A JUVENTUDE TRANSMONTANA PODE MUDAR O FUTURO DA REGIÃO ...

Das palavras aos atos

O nosso JN tem vindo a dar um bom exemplo ao longo dos últimos meses de como é que se passa das palavras aos atos. Sendo um jornal nacional com sede no Porto e especial bandeira de toda a Região Norte, o JN tem vindo a percorrer os vários distritos desta Região, mostrando que ser do Porto ou ter sede no Porto, para o Norte, não é a mesma coisa que ser de Lisboa, ter sede em Lisboa e daí pensar o país todo.

Eu próprio fui testemunha e até ator desta presidência aberta nortenha do JN ontem e durante todo o mês de abril na Região de Trás-os-Montes e Alto Douro. Antes de aqui deixar um registo essencial e resumido do que lá fui dizer, gostaria de começar por vos dar conta do que ontem fui aprender a Vila Real.

Em primeiro lugar, aprendi que é mentira que a juventude desta região esteja completamente alheada da defesa dos seus interesses, que é o mesmo que dizer, da discussão do seu futuro. Dezenas de jovens ajudaram a encher por completo a Aula Magna da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, assistindo de uma forma que eu não julgava possível às várias comunicações e ao debate durante mais de três horas.

Em segundo lugar, aprendi (e aqui acredito que o desconhecimento era pura ignorância minha) que há uma comunidade intermunicipal no Douro que está disposta a vender cara a sua resignação e tem responsáveis que estão muito longe de se deixarem encantar pelas sereias do centralismo lisboeta, usem eles saias ou calças da melhor fazenda inglesa.

Contrariamente ao que eu poderia pensar se tem havido algum silêncio em relação a temas candentes para a Região, como a paralisação da construção do túnel do Marão, a ideia de encerramento definitivo da Linha do Tua, ou a tentativa de divisão Norte/Sul desta comunidade duriense, pode ser culpa da comunicação social centralizada em Lisboa, mas não é por falta de arreganho e garra dos principais interessados.

Em terceiro lugar, aprendi que há um movimento de colaboração muito promissor entre os autarcas da Região, as empresas transmontanas que não desistiram de o ser e os quadros dirigentes da UTAD, bem contrário do que acontece noutros pontos do país, onde as autarquias são bem mais poderosas, as empresas bem mais numerosas e as universidades bem mais apetrechadas.

É minha firme convicção que os anos que passaram desde que o diagnóstico das escandalosas assimetrias regionais entre Lisboa e o resto do país, as duas grandes áreas metropolitanas e as cidades mais pequenas, as regiões do litoral e o interior desertificado, não oferecem a mais pequena dúvida, são suficientes para perceber que assim não vamos lá.

Quis com isto dizer que depois de testada a ditadura e a democracia, a Constituição original e a revista, os governos mais à esquerda ou menos à esquerda, as maiorias absolutas ou relativas, as coligações e os governos de partido único, a situação não conheceu qualquer tipo de melhoras, pelo que importa reconhecer que em termos de desenvolvimento regional não há mais nada a esperar deste sistema político e destes agentes políticos.

Com base nestas premissas, a conclusão que partilhei com a plateia transmontana foi a de que no atual momento da vida deles pode haver escapatória para casos individuais, com alguns mais atrevidos a conhecerem o sucesso fora de portas ou até para além das fronteiras, mas não é possível encontrar um caminho livre que possa alinhar os egoísmos e contribuir para uma melhoria coletiva das condições de vida dos transmontanos.

Especialmente para os jovens, o meu conselho foi de que fossem capazes de assumir a consciência e identidade regionais, juntando-se e associando-se na maior escala possível e que partissem para formas de luta e de demonstração da indignação pelo que o futuro lhes reserva hoje, sem olharem aos freios que o centralismo lisboeta lhes estende, a começar por essa cartilha ideologia agrilhoante a que alguns continuam a chamar Constituição da República.

Boa sorte, Trás-os-Montes. Boa sorte, juventude transmontana e cá me perfilarei para assistir de pé à vossa vitória. Caso ousem vencer, em vez de continuarem a esperar resignados.
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Comentários

Anónimo disse…
Por acaso gosto de Fernando Serrão, mas li o artigo todo e fiquei sem perceber nada. O centralismo não é bom, até concordo, mas o resto que disseste não percebi mesmo.
A constituição é má, é demasiado socialista ou comunista é isso?
Podias ser mais direto a falar.
mas não é possível encontrar um caminho livre que possa alinhar os egoísmos e contribuir para uma melhoria coletiva das condições de vida dos transmontanos O que é suposto isso querer dizer? Não percebo NADA. O que queres dizer com egoismos, e o caminho livre que falas é o quê? Se for pa falar, faz te ENTENDER HOMEM! Não o faças só para que a tua imagem seja intelectual, a teu ver.
Paulo Costa disse…
Um dos problemas destes articulistas, muitas vezes pressionados pela necessidade de fazer a tempo e horas um artigo de opinião, é a falta de clareza nas suas ideias.