O CONDADO PORTUCALENSE REVISITADO E REDESENHADO

José Magalhães *

Estou farto! E estou farto de pensar no assunto, e chego sempre às mesmas conclusões. Não saio disto. De uma forma ou de outra é assim que as coisas se me apresentam.

Estamos a ser governados a nível nacional, por pessoas que por certo não serão o que de melhor temos.

Esses, os melhores, estão caladinhos, nas empresas, ocupados a criar riqueza para eles e para mais alguns. E convenhamos, vão-se meter nas governações para quê? Para deixarem de ter vida própria, e a que têm, ser vasculhada e deturpada por toda a espécie de gente? Para receberem pouco e mal, serem apelidados de tudo e mais alguma desde ladrões a fascistas ou outras quaisquer coisas, e trabalharem 24 sobre 24 horas?

Cada vez mais, estou convencido que é mais que necessário dar uma volta muito grande nestas coisas, como por exemplo dar condições para que essas “cabeças” se sintam motivadas para a causa pública. Mas isso…… !!!

Dentro de algum tempo, vai estar de novo em cima de algumas mesas, o “dossier” da regionalização.

Fruto das minhas cogitações, vou dar uma achega para essa contenda.

Sempre fui adepto de uma verdadeira descentralização, mas agora ao ver o que dia-a-dia se passa no nosso país, em que a centralização, seja do que for, é uma palavra de ordem, mais me convenço que isto só lá vai com a regionalização.

Vamos em frente com ela então!

Façamos de Portugal um país com várias regiões autónomas.

Para além das existentes, Madeira e Açores, outras regiões, e de entre elas, a nossa… um “Novo Condado Portucalense”.

Juntemo-nos, e entre Minho, Douro, Trás-os-Montes e também as Beiras, façamos uma região autónoma de categoria, com força negocial.

Os outros, se assim o entenderem, que lutem por terem uma para eles.

Deixemo-nos de “paz podre”, de “não me chateiem” e de “não é nada comigo”.
Vamos á luta. Comecemos com subscrições, com “abaixo-assinados”, com artigos nos jornais, com “blogues” na internet. Discutamos nos cafés e apresentemos os nossos pontos de vista. Forcemos a discussão na televisão, e só aceitemos moderadores capazes e sérios.

Estamos a ser cultural, política e economicamente colonizados, se não mesmo em alguns casos, escravizados.

De tudo se depende do poder central (cada vez mais centralizado), e de negociações, que o governo central faz por si só, e em nosso nome, com a Europa. Somos uma das regiões mais pobres que este continente tem. E só dentro do nosso país, na capital, e em média, cada habitante ganha em cada mês, quase mais 300 euros que os nossos. Só este dinheiro, se existisse nos nossos bolsos, daria para muita gente deixar de passar fome.

Por todo o lado há vendidos ao capital e à capital. O bairrismo moderado desapareceu. Os interesses de uns poucos, sobrepõem-se à maioria. As invejas são o pão nosso de cada dia.

A educação está cada vez mais arredada da nossa juventude. Cada vez mais se sabe menos e cada vez há mais desrespeito pelos outros. Quanto à cultura, nem é bom falar. Cada vez se aprende menos. Cultura geral é coisa do passado. O abandono escolar antes do 9º ano é mais do dobro da existente na Europa. Estuda-se para se ser especializado em nada, e só se sabe desse assunto.

Nem a nossa língua sabemos ler, falar (basta ouvir os “jornalistas” das televisões e das rádios que nos entram pela casa dentro) ou escrever em condições. Se falarmos em contas - mesmo as mais simples, a tabuada ou até as de somar -… é um desastre! Há quantos anos andamos a reformar as reformas do ensino?

Entretanto dizem-me (gente anónima, do povo, com a cultura que a vida lhes dá) que mais parecemos um país onde uma qualquer associação de malfeitores, tenha tomado as rédeas do poder. Fala-se até, nas mesas dos cafés e nas esplanadas onde o perigo de serem escutados é diminuto, quase de boca a ouvido, que há criminosos a protegerem outros criminosos, que há crimes que já não são crimes, e que há bandidos que o eram e já o não são, e que por via disso estão a ser libertados. Ouço ainda, que o Estado, em vez de acabar com a droga nas prisões (fosse de que forma fosse), promove a troca de seringas, legalizando-a implicitamente. Nem queria acreditar, e por isso fui ler os jornais, e a não ser que eu já não o saiba fazer em condições, foi isso que li.
Estamos cada vez mais anestesiados. Olhamos para a maior catástrofe, noticiada nos jornais ou na “tv”, com a mesma indiferença com que vemos um pobre a pedir para comer, medidas deste quilate tomadas pelo governo, ou um espectáculo medíocre que vai passando na televisão.

Já não há valores, nem respeito, nem consideração pelas pessoas.

Para tudo se diz e pensa, primeiro Eu, segundo Eu, depois ainda Eu, e logo a seguir

Eu, e só depois venho Eu e os outros……………… desde que não me incomodem!

Por tudo isto, EU ESTOU FARTO !!!

E como eu, milhares de Portugueses, que à socapa ou mais abertamente, lá se vão insurgindo contra o estado das coisas, mas que ainda não tiveram um catalisador credível para avançarem.

A insatisfação é enorme. As crises, económica e de valores, grassam por todo o lado.
Insurjamo-nos, e procuremos esse catalisador, que anda por aí… que eu sei!

Que vos falta para juntarem a vossa voz à minha?

*Porto

Comentários

Caro António Almeida Felizes,

Muito obrigado pela referência e pela pela projecção dada a este meu texto.

Melhores cumprimentos

José Magalhães
Anónimo disse…
E o Porto passava a ser a capital do tal Condado e mais tarde ou mais cedo as cidades "periféricas" de Aveiro, Coimbra, VIseu, iriam queixar-se da "centralização" e quererem as suas regiões. A história a repetir-se.

Mas também deixo a seguinte observação: porque não meter o mapa de quando todo o Norte de Portugal estava ocupado por Mouros? A única Ibéria com as nossas tradições seria um topo lá para o Norte de Espanha...
Anónimo disse…
Caro José Magalhães,

O seu texto tem características futuristas, a partir do nosso passado histórico, pois será possível criar o novo ondado Portucalense quando um novo Califa tiver como principal objectivo polítivo a conquista na Península Ibérica.
Nessa altura, sim, recomendar-se-à a criação desse Novo Condado Portucalense, a partir das 7 Regiões Autónomas que então já deverão estar implementadas no terreno, com protagonistas políticos de nova geração, a caminho do desenvolvimento equilibrado e autosustentado.
Até lá, não se justifica ir tão longe nas pretensões condais, basta apenas separar o litoral do interior, a norte do Rio Tejo, dar corpo áquelas regiões e aguardar a "chegada" do novo Califa.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Cuidado com as afirmações, perdoem-me o reparo, pois Bin Laden e a Al Qaeda defendem a conquista de Al Andaluz (Centro e Sul da Península Ibérica) num regresso ao período medieval. Não se deve fazer chacota de um problema sério que nos pode afectar e então, eventualmente, José Magalhães terá razão.E depois as pessoas do Norte irão defender os que sempre os discriminaram e maltrataram, os centralistas de Lisboa? Acredito que muitos já não estarão dispostos a isso.
Cumprimentos de
Anónimo disse…
Caro Zangado,

Tais pretensões não são exclusivo do extremista árabe Bin Laden; lembro-lhe que o falecido e anterior Rei da Arábia Saudita (nós também somos um povo de saudades, não esqueça; estamos sempre à espera do aparecimento de D. Sebastião para inciar um futuro de grandeza, mas esta chegou a ser garantida durante o domínio árabe, o qual é, nem mais nem menos, o real padrão comparativo para a nossa desgraça de há centenas e centenas de anos), insuspeito quanto a participação em acções terroristas, não se coibia de acampar junto do Palácio de Alhambra, na cidade andaluza de Granada, depois de despejar a carga de 2 Boeing Jumbo 747.
Por isso, a ideia de conquista da Península Ibérica não é um exclusivo deste ou daquele dignatário árabe, mas faz parte do seu subconsciente colectivo.
Como tal desiderato político não deverá ter lugar nos decénios mais próximos, será de esperar que então já se encontre implementada a regionalziação autonómica e se sinta também a necessidade de refundar o Condado Portucalense, em aliança com as regiões cristãs espanholas, para defesa mais uma vez do território peninsular.
Só conseque ver chacota quem não conseguir perspectivar as condições de evolução do nosso futuro, de acordo com os parâmetros anteriores, os quais são perfeitamente reais e com suporte histórico comprovado.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Anónimo disse…
Nos próximos decénios? Não?!
Eu acho que eles estão prontos para iniciar a guerra santa.
Só esperam luz verde do Obama...
Ou melhor, que o Obama diga que eles não constituem perigo para os EUA e portanto podem alargar o seu domínio a todo o médio oriente e sul da europa.
Penso eu, de que...
Anónimo disse…
Caro Anónimo disse ..., das 07:57:00 PM,

É mau desígnio "apressar" a história, mesmo com os conhecimentos disponíveis sobre as intenções deste ou daquele dignitário árabe ou da sua vizinhança.
Neste caso, vai esperar para ver mas sem pagar.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)