A ecoimigração: Monchique (Algarve), abandonado pelos portugueses, um paraíso para os estrangeiros

Excertos do resumo do estudo «A Eco imigração: uma dinâmica migratória para espaço rural» da Dr.ª Maria Luísa Francisco:


«Após estudo exaustivo sobre a imigração em Monchique a autora mostra que esta área tem presente duas dualidades em relação á evolução da população humana nesse local, por um lado assiste-se à desertificação por parte das populações locais e por outro ao repovoamento por parte de imigrantes estrangeiros que procuram o contacto mais próximo com a natureza.

A autora não encontra uma definição de emigrante ecológico ou de ecoimigração, uma vez que o prefixo “ Eco” pode estar relacionado com a economia ou com a ecologia. Tornou-se então imperativo definir o conceito de ecoimigração, na medida em que surge um novo fenómeno de imigração que poderá suscitar novas leituras, quer no campo económico e ecológico.

Atendendo a este fenómeno a autora resolve definir ecoimigração como “ uma imigração de populações com elevado nível económico, cultural e académico para espaços significativos de valor ecológico, predominantemente em áreas rurais, numa lógica de desenvolvimento pessoal e sustentável”.

A área estudada, concelho de Monchique ocupa uma superfície de 395,8km2 do Noroeste do Algarve. A população residente segundo os censos de 2001 era constituída por 6974 habitantes (3577 homens e 3397 mulheres). Monchique é conhecida internacionalmente na comunidade científica (botânica e geologia) devido às suas valências naturais que a denominam como a “Sintra do Algarve”, porém a abordagem sobre a ecologia humana e das ciências humanas está pouco explorada.

A análise das populações que se instalaram recentemente no concelho e que procura equacionar as suas vivencias em equilíbrio com o meio ambiente, levou a designação de ecoimigrantes. Esta tendência de novos imigrantes não abrangeu somente o concelho de Monchique como se proliferou pelos concelhos limítrofes do Algarve. Todavia o concelho de Monchique, pelas suas características ecológicas tem atraído um vasto número de estrangeiros que possibilita o fruimento do turismo, especialmente o Ecoturismo, sendo que este é uma das especificidades do turismo mais responsável, consciente e amigo do meio ambiente.

O modo de vivência desta população estrangeira residente no concelho de Monchique entra em sintonia com o regresso à “ruralidade”, a plena comunhão entre a natureza e o homem. Nesta base não está implícito o aspecto económico mas sim, a cultura e a identidade. A prática do turismo em espaço rural, por parte dos residentes estrangeiros é considerada muito mais responsável e sensível às questões ecológicas, a sua proveniência, nível de formação, permite-lhes ter uma postura diferenciada em relação ao meio ambiente do que as populações rurais em geral. Depreende-se o porquê de muitas iniciativas de turismo em espaço rural, sejam exploradas por residentes estrangeiros.

A fixação de estrangeiros em algumas regiões do nosso país e em especial da serra de Monchique leva a que estes locais sejam novamente repovoados, casas em ruínas recuperaras e ao não abandono de populações mais idosas que se encontrem isoladas. Na realidade de Monchique estão presentes duas tipologias de residentes estrangeiros: os permanentes (instalam-se e fomentam negócios), os temporários (têm casas próprias ou de amigos ou arrendadas por agencias especializadas em residências de luxo) Segundo o estudo da autora a qualidade ambiental de Monchique é a grande alavanca da procura deste tipo de residentes, que procuram a simbiose entre o sossego e a natureza. A proveniência dos estrangeiros é na sua maioria da Europa Ocidental, de países como o Reino Unido, Alemanha e países escandinavos, são essencialmente reformados com mais de 65 anos, alto nível de escolaridade e rendimentos acima da média do nosso país.

Dentro do concelho predominam também diferenças nos tipos de residentes estrangeiros, em Fóia e Caldas de Monchique os residentes estrangeiros possuem características, gostos e exigências “caras”, remetendo-os para as classes elevadas. Em contraposição existe residentes estrangeiros que residem noutras freguesias e que são completamente desprendidos de bens materiais e nalguns casos uma vivência tipicamente hippies, fixando – se em zonas mais remotas do concelho revelando uma total despreocupação na falta de acessos e infra-estruturas e nalguns casos à falta de água canalizada e electricidade.

Um desses casos é o dos Índios que se instalaram junto a uma ribeira e uma fonte, considerando estes os bens mais importantes que possuem. Estão perfeitamente integrados no meio que adoptaram e consideram a “natureza a grande escola”, vivem um imaginário índio, onde “ reconstruíram a sua história e reconfiguraram o seu projecto étnico, onde não é obrigatório estar em terras de índios para se «ser Índio», vivem num espaço fora do tempo e mesmo quase um não lugar, mostrando uma nova forma de ver e viver mundo com outro sentido de lugar.”»


(continua)

Comentários

Anónimo disse…
Caros Rgeionalistas,
Caros Centristas,
Caros Municipalistas,

No nosso País está ao abandono TUDO o que devia ser feito em nosso prestígio e benefício.
Tem sido obra todo este trabalho político de quem tem governado o País.
Não pode ter existido, ao longo dos tempos, nos Órgãos de Soberania, maior índice de sentido cívivo, estratégico e político que o enunciado antes.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)