Regionalização e a perversão do jornalismo.

Entrevista do 'i' a José Manuel Fernandes (ex director do PUBLICO)

Há perversão do jornalismo?

Sem dúvida. Mas dou outro exemplo: os referendos. No referendo ao aborto percebeu-se claramente que a maioria das redacções estava a favor do ''sim'' e que no referendo à regionalização a maioria estava a favor do ''não''.

Por muito que se tentasse equilibrar isso com os artigos de opinião, quando chegava à altura das reportagens e à forma de apresentá-las, qualquer exagero da campanha de um lado ou de outro eram vistas de forma diferente. Radicalismos de um lado eram desculpados e de outro eram atacados e colocados em parangonas, ou glosados em cartoons.

O erro está em achar-se que os jornalistas são completamente objectivos. Se se reconhecer que o jornalista não é completamente objectivo, conseguem encontrar-se formas de compensar essa subjectividade da profissão.

É importante encontrar esses equilíbrio dentro das próprias redacções. Por exemplo, é bom que os temas sejam abordados por diferentes jornalistas para colocá-los sob diferentes subjectividades.

Os jornalistas são subjectivos porque são seres humanos. Portanto os seus olhares, por mais objectivos que sejam, reflectem sempre a sua experiência de vida ou visão pessoal.
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Comentários

templario disse…
Tem muita lata o Senhor JMFernandes!

Que jornalistas?! Onde andam os jornalistas? Podemos hoje usufruir de um jornal cujos conteúdos são da responsabilidade de Jornalistas com "J" grande? De verdadeiros profissionais do Jornalismo? Poucos.

Eles existem. Mas onde estão eles?

Os que temos a escrever sobre os grandes temas da actualidade nacional são "jornalistas" em "part-time", que se assinam de juristas, professores catedráticos, membros de partidos, presidentes disto e daquilo, uns tipos alinhadíssimos nesta ou naquela corrente política e económica, com uma data de tachos; o que temos são jornais onde alguns editorialistas escrevem coisas como as que passo a citar, da autoria de JMFernandes no "Público" de 24/8/2009(está a fazer um ano, perto das eleições legislativas e autárquicas de 2009), aderindo e realçando pensamentos sobre o povo português, como estes (de VPV):


"Somos todos parecidos uns com os outros", "o mal português é a inveja", "de querermos o que os outros têm sem termos de trabalhar para isso"; e para um povo de emigrantes, adere a esta asserção: "A maioria dos portugueses não tem sequer ideia de como Portugal é diferente da maior parte, se não da totalidade, dos outros países europeus"... Coisa mais patética.

E terminava com esta profecia: "não será nestas eleições que algo mudará, pois nelas fala-se mais de conservar, de proteger, de subsidiar, de dar"


A que estratos sociais se estaria a referir? Porventura àqueles que andavam a chiar contra as reformas, as corporações que viam postos em causa muitos privilégios, os protegidos por um sistema partidário putrefacto que reagem a todas as mudanças. Certamente referia-se, com pena, à "Nomenklatura" que mama nas tetas cheias de leite da Tesouraria Nacional.

O senhor JMFernandes terá pensado que como diretor do jornal de um dos maiores capitalistas portugueses teria pujança para deitar um Primeiro Ministro de Portugal abaixo, numa perseguição assanhada que desencadeou contra ele. JMFernandes tudo fez para proteger jornalistas como Moura Guedes e marido e quejandos. Mas JMFernandes esquece-se que os seus artigos metem, muitas vezes, nojo, pelo seu facciosismo, pelo seu servilismo que não consegue disfarçar.

Os seus artigos na imprensa são daqueles que, depois de identificarmos o autor e lermos o título e subtítulos, ficamos conversados. Nada de novo.

O "Público", enquanto o dirigiu, era para ser consumido pelos que são muito parecidos uns com os outros, que comem na mesma gamela, enfim, pela feroz "nomenclatura" estatal, que fornece percentagem louca de gente para os cargos públicos, principal travão ao progresso de Portugal.

Nas últimas eleições autárquicas candidataram-se 500 000 pessoas, cerca de 60% recebe o seu salário da Tesouraria Nacional (300.000). É no seio desta muitidão, todos muitos parecidos... uns com os outros que fervilha a ânsia pela regionalização.

E é para eles que o Senhor JMFernandes costuma escrever: para os que querem que nada mude.
Anónimo disse…
Caro Templário,

O jornal "Público" só será editado enquanto houver interesse nisso, face aos prejuízos que vai acumulando e independentemente de quem estiver na respectiva Direcção. Esta é a minha opinião.
Quanto ao anterior director do jornal, aqui citado, o exemplo da sua acção jornalística fala por si e garanto-lhes que não é nada dignificante, mesmo tendo em conta a faceta demasiado pragmática do actual Primeiro ministro e que não o prestigia como governante.
Para o compreender é necessário não ter memória curta, nomeadamente após o chumbo da OPA sobre a PT (2007) e com as presumidas escutas à PR da alegada autoria do Governo (o ano passado, antes das eleições). Já há anos qu deixei de comprar diariamente tal periódico.
Ocupar o espaço deste blogue com tal personalidade é perder tempo, para ocupar melhor com assuntos de maior utilidade social e cívica.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
templario disse…
Caro pró-7RA.,
Estou de acordo consigo. Há assuntos de maior utilidade.