Investigação e inovação em Trás-os-Montes

Projecto da UTAD quer cristalizar fruta sem açúcar

Objectivo é produzir alimentos mais saudáveis

Um grupo de investigadores da Universidade de Vila Real e a fábrica Douromel querem tornar a fruta confitada mais saudável, ao produzi-la sem açúcar e com fibras dietéticas, noticia a Lusa.

O projecto conjunto da maior produtora de frutos para o tradicional bolo-rei e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) apelidado de «Nutridouro», conta com um investimento de 547 mil, tendo sido aprovado no âmbito de uma candidatura à Agência de Inovação.

Em declarações à agência Lusa, Fernando Milheiro Nunes, docente do Departamento de Química e lidero do projecto, explicou que o «Nutridouro» visa a produção de fruta cristalizada sem sacarose, utilizando outros adoçantes menos calóricos.

No entanto, refere o investigador, ao mesmo tempo serão introduzidos outros ingredientes como fibra dietética para «também aumentar os benefícios para a saúde que podem advir do consumo desses produtos confitados», resultando, no total, numa redução de «um quinto» das calorias deste produto.

O resultado será um produto mais saudável a pensar nos diabéticos e em quem pretende manter a linha sem dispensar os doces.

O responsável referiu ainda que, em termos práticos, os investigadores sabem que conseguem substituir a sacarose, mas a questão é saber que se mantém a qualidade do produto, razão pela qual também vai ser conduzida uma análise sensorial dos novos produtos.

Para esse efeito, a UTAD está, de momento, a treinar um painel de análise sensorial que vai permitir equiparar os produtos tradicionais com os novos que estão a ser desenvolvidos.

Outra vantagem apontada pelo investigador é o tempo de duração da fruta que aumenta, podendo conservar-se um ano ou ano ao contrário do que acontece com os atuais produtos que perdem a validade logo após a sua época.

No mercado, estes novos produtores serão mais valorizados, podendo ficar mais caros entre 30 a 50 por cento, dependendo do ingrediente que será utilizado, mas, segundo Fernando Nunes, os consumidores e clientes da Douromel têm-se mostrado muito curiosos.

A equipa da UTAD, que integra seis investigadores do Laboratório de Química e Qualidade Alimentar e Grupo de Cadeias Agroalimentares Sustentáveis, vai também estudar o aproveitamento dos subprodutos, como as caldas que poderão ser transformadas em compotas dietéticas.

Ou ainda utilizar os restos da laranja, cidrão, abóbora, nabo, figo, cereja ou pêra como fonte de outros ingredientes alimentares com valor económico acrescentado.

tvi24

-----------------------------------------------------------------------------------------------------

UTAD avaliou índices de radioactividade na região de Amarante

No âmbito de uma tese de mestrado em Recursos Geológicos e Desenvolvimento Sustentável desenvolvida na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) pela mestranda Lisa Martins e co-orientada por Maria Elisa Gomes da mesma instituição e por

Luís Figueiredo Neves, da Universidade de Coimbra, foi realizada uma avaliação do potencial radiométrico nos solos das diferentes litologias, com espectrómetro portátil de raios gama, analisadas 15 amostras de água e determinadas as concentrações de radão em 73 habitações da região, através de detectores CR-39 colocados nos meses de Inverno, porque reflectem melhor o controlo geológico. Este período corresponde aos meses onde se verifica uma menor ventilação das habitações. Relativamente à concentração de radão nas águas da região foram obtidos, em 6 locais, valores acima do máximo admissível de 1000 Bq/l (Recomendação Europeia 2001/928/EURATOM), cujo valor máximo registado foi de 2294 Bq/l.

A análise dos 73 detectores mostra que as elevadas concentrações de radão no período de Inverno ocorrem no granito da zona de Padronelo (média geométrica anual de 430 Bq/m3) presente também no centro histórico, tendo-se verificado que das 73 habitações, 35 apresentavam valores de radão superiores aos recomendados pela legislação nacional, havendo 4 valores anómalos que atingiram 2845 Bq/m3. Este tipo de granito tem algumas diferenças relativamente ao que aflora na zona de Telões e é aquele que apresenta teores mais elevados de urânio. As habitações que assentam sobre os metassedimentos apresentam médias mais baixas de radão (85,1 Bq/m3), sendo que nenhuma destas, excedeu os valores recomendados.

Também a fracturação regional se mostrou neste estudo crucial para interpretar os elevados resultados de radão nos solos, águas e habitações. Foram colhidas amostras sãs e alteradas dos granitos da região, com vista à identificação de minerais acessórios portadores de U e Th, mostrando que a litologia é extremamente importante como factor geológico condicionante na concentração de radão nesta região. Em relação à magnitude dos valores, são significativos, mas ainda assim não tão elevados como noutras zonas do país, mas justificam no entanto que seja dada atenção a esta região como uma daquelas em que o limite de 400 Bq/m3 foi excedido numa percentagem não desprezável das casas.

Assim, o objectivo é definir as zonas mais radiogénicas onde em futuras construções, sobretudo de edifícios públicos, deve ser avaliado o risco deste gás e adoptadas medidas de mitigação. Nas habitações já existentes recomenda-se a ventilação frequente das habitações, devendo efectuar-se este método em todos os pisos das mesmas.


Notícias de Vila Real, 12/01/2010


Comentários

Apenas dois exemplos do muito que se faz em terras transmontanas, em termos de investigação científica, só possível devido à existência de uma Universidade como a UTAD, e do Instituto Politécnico de Bragança.

Está aqui a «massa crítica» transmontana.