A Carris, Lisboa e os subsídios

A Carris tal como o Metro são empresas que fornecem transportes na área de Lisboa e que têm os seus défices cobertos por transferências do Orçamento do Estado. Concretizando: são pagas pelos contribuintes de todo o país e não, como seria mais acertado, apenas pelos contribuintes que residem em Lisboa.

A situação, como se compreende, não é pacífica: Vital Moreira já escreveu por várias vezes que não faz sentido que seja o país inteiro a pagar os défices de exploração de empresas que prestam serviços em Lisboa.

Vital Moreira tem razão.

Mas vamos ver a questão no seu todo: em nome da regionalização, da desconcentração, descentralização e de outras coisas acabadas em ão criou-se um monstruoso mecanismo de redistribuição de fundos entre municípios e regiões que permite os mais variados jogos e esquemas na afectação de fundos públicos.

As regiões mais desfavorecidas ocuparam o lugar dos cidadãos mais desfavorecidos que quer morem em Mértola ou na Cova da Mouro devem ser tratados da mesma forma; e que têm um direito constitucional a prestações públicas que funcionam como redistribuição de rendimentos.

Por isso o munícipes de Lisboa devem pagar o défice do Metro e da Carris e tal como os de Alguidares de Baixo devem pagar o pavilhão multi-usos que depois ninguém usa construído pelo seu dinâmico Presidente da Câmara. Simplificando, responsabilizando e passando da redistribuição entre regiões pela redistribuição entre cidadãos

J.L.Saldanha Sanches no "Carmo e a Trindade"

Comentários

Muito bem, Dr. Saldanha Sanches! Vital Moreira tem apenas PARCIALMENTE razão!


Ver o argueiro apenas no olho alheio não é sério e em nada ajuda à compreensão da situação actual.


Os "contribuintes de todo o País" (excepto das Regiões Autónomas, convém NÃO ESQUECER) pagam os Metros de Lisboa e do Porto, a Carris e os STCP, as EXPO's e os Centros Culturais de Belém e a Casa da Música, mas também os tais Pavilhões multi-usos que ninguém usa, as estátuas e jardins para as rotundas em que ninguém passa, as piscinas e complexos desportivos onde não se pratica desporto, os luxuosos estádios de futebol sem jogos, as SCUT's do Interior sem tráfego e até... as benesses autonómicas dos Açores e da Madeira (NÃO ESQUECER TAMBÉM!).


Ora, no meio de tudo isto, clamar pelo rigor e transparência das contas nacionais é urgente, para que um dia não se comece, a propósito da CARRIS, ou da CP, a questionar tudo o resto!


E rigor e transparência orçamentais são, em muito, facilitados pela Regionalização, como toda a Europa já percebeu.


Mas em Portugal parece que há quem goste de viver na barafunda. Depois não se queixem...
Anónimo disse…
Julho de 2010- Curioso como este princípio do Utilizador, tão falado a propósito das SCUTS não é sequer aboradado hoje: jornalistas, políticos, comentadores, etc. Só tenho que adicionar: acabem com TODAS as transferências do orçamento para sectores deficitários pois é a única maneira justa de evita que o dinheiro de Todos sirva para pagar usufruto de alguns. E ainda me vêm falar em demagogia, sem terem noção do significado da palavra...