“Não achamos nada ambicioso vir a exportar mais de 50%”, entende o presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV). Apesar de vinho verde ser “um vinho que luta com muitos preconceitos”, a verdade é que ele é “a estrela das exportações de vinho do nosso país”, justifica Manuel Pinheiro.
O responsável, que falava na abertura da cerimónia de entrega dos prémios “Os Melhores Vinhos Verdes 2013″, esta sexta-feira à noite, no Palácio da Bolsa, no Porto, desafiou os produtores – estiveram presentes no jantar de gala cerca de 400 pessoas – e enólogos a continuar a inovar, para que a região tenha “uma viticultura mais competitiva”.
Em 2013, os 5 melhores vinhos verdes foram os vinhos Dom
Ponciano, Via Latina (casta Alvarinho), Quinta das Almas e Quinta de Linhares
(casta Avesso) e Casal de Ventozela (casta Loureiro). Os seus produtores
receberam das mãos de um júri internacional os prémios “Best Of”, a categoria
mais alta do concurso organizado pela CVRVV.
Luís Ramos Lopes, director da Revista de Vinhos, foi
porta-voz desse grupo e anteviu uma tendência. “Se a região tiver a mesma
atenção com o Avesso que teve com o Alvarinho e o Loureiro, o Avesso pode ser
uma mais-valia para os Vinhos Verdes”. Apesar de os jurados terem feito provas
cegas dos vinhos a concurso – cerca de 240 – o jornalista disse estar certo de
que os vinhos monovarietais que mais o tinham impressionado eram os dessa
“casta mal comportada” e difícil.
O concurso “Os Melhores Vinhos Verdes 2013″ premiou, ainda,
com Ouro 12 colheitas seleccionadas por um júri nacional. Nesta categoria,
brilhou a Quinta da Lixa, da sub-região do Sousa, que levou para casa 4
galardões dourados: Branco (lote), Vinhão, Loureiro e Alvarinho.
A Casa de Vilacetinho venceu o Ouro por 2 vezes com os seus
Colheita Seleccionada Alvarinho e Azal. Os restantes prémios foram para os
vinhos Praça de S. Tiago – Colheita Seleccionada Espadeiro, Quinta de Linhares
Avesso, Quinta da Levada Azal, Alvaianas, Adega Velha e Conde Villar.
Esta foi uma das maiores edições de sempre do concurso “Os
Melhores Verdes 2014″, com o maior número de marcas a concurso de sempre, e
produtores e enólogos a darem “uma prova de abertura e coragem”. Conforme
sublinhou, no início da cerimónia, Manuel Pinheiro, os produtores não sabem até
ao minuto em que o seu nome é anunciado se foram premiados ou não. A edição
deste ano dos prémios ficou ainda marcada por uma grande participação de vinhos
monovarietais.
“A viticultura é um dos maiores desafios que a região
enfrenta. Em 2013, recordo-vos, tivemos 153 milhões de litros parados. Hoje,
estamos na situação oposta. As vendas crescem. Estamos a produzir 4 toneladas
por hectare, mas não chega. Precisamos que a viticultura produza mais”, afirmou
o presidente da CVRVV.
A região dos Vinhos Verdes “no ano 2000 exportou 15%” da sua
produção. Em 2013, o ano fechou com “40% de exportações”. A evolução do negócio
leva Manuel Pinheiro a acreditar que é possível, talvez ainda este ano,
ultrapassar a fasquia dos 50%.
“Um grande número dos nossos exportadores não estavam com a
mesma geração há 10 anos”, sublinhou ainda o responsável, sublinhando a
importância que a renovação geracional tem tido nas quintas da região e nos
processos de inovação.
Os vinhos “Best Of” de 2013 serão os embaixadores do Vinho
Verde nas principais acções internacionais da CVRVV, nomeadamente, nas
degustações realizadas em mercados estratégicos como o Brasil, EUA, Canadá,
Suíça, Suécia, Reino Unido e Alemanha. “O que nós temos para crescer nesses
mercados é muito mais do que aquilo que temos crescido até aqui”, vaticinou,
confiante, Manuel Pinheiro.
Presente na cerimónia, o secretário de Estado da
Agricultura, José Diogo Albuquerque, comentou que “o objectivo de atingir os
50%” era “meritório” e podia “ser alcançado”. “Podem contar connosco”,
prometeu.
Nos últimos anos, a região tem vindo a investir no plantio
de novas vinhas, numa média de 800 hectares por ano, por forma a reforçar essa
capacidade exportadora do Vinho Verde.
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