O Barco vai Tombar!

por Nuno Laginhas

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Há dias, o bispo do Porto falou em macrocefalia de Lisboa para caracterizar a centralidade da capital portuguesa na vida política e económica do país, agonizando, desta forma, o desenvolvimento do país.

Desde longa data que tenho defendido a regionalização como organização administrativa que permita uma redistribuição financeira mais equitativa por cada região.

Agora com a crise bem acomodada no nosso país e com a "mania" de reestruturar tudo, poderia ser o momento de colocar na agenda política a regionalização, em vez de se andar preocupado com migalhas como a extinção ou não de freguesias.

Ora bem, durante anos e anos, assistiu-se a grandes investimentos públicos feitos na região da capital portuguesa, Lisboa e Vale do Tejo, e desta região até ao Litoral Norte de Portugal. Investimentos esses feitos recorrendo aos impostos de todos os portugueses, ao endividamento do Estado e a fundos comunitários.

Primeiro ponto, quem não reside na região macrocefálica ficou prejudicado, pois os seus impostos em nada o beneficiaram. Por exemplo, quantos residentes do interior de Portugal utilizam com frequência o metro de Lisboa ou até do Porto. Caso esse investimento não fosse feito pelo Estado português, poder-se-ia ter direccionado o investimento para a criação de indústria no Interior de Portugal.

Segundo ponto, o endividamento do Estado. Servirá agora de exemplo mais imediato os transportes públicos de Lisboa, a Carris. Esta empresa serve única e exclusivamente a região de Lisboa, mas os prejuízos apresentados são pagos pelo Estado português. Será correcto que nas restantes cidades do interior não exista transportes colectivos públicos financiados pelo Estado?

A verdade é que será necessário uma melhor distribuição da "riqueza", agora já escassa, por cada região do país, havendo uma discriminação positiva para a região do Interior de Portugal, de forma a equilibrar o barco.

Atendendo ao artigo "A Meia Sardinha...", num futuro próximo, os residentes do Interior de Portugal só terão duas hipóteses de sobrevivência, ou emigram (tal como é vontade deste Governo) ou vão à procura de outras oportunidades para o Litoral, tal como aconteceu na época salazarista.

Numa ou outra hipótese, a verdade é que, mais uma vez, se assistirá a uma desertificação do Interior. Como confirmação deste futuro, o Governo já decidiu suspender a actividade nocturna no helicóptero do INEM sediado em Aguiar da Beira.
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Comentários

Al Cardoso disse…
Se e verdade que os governos anteriores nunca benificiaram a provincia, (nao gosto da palavra interior) este com as medidas avulsas que vai tomando, em nada abona da sua governacao, em favor das regioes mais desfavorecidas!
E triste termos que admiti-lo, mas nao ha duvida nenhuma, que estas governacoes que temos tido so pensam nos votos politicos e o resto e cantiga!

Um bom 2012, dentro do possivel e, uma saudacao regionalista.
Anónimo disse…
Só pensam nos votos políticos???
Quem?
Quando?
Hoje? Este ano?
Depois de junho?
Assim não dá para entender!