A propósito dos políticos Elitistas, dos Populistas e Outros

por, Anónimo pró-7RA.


Entre elitistas, populistas, optimistas e pessimistas, a única certeza que temos é que o desenvolvimento do País continuará irremediavelmente atrasado, se insistir em enveredar por projectos políticos pessoais ou por preferir decisões políticas casuísticas.

Começando pelo princípio, os políticos "elitistas" não se compaginam com qualquer tipo de cedência à intensificação da defesa dos seus interesses, seja qual for a sua natureza, onde a regionalização só poderá ter lugar politico se for assegurada a continuidade "elitista e dinástica" nas regiões a implementar, de preferência administrativas, num enquadramento neoliberal técnica e sofisticadamente elaborado.

Não é por aqui que a regionalização se pode apresentar como um projecto político de desenvolvimento autosustentado e integrado, onde toda a actividade política se traduz num casuísmo um pouco mais sistemático, do ponto de vista técnico, mas sempre com denominador na defesa de interesses particularizados. Não existe, com este tipo de comportamento político, qualquer laivo de credibilidade junto das populações.

Relativamente aos "populistas", é notória a inconsistência política das propostas que pretendem apresentar à clientela política, onde o casuísmo é a regra básica da sua actuação política para satisfação de interesses ou exigências igualmente particularizadas, num ambiente neoliberal sem qualquer constrangimentos, tecnicamente emobrecido e que as maiorias absolutas acabam por transformar em autênticas ditaduras de roupagem democrática. Não é por aqui também que a regionalização pode ter uma abertura responsável e duradoura para a sua implementação no território continental nem para o seu aperfeiçoamento nas regiões autónomas insulares. A credibilidade, com este tipo de comportamento político, resvala sempre para as ruas da amargura, como se tem repetidamente verificado, desprezando a credibilidade política.

A parte mais controversa desta análise reside provavelmente no caso dos "optimistas", característica bem própria dos políticos que exercem o poder, ao viverem na tentação (não é ilusão porque eles sabem o que estão a fazer) de o conteúdo das suas mensagens do "tudo bem no melhor dos mundos" passar uma tangente à irresponsabilidade política. Esta irresponsabilidade política, às vezes, é tanto maior quanto as mensagens optimistas se encontram desfasadas da realidade crua e dura que as populações vivem permanentemente, continuando a verificar que a luz que ainda vêem ao fundo do túnel continua a ser a do comboio.

Também com este comportamento, dirigido para as parangonas da comunicação social e para destinatários que só gostam de ouvir tais tipologias de mensagens como se fosse música erudita, não conseguem credibilidade junto das populações (o tal eleitorado que devia eleger pessoas e não somente os filiados em partidos), nem se vislumbra interesse estratégico num projecto político da envergadura da regionalização administrativa quanto mais autonómica (basta analisar a última legislação sobre áreas metropolitanas, comunidades intermunicipais, etc.).

Os "pessimistas", se não exagerassem na persistência das suas mensagens sempre negativas (porque nem tudo é tão negativo como às vezes propalam, felizmente), poderiam ver aceite com maior razoabilidade o conteúdo das suas mensagens que relatam a permanência de problemas em realidades sociais que afectam muitas vezes a vida das populações. E quando essa razoabilidade toma assento nas suas intervenções, existe uma capacidade de entendimento por parte das populações ou de uma grande parte delas, com grande capacidade da sua mobilização para a resolução dos problemas tidos como politicamente importantes.

Este tipo de comportamento pode, em certas circunstâncias, ser receptivo à aceitação e proposição de projectos políticos da dimensão e importância da regionalização, se não forem ponderados por uma partidarismo execerbado e inflexível a uma convergência de posições políticas. Neste caso, poderia dar um contributo à regionalização tanto administrativa como de preferência autonómica e, por esta via, apresentar soluções para eliminar o nosso atraso crónico em termos de desenvolvimento.

Se tais comportamentos abundam no espectro politico-partidário do nosso País e têm impedido tomadas de posição política e estratégica rumo ao desenvolvimento político, económico, social, cultural e de outros tipos, o "casuismo" nas decisões é de uma irresponsabilidade política tal que justificava uma imputabilidade compatível com a realização de eleições intercalares e destinada unicamente a remover os seus executivos "casuísticos" do exercício do seu do poder político, o qual não é um poder absoluto mas mandatado.

Neste enquadramento se encontra o designado "projecto político pessoal". Este último tipo de projectos não incorpora qualquer tipo de estratégia política de médio e longo prazo, a não ser de natureza pessoal, para os quais devemos sensibilizar a nossa especial atenção face aos resultados que já demonstraram na sociedade portuguesa. Antes de serem pessoais, os projectos terão de ser genuinamente políticos, isto é, voltados directamente para a defesa dos interesses das populações, através da eleição de altos desígnios nacionais a prosseguir sem hesitações, num quadro de inteira subsidiariedade nacional para eliminação das assimetrias e das mega centralidades existentes, as quais acabam por "megar" tudo sem as suas populações o pedir, enquanto as populações do resto do País têm de EXIGIR: investimentos, emprego, melhor nível de vida material e cultural, etc., etc.

Tais desígnios são fáceis de eleger, à semelhança do que repetidamente tenho escrito neste blogue e que mais uma vez, sem qualquer cansaço, o faço novamente:
(a) Soberania Nacional
(b) Desenvolvimento Económico e Social
(c) Conhecimento e Tecnologia
(d) Equilíbrio Social

Por tudo o que foi referido, já conseguimos vislumbrar o triste espectáculo dado pela política à portuguesa e, ao afirmá-lo, não estou a referir-me sequer às mais recentes diatribes partidárias, nem mesmo de longe, infelizmente.

Assim não fosse, mas continua a ser, infelizmente.


PS - Apresente-se primeiro um projecto político e, depois, escolham-se as personalidades políticas melhor capacitadas para o realizar. Que melhor projecto político pode ser apresentado às clientelas partidárias e, depois, às populações, que o da regionalização autonómica, baseado na criação e implementação das 7 Regiões Autónomas?

O melhor pelas seguintes razões:
a) Não é mais do mesmo,
(b) Permite inovação nas soluções,
(c) Exige melhores e mais conhecedores protagonistas políticos,
(d) Obriga a conhecer e a calcorrear as regiões do nosso País,
(e) Os representantes a dialogar mais directamente com os representados,
(f) Incentiva a aprofundar as incompatibilidades funcionais ainda por definir e
(g) A absolutizá-las (as actuais são relativizadas e ainda insuficientes),
etc., etc., etc.
.

Comentários

Miguel Coelho disse…
Caro Anónimo pró-7RA.

Tenho reparado apesar de termos ideia de mapas diferentes, reparo que os nosso argumentos são semenhantes. Assim sendo sugiro que possamos trocar ideias na tentativa acertarmos estrategias para um pais de facto descrentralizado
Anónimo disse…
Caro Miguel Coelho,

Com inteiro gosto que correspondo a qualquer vontade de coopera�o para troca e discuss�o de ideias em torno da regionaliza�o, como o projecto pol�tico por excel�ncia que resta implementar nosso Pa�s.
E afirmo-o assertivamente, sem qualquer d�vida ou constrangimento, considerando-o o instrumento pol�tico mais vantajoso para se atingir os objectivos ou designios nacionais referidos no meu "post" que o Editor deste "blogue" teve a amabilidade de o evidenciar na sua primeira p�gina de ontem.
Por fim, � a derradeira oportunidade de se encarar seriamente a cria�o de condi�es efectivas orientadas especificamente para o desenvolvimento, n�o um desenvolvimento qualquer, mas autosustentado e equilibrado em todas as suas condicionantes ambientais.
Precisamos cada vez mais qualidade e menos quantidade, em todos os dom�nios da pol�tica.
Portanto, ao seu inteiro disp�r.

An�nimo pr�-7RA. (sempre com ponto final)

PS - Atrav�s deste "blogue", pe�o permiss�o para me dirigir ao Senhor Afonso Miguel, de Vilar Formoso, informando-o que no pr�ximo dia 9 de Maio estarei de viagem para Salamanca e gostaria de me encontrar com ele para o conhecer e trocar algumas ideias fundamentais para a regionaliza�o.
Se nos permitirem, agrade�o quemecontacte por esta via. Obrigado.