Fusão portuária equivale a “roubar dinheiro” ao Porto de Leixões

Lisboa comporta-se como uma "cidade-Estado"

Para Rui Moreira é tudo muito claro: Lisboa quer controlar as duas infraestruturas do Norte que “competem com enorme pujança” com Espanha e Lisboa, o Porto de Leixões e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, criando uma holding dos portos e privatizando a ANA – Aeroportos de Portugal como um bloco.

O presidente da Associação Comercial do Porto (ACP) não poupou nas palavras no debate deste sábado organizado pelo Movimento Partido do Norte (MPN).

Lisboa comporta-se como uma “cidade-Estado” e quer “a fusão [dos portos] para se apropriar dos resultados líquidos do Porto de Leixões”, líder das exportações nacionais em 2010 (e continua a bater recordes), disse. É “roubar dinheiro”, reforçou.

O Orçamento do Estado para 2011 prevê a reavaliação da orgânica do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, sem adiantar mais pormenores, o que tem sido lido (por António Nogueira Leite e pela Comunidade Portuária de Leixões, por exemplo) como um regresso do projecto de criação de uma holding portuária.

“Deste assunto não vou desistir. Se há momento em que é preciso ir para a rua é este”, disse Rui Moreira, que lembrou que o Porto de Leixões “foi pago” pelos empresários da região e deve o seu sucesso a uma gestão capaz e a uma política de reinvestimentos em infraestruturas que o torna mais forte do que outros portos nacionais. Esta liderança nacional está em risco se a fusão avançar, alerta.

Aposta na ferrovia

Também presente no debate, o presidente do Conselho Económico e Social, Silva Peneda, defendeu que uma ligação ferroviária de mercadorias entre o Norte de Portugal e o resto da Europa, “sem passar por Madrid”, seria mais vantajosa do que os investimentos previstos nas linhas de alta velocidade.

“O fundamental é vencer os Pirenéus”, concordou Rui Moreira, defensor de um “pipeline para a Europa” em ferrovia.

Silva Peneda falou também sobre a regionalização, a principal bandeira do MPN, considerando que a ideia “pode conquistar a opinião pública se se convencer as pessoas de que vai permitir reduzir a despesa”.

O ex-ministro do Trabalho de Cavaco Silva, que votou contra o mapa das regiões referendado em 1998, defende a regionalização, desde que vista como uma “peça da reforma do Estado no seu todo”.

|Pedro Rios|
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