O Centralismo Politico/Administrativo

Será que o atraso que o País vem demonstrando e a incapacidade para evoluir para patamares superiores, em termos de desenvolvimento económico e social, não estará também muito relacionado com o excessivo Centralismo da nossa Administração Pública?

"As políticas sectoriais definidas pela Administração Central procuram, por imperativos de razão prática, responder a problemas-tipo ou situações médias. Uma das características da repartição espacial da população, das actividades económicas e dos fenómenos socioculturais em geral é a existência de desigualdades de um lugar a outro. Em certas Regiões haverá uma população mais idosa que noutras; as actividades de tipo turístico concentram-se em determinadas Regiões, enquanto que outras baseiam a sua prosperidade nas indústrias transformadoras. A existência de Regiões Administrativas permite adequar as características dos serviços públicos às especificidades das comunidades locais" - Mario Rui Martins

Ora o Estado para suprir a lacuna evidente que constitui a não existência de autarquias locais de 2º nível (Regiões Administrativas), tem recorrido a processos de desconcentração (Comissões de Coordenação, Direcções Regionais, etc) e ao reforço sistemático e abusivo da criação de Institutos Públicos (Administração Indirecta do Estado), que em muito tem feito subir a despesa pública corrente e consequentemente agravado o famigerado "déficit". Quer num caso quer noutro, estamos perante políticas altamente centralistas, claramente castradoras das massas críticas regionais e com sinais claros de falta de democraticidade.

Por este caminho vai ser tudo engolido pela força centrifuga exercida por Lisboa, com claro prejuízo para o desenvolvimento do País e mesmo para a qualidade de vida da Capital. Até mesmo Regiões mais ou menos pujantes social, cultural e economicamente (Porto) podem não escapar a esta fatalidade.
.

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Em termos de objectivos de desenvolvimento, o centralismo político pode ser e é um pesadelo, mas convém advertir que não é o único. Com efeito, há outros peasdelos igualmente ou pior condicionantes de qualquer objectivo associado ao desenvolvimento e à convergência real para com as sociedades mais evoluidas.
Por isso, elegar o centralismo como o único poderá ser considerado um exercício simplista e desresponsabilizante de outros bem mais graves e que nos acompanham há séculos, como:
(a) A indigência individual e colectiva.
(b) O individualismo e a falta de sentido cívico.
(c) A excessiva ênfase no curto prazo ou, se se quiser, a preferência "pelo que está a dar".
(d) O deslize permanente para o pequeno (ou grande) delito omo forma expedita de atingir objecivos individuais ou de grupo.
(e) A ausência endémica de iniciativas de verdadeiro empreendorismo associadas à criação de riqueza, substituidas por capacidades de comercialização e especulativas, seja onde for.
(f) A vergonha que muitos sentem em cantar o hino nacional em cerimónias e a indiferença perante a bandeira nacional quando desfraldada.
(g) A incultura e a falta de educação endémica em quase toda a sociedade.
(h) O estilo aciganado (desculpem-me a expressão e sem qualquer intenção de ofender seja quem for) da educação dada aos filhos pelas famílias, muito responsável pela corrente de grande e profunda indisciplina que grassa nas escolas, em que os regulamentos e estatutos escolares estão a ser transformados no principal "bode espiatório", como é timbre da nossa sociedade para se livrar de grandes culpas próprias ("pimenta no rabo do vizinho é refresco").
(i) O culto da mediocridade e da subserviência mais estúpida e cabalista, em todos os domínios da sociedade, mesmo nas organizações que tinham a obrigação de fazer exactamente o contrário.
(j) Como consequência de (i), a proliferação do espírito de seita em que "sendo todos iguais, uns são mais iguais que outros".
(k) A cultura e prática do encobrimento, seja do que for, para alijeiramento de responsabilidades e a falta de carácter e ousadia individual e colectiva.
Está-se convencido que chega, para não transformar o centralismo em arcado ÚNICO de culpas que inteiramente não lhe cabem, mas a toda a sociedade portuguesa, com toda a infelicidade dai decorrente.
Com tantos pesadelos, a sociedade porrtuguesa já não vai lá com psicólogos, ás vezes bem dispensáveis, mas com psiquiatras mais recomendáveis que cuidadosos.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)