|Mário de Freitas *|
* Presidente da Assembleia de Freguesia de Alvor / Presidente da ADSBA
O Algarve, herdado da Monarquia Absoluta, conquistado em 1249 resultado de uma ofensiva na região meridional de Portugal, fruto de uma colaboração entre a monarquia e a Ordem de Santiago (em termos ainda hoje discutidos pela bibliografia), foi das regiões do país que se manteve desde o “antigo regime” com a sua estrutura administrativa estável.
O reordenamento administrativo do território, levado a cabo pelo Liberalismo, a partir de 1834, provocou enormes protestos por todo o país, devido, em boa parte, à extinção dos pequenos concelhos. No Algarve, as reacções ao reordenamento territorial assumiram um carácter de rivalidade entre alguns concelhos, mas não determinaram grandes «guerras» com o poder central, uma vez que a já referida dimensão dos municípios algarvios evitou transformações radicais que pudessem exaltar as populações.
A extinção dos concelhos de Alvor e Sagres não provocou qualquer protesto conhecido, enquanto Aljezur e Castro Marim, concelhos extintos em 1836, viriam a recuperar o estatuto municipal no ano seguinte.
Em 1842, data da publicação do segundo Código Administrativo português, estavam já consolidados os quinze concelhos que viriam a chegar ao século XX.
Mouzinho da Silveira, depois de ordenados os concelhos cria, acima destes, duas ou três circunscrições administrativas: as províncias (que eram 8) e as comarcas (em número de 40) embora estas diferissem completamente das velhas comarcas do Antigo Regime.
As vias de comunicação que o Algarve teve, com realce na época, o mar isto até final do século XIX. Foram os caíques e os iates os elos de ligação com a capital do reino. A partir de 1853, os vapores de carreira, nem sempre regulares, asseguravam, também, as ligações.
Além do transporte marítimo de passageiros entre Lisboa e os portos do Algarve havia o transporte misto, ou seja, rodoviário pela Estrada Real nº 78 até Vila Real de Santo António, fluvial pela subida do rio Guadiana até Mértola, novamente rodoviário até Casével para, depois de uma viagem de comboio até ao Barreiro, atravessar o rio num vapor que, tal como hoje, em cerca de 35 a 40 minutos, nos colocava no Terreiro do Paço.
A estrada litoral do Algarve, ou Estrada Real nº 78, era um conjunto de troços que rira ligar Lagos a Vila Real de Santo António. As obras na estrada começaram pelo lanço de Faro a Tavira a 29 de Setembro de 1856.
Em 1873, estava em estudo a estrada real entre Vila Nova de Portimão e S. Bartolomeu de Messines. Foi considerada a via moderna de acesso ao Algarve. Foi por ela que entraram no Algarve os primeiros automóveis.
Os dois lanços que constituíram a estrada de Lagos a Portimão concluíram-se no 2º trimestre de 1874.
O Algarve, considerado “a última Riviera mediterrânea” com uma clássica divisão em Litoral, Barrocal e Serra é a única unidade geográfica claramente individualizada do território português, tendo a Serra contribuído para o seu isolamento em relação ao restante espaço nacional.
A história, aqui circunscrita no que concerne a vias de comunicação, interroga-se pelo facto de virmos a ter, em Abril do próximo ano, portagens na “nossa” Via do Infante (A22) por ter “passado” a SCUT (sem custo para o utilizador). Realmente a designação tem verdade no desígnio uma vez que a maioria do seu trajecto foi pago pela EU (VRSAntónio a Alcantarilha) ou seja o Estado português não despendeu dinheiro com a sua obra.
Facilitaria os imbróglios, que criaram com a obrigação de pagamento nas SCUT, se o Algarve já estivesse com Regionalização em curso. Até lá poderemos funcionar como região piloto!
O NÃO ao pagamento de portagem, para que sejamos coerentes com as restantes SCUT deveria circunscrever-se a esse trajecto ficando, então, portagado o percurso de Alcantarilha a Lagos (com isenção para os residentes).
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* Presidente da Assembleia de Freguesia de Alvor / Presidente da ADSBA
O Algarve, herdado da Monarquia Absoluta, conquistado em 1249 resultado de uma ofensiva na região meridional de Portugal, fruto de uma colaboração entre a monarquia e a Ordem de Santiago (em termos ainda hoje discutidos pela bibliografia), foi das regiões do país que se manteve desde o “antigo regime” com a sua estrutura administrativa estável.
O reordenamento administrativo do território, levado a cabo pelo Liberalismo, a partir de 1834, provocou enormes protestos por todo o país, devido, em boa parte, à extinção dos pequenos concelhos. No Algarve, as reacções ao reordenamento territorial assumiram um carácter de rivalidade entre alguns concelhos, mas não determinaram grandes «guerras» com o poder central, uma vez que a já referida dimensão dos municípios algarvios evitou transformações radicais que pudessem exaltar as populações.
A extinção dos concelhos de Alvor e Sagres não provocou qualquer protesto conhecido, enquanto Aljezur e Castro Marim, concelhos extintos em 1836, viriam a recuperar o estatuto municipal no ano seguinte.
Em 1842, data da publicação do segundo Código Administrativo português, estavam já consolidados os quinze concelhos que viriam a chegar ao século XX.
Mouzinho da Silveira, depois de ordenados os concelhos cria, acima destes, duas ou três circunscrições administrativas: as províncias (que eram 8) e as comarcas (em número de 40) embora estas diferissem completamente das velhas comarcas do Antigo Regime.
As vias de comunicação que o Algarve teve, com realce na época, o mar isto até final do século XIX. Foram os caíques e os iates os elos de ligação com a capital do reino. A partir de 1853, os vapores de carreira, nem sempre regulares, asseguravam, também, as ligações.
Além do transporte marítimo de passageiros entre Lisboa e os portos do Algarve havia o transporte misto, ou seja, rodoviário pela Estrada Real nº 78 até Vila Real de Santo António, fluvial pela subida do rio Guadiana até Mértola, novamente rodoviário até Casével para, depois de uma viagem de comboio até ao Barreiro, atravessar o rio num vapor que, tal como hoje, em cerca de 35 a 40 minutos, nos colocava no Terreiro do Paço.
A estrada litoral do Algarve, ou Estrada Real nº 78, era um conjunto de troços que rira ligar Lagos a Vila Real de Santo António. As obras na estrada começaram pelo lanço de Faro a Tavira a 29 de Setembro de 1856.
Em 1873, estava em estudo a estrada real entre Vila Nova de Portimão e S. Bartolomeu de Messines. Foi considerada a via moderna de acesso ao Algarve. Foi por ela que entraram no Algarve os primeiros automóveis.
Os dois lanços que constituíram a estrada de Lagos a Portimão concluíram-se no 2º trimestre de 1874.
O Algarve, considerado “a última Riviera mediterrânea” com uma clássica divisão em Litoral, Barrocal e Serra é a única unidade geográfica claramente individualizada do território português, tendo a Serra contribuído para o seu isolamento em relação ao restante espaço nacional.
A história, aqui circunscrita no que concerne a vias de comunicação, interroga-se pelo facto de virmos a ter, em Abril do próximo ano, portagens na “nossa” Via do Infante (A22) por ter “passado” a SCUT (sem custo para o utilizador). Realmente a designação tem verdade no desígnio uma vez que a maioria do seu trajecto foi pago pela EU (VRSAntónio a Alcantarilha) ou seja o Estado português não despendeu dinheiro com a sua obra.
Facilitaria os imbróglios, que criaram com a obrigação de pagamento nas SCUT, se o Algarve já estivesse com Regionalização em curso. Até lá poderemos funcionar como região piloto!
O NÃO ao pagamento de portagem, para que sejamos coerentes com as restantes SCUT deveria circunscrever-se a esse trajecto ficando, então, portagado o percurso de Alcantarilha a Lagos (com isenção para os residentes).
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