O regabofe lisboeta


Editorial: O regabofe lisboeta


Manuel Queiroz

Duas notícias de ontem: o PIDDAC 2010 para o Porto é um sexto do que se prevê gastar em Lisboa e o Benfica recebeu 65 milhões de euros para construir o Estádio da Luz através da Câmara de Lisboa, segundo a investigação da PJ sob a direcção da unidade especial do Ministério Público criada para investigar o Apito Dourado.

Todos sabemos que o Euro 2004 deu direito a muitas festas, antes, durante e depois do evento. Mas 65 milhões de euros é metade do que custou o Estádio do Dragão - e esses 65 milhões não incluem o que o Estado dava como comparticipação normal, digamos assim. E como um dos passatempos favoritos de alguns colegas meus de Lisboa e de alguma classe política era falar das verbas que Fernando Gomes - enquanto presidente da Câmara do Porto - deu ao maior clube da cidade, fica aqui claro que contas se fazem.

Até porque não me esqueço de que, uns anos antes, Jorge Sampaio, então presidente da Câmara de Lisboa e futuro presidente da República, quando assinava mais um protocolo com um (ou os dois) clubes de Lisboa, dizia que não se podia continuar assim, a dar dinheiro aos clubes, e terrenos e bombas de gasolina...

Continuou-se, claro, até porque o presidente do Benfica Manuel Vilarinho chegou a apoiar Durão Barroso e o PSD nas eleições de Março de 2002, como bem se sabe, num acto aliás lamentável. Não há almoços grátis, claro, mas tão caros...

Não haverá petróleo em Lisboa, mas há seguramente outras coisas que não há no resto do país - um regabofe que deixa o povo muito irritado.

As irregularidades detectadas são mais do que muitas em todos aqueles contratos e já não estamos a falar dos tempos de Vale e Azevedo, que também deu jeito para deitar para baixo do tapete muita porcaria.

|Semanário GrandePorto|

Comentários

Paulo Rocha disse…
Mas que regabofe !...
Anónimo disse…
Caro Manuel Queirós,

Não bata no ceguinho a respeito do "regabofe" lisboeta, quando se sabe que fazem parte dele alguns notáveis da "província" (e nesta também há bom regabofe) convertidos às delícias (€) da cidade-capital. Como no termo "província" cabe tudo e mais alguma coisa, mesmo o bacoquismo-jarreta ulissiponense, convém lembrar que entre esses beneficiários estão algumas personalidades do não menos jarretista Norte e caladinhos como ratos. Ninguém os ouve e nem se pronunciam; "com o meu vestido (fato) preto, nunca me comprometo" ou como diria mais alguém que ficou, há anos, amuado (os da minha geração, de amuos foram pragmaticamente curados para sempre e sem refilar) por o eleitorado não lhe ter dado a maioria absoluta: -"É a vida, ...".
Mas já ninguém se lembra disso.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final