Salários dos lisboetas são os maiores do país, mas estão a baixar

Os lisboetas são os trabalhadores que auferem salários mais altos no País, mas são também os únicos que viram as suas remunerações mensais baixar em 2009. Os salários médios mensais, limpos de impostos, dos trabalhadores lisboetas por conta de outrem caíram para 906 euros, menos 0,7% entre 2008 e 2009. São menos seis euros por mês ou 84 euros anuais, de acordo com dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Nas outras regiões do País os ordenados subiram.

Em média, os empregados portugueses auferem 764 euros e viram o seu pecúlio mensal crescer 18 euros, uma melhoria de 2,4%. Os trabalhadores mais bem pagos, a seguir aos habitantes da capital, foram os do Algarve (com 752 euros mensais) e da Madeira (739 euros). O Centro, com um salário médio mensal de 677 euros, é a região do País onde as remunerações são mais baixas.

Os ordenados em Lisboa estão a "ajustar" em direcção à média nacional. Ou seja, estão a ser pressionados em baixa. Em pior situação estão os empregados dos serviços com sede na capital: perderam 224 euros no ano passado em relação a 2008. Menos 16 euros mensais, um corte de 1,7%. Ganharam 914 euros mensais, em média, no ano passado.

Mas é na agricultura que se assiste à maior redução salarial. Entre 2008 e o ano passado, o típico assalariado do campo perdeu 110 euros mensais, um quinto do seu salário, uma redução de 1540 euros anuais. A quebra de rendimento líquido foi de tal forma que um agricultor, em Lisboa, passou a receber menos 56 euros em relação à média nacional, quando em 2008 ganhava mais 60 euros mensais.

Na indústria e na construção, os empregados lisboetas estão também a perder dinheiro, em contraciclo em relação à média nacional. No último trimestre de 2009, os assalariados ganhavam 689 euros, em média, mais sete euros em relação a 2008. Mas os lisboetas que trabalham neste sector viram o seu salário emagrecer 36 euros, ao estacionar nos 862 euros.

Dos mais de 3,8 milhões de trabalhadores por conta de outrem existentes em Portugal, 1,385 milhões auferiram um salário entre 310 e menos de 600 euros; mais de um milhão ganhou entre 600 e menos de 900 euros; e só 24 mil ostentou um salário superior a 3000 euros.

|DN|

Comentários

Anónimo disse…
Mais de 2,385 milhões tenho a certeza que apresentam níveis de produtividade muito superiores ao correspondente salário, nas condições tecnico-produtivas apresentadas pelas empresas e pelos dirigentes que as administram. Reside aqui uma das grandes fragilidades de desenvolvimento do mercado interno como destino privilegiado dos produtos colocados no mercado, especialmente os de origem portuguesa.
Entre os 2.000 e os 3.000 euros de rendimento do trabalho, duvida-se ainda que tenha correspondência no níveis de produtividade obtidos, sendo aqueles superiores a estes,mas com diferenças mais esbatida que no escalão anterior e maioritário.
Por fim, relativamente ao escalão com rendimentos superiores a 3.000 euros, tem-se a certeza que os respectivos níveis de produtividade são inferiores ou muito inferiores áqueles, face às condições tecnico-produtivas apresentadas pelas empresas e que deveriam ter a obrigação permanente e sistémica de melhorar, no sentido de uma maior competitividade interna e externa.
Este desequilíbrio, determinado sobretudo por um atraso crónico associado a alguma incompetência em muitas unidades económicas, é um impecilho à dinamização do mercado interno e à criação de condições básicas para um novo desenvolvimento. Por outro lado, tal desequilíbrio não está ainda ajustado, pois seria muito maior, pelo que costumo designar por "inércia dos rendimentos da actividade empresarial", onde em qualquer unidade económica, mesmo sem uma orientação estratégica, obtém rendimentos gerados pela própria inércia da actividade empresarial, isto é, "quase sem necessidade que alguém a dirija".
Se as proridades do exercício político não tiverem em consideração as exigências da produção interna como a principal fonte de riqueza nacional, no quadro de uma política económica distribuida regionalmente (pelas 7 Regiões Autónomas) e diversificada sectorialmente (em cada uma das regiões referidas, aproveitando as respectivas potencialidades endógenas), com especial atenção aos sectores económicos de actividade adormecidos, ao redimensionamento e à especialização do sector financeiro (bancos comerciais, bancos de investimento e bancos de corretagem, com entidade reguladora para cada uma das tipologias antes indicadas para assegurar efectiva concorrência, todos os bancos proibidos de deterem participações financeiras uns nos outros e noutras empresas e extinção das entidades reguladoras quando comprovada a sua ineficácia, substituindo-as por uma intervenção directa do Estado para assegurar condições EFECTIVAS de concorrência), iremos continuar a sofrer com a prática política de não eliminação das fragilidades que nos assistem há séculos e que impedem também de prosseguir outro tipo de política inovadora e mais eficaz e feiciente em direcção ao desenvolvimento e à convergência real.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)