há muita gente, na minha geração, que apesar de não viver permanentemente na Beira Interior, conhece a região, os seus problemas e potencialidades, e os vive e sente como seus. Porque a Beira Interior tem cada vez menos gente, e a mim, como arraiano que também sou, cabe-me como a toda a diáspora, fazer ouvir a voz desta região, que precisa cada vez mais do que nunca que olhem para ela.
Sou estudante, no Ensino Público, tenho orgulho em dizê-lo. E mais orgulho tenho ainda em dizer que se estudo no Ensino Público é por opção própria e pessoal, assumida por minha conta e risco. Por isso não posso aceitar muitas das críticas que aqui oiço ao Ensino Público, principalmente quando se diz que ele induz os estudantes a pensar conforme o que alguns querem. Nada mais falso. Espero, sinceramente, que o facto de aqui ter revelado que sou Estudante não faça despertar preconceitos, que por vezes tentam muita gente, de passar a desvalorizar ou refutar as minhas opiniões pelo facto de ser estudante. Espero que aquilo que escrevo, por convicção e com conhecimento de causa, seja levado a sério como, penso, tem sido até aqui.

Serviu esta declaração de interesses, portanto, para mostrar que não defendo a Regionalização por interesse pessoal, já que a satisfação dos meus interesses profissionais, sendo eu estudante do ensino público, dependem apenas do mérito e do esforço que dispender no meu trabalho. Espero que tenha deixado bem claras as minhas intenções ao participar na defesa da Regionalização.

Cumprimentos ao templario e a todos, e agradecimento especial a todos os que me endereçaram felicitações pelo que tenho escrito.

Um bem-haja.
Anónimo disse…
Caro Templário,

O café que indica no seu texto ainda tem a designação de "Café Luanda", mas a sua existência foi redireccionada para pizzaria e outras especialidades do "fast food". Ainda bem que foi bem tratado cá por estas terras e outra coisa não se pode esperar das suas gentes, mas reparo-lhe o facto de, por ter viajado por todo o País e por largo tempo em alguns casos, sempre fui optimamente acolhido em todos os aspectos, em qualquer uma das futuras Regiões Autónomas, saindo de cada uma delas sempre com saudades e com muita vontade de sempre voltar e é o que faço, sempre que posso. Por isso, um dia destes, lá me vou meter no ALFA para uma deslocação a Lisboa, até ao "Café Nicola" e alguns alfarrabistas, onde não formei Batalhão" para o Ultramar, mas ajudou-me a passar bons momentos fora de tropa na cidade-capital (Escola Prática de Administração Militar e Direcção da Arma de Engenharia), antes de partir no paquete "Angola" até Moçambique para uma mobilização em rendição individual e lá voltar a encontrar como Vice-Comandante Chefe das Forças Armadas o General que fora Director daquela Arma de Enganharia.
Contudo, retomo o tema do "fast food", para mencionar que muitas vezes concluo que o que designo por "políticos de turno" em nada deslustra a designação de "políticos fast-food", sobre tem recaido a responsabilidade de governar a uma velocidade tal que até dá a impressão ser eficácia e protecção do interesse nacional, com os resultados à vista de todos, desde há decénios a esta parte, bem ajudados pela intriga palaciana, jornalística e outras de que nunca se conhecerão os seus contornos (a nossa grande e ancestral especialidade: "fazer a folha a fulano, cicrano, beltrano e por aí adiante; mais grave, fazem-no a qualuqer Governo, desde que se ponha a jeito e o actual não pode ser criticado por isso).
Por fim, apetece-me reproduzir as palavras de alguém para quem a CULTURA não é pedestal propagandístico, para referir que "os mais inteligentes são os que conhecem as suas próprias limitações" e estes sempre se recusarão a ser "cozinhados" em lume "fast food".

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
É fácil de substituir Região Centro por uma denominação mais adequada Sr. Miguel, e não é preciso pensar muito. Beiras.
Anónimo disse…
Caro Anónimo disse das 04:10:00, PM,

Não será assim tão fácil porque o resultado será sempre o mesmo, seja Centro ou Beiras, no quadro da regionalização administrativa.
Até mesmo dividida em Beira Litoral e Beira Interior; mas já não o será se for Região Autónoma da Beira Litoral (dizem que é a mais desenvolvida) e Região Autónoma da Beira Interior (também andam por aí a dizer que é a menos desenvolvida).
Escreveu-se em termos de desenvolvimento, não em termos de crescimento económico e aqui acredito que as diferenças comecem a ser muito grandes, mas não só entre aquelas regiões mas entre todas entre si, como do Continente para a Madeira e desta para os Açores. No entanto, prefiro falar de desenvolvimento, em primeiro lugar, e de crescimeno, em segundo.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (smepre com ponto final)